No marco de um ano da pandemia na América Latina, “certamente não estamos fora de perigo”, ressaltou Carissa F. Etienne
Washington D.C., 24 de fevereiro de 2021 – A diretora da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), Carissa F. Etienne, descreveu nesta quarta-feira (24) as Américas como o “epicentro” da pandemia de COVID-19 e apelou à comunidade internacional para tornar o acesso regional às vacinas “uma prioridade global”.
O poder de salvar vidas das vacinas não deve ser um privilégio de poucos, mas um direito de todos - especialmente dos países sob maior risco como os das Américas, que continuam sendo o epicentro da pandemia. Nossa região precisa de vacinas o mais rápido possível e o máximo possível para salvar vidas.”
Carissa F. Etienne, diretora da OPAS
Afirmando que as Américas têm sido a região mais atingida pela pandemia de COVID-19, a diretora da OPAS disse que “milhões continuam vulneráveis à infecção e à morte”. Embora 28 países tenham começado a fornecer vacinas contra a COVID-19 por meio de acordos bilaterais com fabricantes ou pequenas doações de outros países, “isso não é suficiente e não é aceitável”.
Em um desenvolvimento promissor, os países que recebem vacinas contra COVID-19 por meio do COVAX – o mecanismo global que trabalha para garantir o acesso equitativo – receberão centenas de milhares de doses nas próximas semanas, afirmou Etienne.
O Fundo Rotatório da OPAS tem liderado esforços em nome dos países da região para comprar vacinas por meio do COVAX.
No entanto, “apesar das medidas tomadas para entregar vacinas o mais rápido possível, ainda estamos muito atrasados em relação aonde deveríamos estar como região”, disse Etienne. “É por isso que pedimos à comunidade global que faça da vacinação contra a COVID-19 nas Américas uma prioridade global, pois é onde a necessidade e o risco são maiores”.
As distribuições iniciais de vacinas adquiridas pela COVAX aos países da região cobrirão cerca de 2% a 2,5% da população.
A diretora da OPAS lembrou do marco de um ano desde o primeiro caso COVID-19 no Brasil, apontando que mais de 10 milhões de brasileiros já foram infectados e as Américas ainda não achataram a curva, com quase 50 milhões de pessoas infectadas com o vírus nas Américas.
Embora reduções substanciais nos casos de COVID-19 tenham sido notificadas recentemente, muito disso se deve à melhora nos Estados Unidos, onde os casos e mortes diminuíram 30% esta semana em relação à semana passada. Enquanto isso, as condições na América Latina e no Caribe são mistas. Etienne enfatizou que “certamente não estamos fora de perigo”.
Os novos casos diminuíram drasticamente no Uruguai, onde a rápida implementação de medidas de saúde pública reduziu o número recorde de infecções. No Brasil, Colômbia e Equador, o declínio foi menos substancial, com casos de queda de cerca de 4% nesta semana em comparação à semana passada.
Em muitos países, o número de infecções ainda está crescendo. O Peru está sofrendo novos surtos ao longo de sua fronteira amazônica com o Brasil e a Colômbia. No Caribe, Barbados, Santa Lúcia, São Vicente e Granadinas e Ilhas Turcas e Caicos estão registrando um aumento de novas infecções.
“Para controlar o vírus, devemos permanecer vigilantes e comprometidos com as medidas de saúde pública que sabemos serem eficazes - especialmente porque novas variantes circulam na região e podem aumentar a carga sobre nossos sistemas de saúde”, disse a diretora da OPAS. “É por isso que a OPAS continua monitorando a propagação do vírus em nossa região para verificar quaisquer mudanças na transmissão e porque os países devem continuar a praticar o distanciamento social, usar máscaras e evitar reuniões em massa.”
Etienne garantiu que as vacinas contra a COVID-19 adquiridas por meio do COVAX são seguras e eficazes. Essas vacinas são avaliadas rigorosa e exaustivamente pela OMS e, em muitos casos, por autoridades regulatórias nacionais e mostraram reduzir drasticamente as possibilidades de sintomas graves.
“Por meio do poder das vacinas, nossa região eliminou a varíola, a poliomielite, a rubéola e o sarampo”, lembrou a diretora da OPAS. “Com a COVID-19, não será diferente: vacinas seguras e eficazes nos ajudarão a virar a maré desta pandemia, mas apenas se pudermos alcançar os mais vulneráveis, não importa onde vivam ou quem quer que sejam. Ainda precisaremos manter as medidas comprovadas de saúde pública de testes, rastreamento de contato, quarentena, distanciamento físico, higiene das mãos e máscaras até que a pandemia diminua."