Washington, D.C., 10 de dezembro de 2024 (OPAS) — Nesta terça-feira (10/12), a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) informou sobre a situação de três doenças transmissíveis que afetam a região das Américas: dengue, Oropouche e gripe aviária (H5N1). O diretor da OPAS, Jarbas Barbosa, expressou preocupação com o aumento de casos em 2024, mas destacou que existem estratégias eficazes para controlar os surtos e mitigar seu impacto.
Dengue: epidemia histórica nas Américas
Neste ano, a região enfrentou a maior epidemia de dengue desde que os registros começaram a ser realizados em 1980. Os países notificaram mais de 12,6 milhões de casos, quase três vezes mais do que em 2023. Mais de 21 mil destes casos foram graves e mais de 7,7 mil mortes foram relatadas.
Argentina, Brasil, Colômbia e México respondem por 90% dos casos e 88% das mortes – com o Brasil registrando a maioria.
“A dengue representa um risco maior do que o normal para as crianças. Em países como a Guatemala, 70% das mortes por dengue ocorreram em crianças”, afirmou Barbosa durante entrevista coletiva, destacando que crianças menores de 15 anos representam mais de um terço dos casos graves em países como Costa Rica, México e Paraguai.
O diretor da OPAS explicou que a situação está relacionada a eventos climáticos que favorecem a proliferação de mosquitos, bem como à urbanização não planejada, ao acúmulo de água pelas pessoas e à má gestão de resíduos, que criam criadouros do vetor.
Apesar dos desafios, Barbosa insistiu que “não estamos indefesos contra a dengue” e mencionou a implementação da Estratégia de Gestão Integrada para a Prevenção e Controle de Arboviroses da Organização como um esforço fundamental para “manter relativamente baixos os casos graves e fatais por meio de um melhor manejo dos pacientes”.
As vacinas contra a dengue foram introduzidas em países como Brasil, Argentina e Peru; Honduras planeja introduzir o imunizante em 2025. No entanto, Barbosa observou que “a vacina atual não impedirá a propagação do vírus a curto ou médio prazo e não proporciona alívio imediato durante um surto.”
Oropouche: expansão geográfica do vírus
A OPAS também observou um aumento nos casos de Oropouche, um vírus transmitido por maruins infectados e algumas espécies de mosquitos. Em 2024, mais de 11,6 mil casos foram notificados em 12 países e territórios da região, principalmente no Brasil. “Embora o surto de Oropouche tenha uma escala muito menor que o da dengue, requer nossa atenção devido à sua crescente expansão geográfica” fora da Bacia Amazônica, incluindo áreas sem histórico prévio desta doença, comentou o diretor da OPAS.
A possibilidade de transmissão materno-infantil, incluindo mortes fetais e anomalias congênitas, está sendo investigada. “Os países devem reforçar sua vigilância e continuar compartilhando informações. Devemos trabalhar de forma transfronteiriça para monitorar novos casos e apoiar os sistemas de saúde na resposta”, disse Barbosa.
Gripe aviária (H5N1): vigilância contínua na região
Em relação ao vírus H5N1, também conhecido como gripe aviária, Barbosa informou que, embora o número de casos em humanos seja moderado, “o impacto na saúde pública permanece limitado”, destacou. “Em 2024, 58 casos humanos foram notificados nos Estados Unidos e um no Canadá. Isso contrasta com os três casos notificados nos dois anos anteriores para toda a região”, afirmou.
O H5N1 é um vírus comumente encontrado em aves. No entanto, também está infectando outras espécies, como o gado leiteiro nos Estados Unidos. No total, 19 países nas Américas notificaram casos de H5N1 em animais neste ano e dois desses países confirmaram casos humanos. O diretor da OPAS pontuou que a vigilância é fundamental para rastrear o vírus e compreender sua evolução.
Barbosa pediu para que se continue fortalecendo a cooperação entre os setores de saúde humana, animal e ambiental para permitir a detecção precoce e intervenções oportunas nos animais.
Colaboração regional é fundamental para enfrentar surtos
O diretor da OPAS concluiu a coletiva de imprensa destacando a importância da colaboração entre os países para enfrentar esses desafios. “Quando os países compartilham informações, coordenam e apoiam as respostas às doenças, vidas são salvas”, sublinhou.
Barbosa afirmou que a Organização continua trabalhando com os países da região para fortalecer sua capacidade de responder às emergências de saúde e garantir uma ação coordenada contra atuais e futuros surtos.