Casos de sarampo aumentam no mundo, enquanto Américas recuperam status de região livre do sarampo

Menina recebe vacina contra sarampo

14 de novembro de 2024, Genebra / Washington, D.C. (OPAS/OMS) - Embora os casos de sarampo no mundo tenham aumentado para cerca de 10,3 milhões em 2023, um aumento de 20% em relação ao ano anterior, a Região das Américas recuperou o status de país livre de sarampo endêmico, após a recente reverificação do Brasil como país livre de sarampo.

A nível mundial, a cobertura vacinal inadequada continua a ser um fator importante no aumento dos casos de sarampo. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) e os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA, mais de 22 milhões de crianças não receberam a primeira dose da vacina contra o sarampo em 2023. Apesar do aumento global, os países das Américas conseguiram manter o sarampo à distância e não tiveram notificação de casos de transmissão endêmica.

O Brasil foi reverificado como livre de sarampo após análise da Comissão Regional de Monitoramento e Reverificação da Eliminação do Sarampo e Rubéola, um grupo independente de especialistas convocado pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS). A reverificação confirma a interrupção da transmissão endêmica do sarampo no Brasil, após um surto que começou em 2018 e levou ao restabelecimento da transmissão endêmica em 2019. Através de extensos esforços de vacinação, vigilância epidemiológica e de laboratório, assim como medidas de resposta rápida a casos importados, o Brasil interrompeu a transmissão em junho de 2022.

Em 2023, a Região confirmou o menor número de casos de sarampo da história, com apenas 73 casos notificados. Pela primeira vez desde 2019, houve também aumento na cobertura vacinal com a primeira dose da vacina contra sarampo, rubéola e caxumba (MMR1), atingindo 87%. No entanto, ainda existe uma lacuna significativa, com 1,4 milhões de crianças na região que não receberem qualquer dose da vacina MMR.

Em 2024, até 8 de novembro, foram notificados 389 casos confirmados de sarampo na região, todos importados ou relacionados a casos importados. A resposta rápida dos países impediu a transmissão sustentada da doença.

A recente conquista significa que a Região das Américas está mais uma vez livre do sarampo endémico, um feito alcançado pela primeira vez em 2016. Além do Brasil, a Venezuela foi reverificada como livre de sarampo endêmico em 2023, após a interrupção de um surto que começou em 2018 e durou mais de 12 meses.

Sarampo aumenta a nível mundial, mas Américas continuam protegidas

O aumento global dos casos de sarampo afetou principalmente as regiões de África, do Mediterrâneo Oriental, da Europa, do Sudeste Asiático e do Pacífico Ocidental, com grandes surtos notificados em 57 países. Quase metade dos grandes surtos ocorreu na região africana. No entanto, as Américas evitaram tais surtos devido a fortes programas de vacinação e a uma resposta rápida aos casos importados.

Estima-se que, em 2023, tenham sido registadas 107.500 mortes por sarampo a nível mundial, sendo as crianças com menos de 5 anos de idade as mais vulneráveis. Embora isso represente uma redção de 8% em relação ao ano anterior, crianças demais continuam a morrer dessa doença evitável.

Apesar do aumento de casos em outras regiões, as Américas não registaram mortes relacionadas com o sarampo – estima-se que, entre 2000 e 2022, só a vacina contra o sarampo tenha evitado 6 milhões de mortes na região.

Esforços para fortalecer a imunização e a vigilância nas Américas

A OPAS continua a destacar a importância de fortalecer programas de imunização para evitar futuros surtos. Embora a transmissão do sarampo tenha sido interrompida na região, é importante alcançar e manter uma cobertura de vacinação de 95% ou mais para garantir a imunidade do rebanho e proteger as populações.

Dr. Jarbas Barbosa, Diretor da OPAS, afirmou nesta semana que “recuperar e manter a eliminação do sarampo nas Américas é uma conquista incrível, mas o trabalho está longe de terminar. Devemos continuar a priorizar a vacinação, melhorar os sistemas de vigilância e aumentar nossa capacidade de resposta para evitar futuros surtos e proteger nossas crianças”, disse ele.

Além do sarampo, a região das Américas também eliminou com sucesso a rubéola e a síndrome da rubéola congênita em 2015, mantendo esse estatuto até hoje.

Recomendações gerais da Comissão Regional de Vigilância e Verificação

Durante a quarta reunião anual da Comissão Regional de Vigilância e Verificação da Eliminação do Sarampo e da Rubéola (CRVR), realizada de 4 a 6 de novembro de 2024 em Lima, Peru, os países da região foram recomendados a:

  • Fortalecer a supervisão e o monitoramento das atividades de imunização, vigilância e resposta rápida nos níveis subnacional e local.
  • Adotar e adaptar as recentes orientações da OPAS sobre a detecção ativa de casos como estratégia para melhorar a sensibilidade do sistema de vigilância.
  • Intensificar os esforços para reduzir as lacunas de imunidade entre populações migrantes.

O relatório completo com as recomendações específicas por país estará disponível em breve.