Com fracasso das Américas no controle do novo coronavírus, hospitais chegam ou estão perto de chegar ao limite de sua capacidade

Physical distancing

“Devemos intensificar as intervenções de saúde pública para limitar a exposição a este vírus”, afirma diretora da OPAS

Washington D.C., 19 de janeiro de 2021 — A Região das Américas deve intensificar as ações de saúde pública como o distanciamento social, restrição de reuniões, uso de máscaras e lavagem das mãos para limitar a exposição da população durante a pandemia COVID-19, afirmou nesta terça-feira (19) Carissa F. Etienne, diretora da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS).


Nossa região e o mundo estão falhando em controlar o coronavírus. Em muitos lugares, as políticas públicas não são congruentes com a gravidade da situação. E muitos de nós relaxamos as medidas de controle que sabemos que funcionam, o que nos ajudou a permanecer saudáveis e a manter os hospitais funcionando até agora.”



Etienne destacou que, desde o início desta pandemia, mais de 39 milhões de pessoas nas Américas foram infectadas pelo coronavírus e mais de 925 mil delas morreram em razão da COVID-19. “Na última semana, vimos mais de 2,5 milhões novos casos de COVID-19 na região das Américas - mais da metade de todas as infecções globais. No mesmo período, 42 mil pessoas perderam a vida devido à pandemia na região.”

“Precisamos intensificar as ações de saúde pública para limitar a exposição da população ao vírus. Distanciamento social, restrição de reuniões, uso constante de máscaras em locais públicos e lavagem frequente das mãos são nossa maior esperança para reduzir o número de infecções por COVID-19 agora", afirmou a diretora da OPAS.

As vacinas contra a COVID-19 ajudarão a salvar vidas e “eventualmente deter a pandemia”, enfatizou, “mas também devemos estar cientes de que as doses que temos atualmente não são suficientes para causar um impacto visível na transmissão do vírus neste momento e em curto prazo. As doses disponíveis hoje para uso são muito limitadas e continuarão a ser escassas em todos os lugares."

A rede de vigilância genômica da OPAS, que tem 21 laboratórios, rastreou continuamente a propagação do vírus e suas mutações, observou a diretora da OPAS, e a variante que foi detectada pela primeira vez circulando no Reino Unido agora foi notificada em oito países: Brasil, Canadá, Chile, Equador, Estados Unidos, Jamaica, México e Peru. Além disso, o Brasil e o Canadá informaram ter encontrado a variante relatada pela primeira vez na África do Sul.

“No momento, não há evidências que sugiram que essas variantes afetem os pacientes de forma diferente, mas os primeiros dados indicam que o vírus pode se espalhar mais facilmente, acelerando a ameaça aos nossos sistemas de saúde em um momento em que eles já estão perto do limite de sua capacidade”, comentou Etienne.

Até o momento, a OMS aprovou uma vacina e as outras estão em processo de aprovação. Alguns países da região começaram a vacinar trabalhadores dos serviços de saúde e grupos vulneráveis, mas "enquanto as doses permanecerem limitadas, não podemos contar com vacinas para nivelar a curva da pandemia", enfatizou a diretora da OPAS.

Entre as prioridades da OPAS para 2021 estão incluir a garantia de acesso equitativo a equipamentos para proteger os profissionais de saúde, medicamentos e atendimento hospitalar quando necessário bem como vacinas.

“Com a chegada das vacinas, devemos garantir não apenas que as doses sejam produzidas rapidamente, mas que sejam entregues de forma justa e rápida em todos os países, independentemente da renda. Isso exigirá colaboração e solidariedade global e regional, com doadores que contribuem com recursos por meio de mecanismos como o COVAX”, ressaltou.

A OPAS está trabalhando com todos os países das Américas para ajudar a garantir as doses das vacinas das quais os países precisam para proteger suas populações. “Também apoiamos o planejamento de atendimento à demanda de vacinas, logística e gestão da rede de frio, fortalecimento do sistema de vigilância e informação, capacitação de profissionais de saúde e planejamento da comunicação sobre vacinas, entre outros.”

“Felizmente, nossa região tem um forte legado de imunização”, enfatizou a diretora da OPAS, observando que, por meio do Fundo Rotatório, “os Estados Membros reúnem seus recursos nacionais para comprar vacinas e produtos relacionados ao menor preço. A COVID-19 será um desafio, mas acho que podemos enfrentá-lo trabalhando juntos".

No ano que temos à frente, líderes políticos enfrentarão decisões complexas para nivelar a curva de transmissão. Portanto, devem atuar de forma transparente e proativa, para que o público possa entender suas decisões e as evidências científicas que as sustentam.