A diretora da OPAS alertou para a “complacência” e reforçou pedidos por medidas de saúde pública, vigilância e maior acesso às vacinas
Washington, D.C., 14 de julho de 2021 – Novos casos de COVID-19 aumentaram na América Central, Caribe e alguns países da América do Sul na semana passada, informou nesta quarta-feira (14) a diretora da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), Carissa F. Etienne.
“Os casos aumentam quando a complacência se instala”, alertou durante a coletiva de imprensa semanal da OPAS. “Estamos todos cansados, mas depois de experimentar picos sucessivos de infecções nos mesmos locais, devemos quebrar esse ciclo adotando medidas de saúde pública de forma precoce e consistente.”
Os casos estão aumentando nos países da América Central, incluindo El Salvador e Guatemala, onde as mortes por COVID-19 também cresceram. Novas infecções estão aumentando no Caribe, onde Cuba notifica o maior número de casos semanais desde o início da pandemia. Nas Ilhas Virgens Britânicas, os casos triplicaram nas semanas após a reabertura dos navios de cruzeiro. As infecções também estão aumentando no México e nos Estados Unidos.
Criando um "quadro misto" da trajetória do vírus, as novas infecções por COVID-19 diminuíram em geral em quase 20% nas Américas na semana passada, à medida que a pandemia perdia força em grande parte da América do Sul. “As infecções, hospitalizações e mortes por COVID-19 estão diminuindo na maior parte do continente, incluindo Brasil, Peru, Uruguai e Chile”, disse a diretora da OPAS.
Etienne acrescentou, no entanto, que os casos estão aumentando na Argentina e atingindo seus mais altos níveis na Colômbia, “levantando preocupações sobre a capacidade do sistema de saúde de lidar com 98% dos leitos de UTI já em uso”.
Quando as variantes de preocupação circulam, é ainda mais importante que os países intensifiquem a vigilância, especialmente enquanto a cobertura vacinal permanece baixa.”
Ao todo, as Américas notificaram quase 74 milhões de casos de COVID-19 e 1,9 milhões de mortes relacionadas - mais de um terço dos casos e mais de 40% das mortes registradas globalmente.
Etienne também chamou atenção ao fato de que a pandemia está criando graves impactos sociais e econômicos. “A COVID-19 não apenas devastou nossos sistemas de saúde, mas também rompeu programas de proteção social e desestabilizou nossas economias”, disse, citando um novo estudo da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) que revela que mais de 7 milhões de empresas fecharam em meio à pandemia.
“Pedimos aos países que continuem priorizando as redes de saúde e segurança social como parte de sua resposta à COVID-19 e conforme voltem seus olhos para a recuperação”, acrescentou.
Compromisso da OPAS com o Haiti
Etienne expressou particular preocupação com o Haiti, onde “milhares de pessoas” foram deslocadas pela violência e instabilidade e “abrigos lotados podem se tornar pontos ativos para a transmissão da COVID-19”.
“A OPAS, junto com outros parceiros, está empenhada em apoiar o povo haitiano nestes tempos de incerteza e chama outras organizações internacionais a se juntarem a nós no apoio à resposta à COVID-19”, disse a diretora da OPAS.
Nas últimas semanas, a OPAS entregou equipamentos de proteção individual ao Haiti, ajudou a expandir o atendimento aos pacientes com COVID-19 e forneceu milhares de testes e materiais de laboratório. A Organização também ajudou a capacitar trabalhadores comunitários de saúde e apoiou o Ministério da Saúde na preparação para a introdução da vacina e no estabelecimento de novos sistemas para dissipar rumores.
Acesso a vacinas
As vacinas continuam inacessíveis para muitos na América Latina e no Caribe. “O dinheiro, mais do que a saúde pública, determinou a rapidez com que os países podem obter as ferramentas de que precisam para combater esse vírus”, alega Etienne. “À medida que os países que fecharam acordos com fabricantes de vacinas avançam, a cobertura vacinal continua na casa de um dígito em grande parte de nossa região.”
Enquanto 58% da população do Chile e 55% da população do Uruguai já estão totalmente protegidas contra a COVID-19, o Paraguai e a Jamaica vacinaram totalmente menos de 3% de suas populações. Honduras e Guatemala ainda não vacinaram 1%.
Chamando a atenção para a doação do governo dos EUA, de quase 12 milhões de doses de vacinas para países nas Américas, Etienne disse que mais estão a caminho com a ajuda da OPAS.
“Essas vacinas estão trazendo esperança para países que, de outra forma, teriam que esperar meses para garantir até mesmo uma fração dessas doses”, declarou a diretora da OPAS. “Por isso, continuamos pedindo aos doadores e aos países com vacinas as compartilhem com nossa região. Esta continua a ser a única maneira de muitos países em nossa região garantirem as doses de que precisam rapidamente.”