Washington D.C., 17 de setembro de 2020 - A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) lançou nesta quinta-feira (17) uma campanha regional para melhorar a segurança dos profissionais da saúde, especialmente em razão da pandemia de COVID-19. A campanha, que marca a comemoração do Dia Mundial da Segurança do Paciente, enfatiza a importância do pessoal de saúde como prioridade para a segurança do paciente.
“Hoje, enquanto comemoramos o Dia Mundial da Segurança do Paciente, peço a todos que se unam para falar pela segurança dos profissionais da saúde”, disse a diretora da OPAS, Carissa F. Etienne.
“Chamo nossos Estados Membros e seus parceiros para garantirem condições de trabalho seguras e decentes para os profissionais de saúde, acesso a formação e equipamento de proteção e igualdade salarial”, especialmente para as mulheres, que constituem quase 75% da força de trabalho da saúde e enfrentam múltiplas cargas.
Os objetivos do Dia Mundial da Segurança do Paciente são aprimorar a compreensão global sobre o tema, aumentar o engajamento público na segurança da atenção à saúde e promover ações mundiais para aumentar a segurança e reduzir os danos aos pacientes. A campanha tem como tema “Segurança do profissional de saúde: uma prioridade para segurança do paciente”; como slogan: “Profissionais de saúde seguros, pacientes seguros”; e como chamado à ação “Defenda a segurança dos profissionais de Saúde”.
A OPAS está pedindo aos parceiros e países que desenvolvam campanhas nacionais e locais baseadas na campanha regional; a apoiar e observar a data para torná-la bem-sucedida; e a tomar medidas urgentes para reconhecer a segurança do profissional de saúde como um pré-requisito para a segurança do paciente e qualidade do atendimento.
As mensagens para os profissionais de saúde da campanha incluem:
• Sua própria segurança começa com você.
• Cuide de sua saúde física e psicológica.
• Proteja sua segurança e a das pessoas de quem cuida.
• Certifique-se de que você está treinado e ciente sobre prevenção e controle de infecções e implemente as medidas adequadas.
• Contribua de forma proativa para a construção e fortalecimento de uma cultura de segurança no trabalho.
• Aprimore seus conhecimentos, habilidades e competências para segurança em saúde.
• Conheça os seus direitos e responsabilidades e peça por um ambiente de trabalho seguro e condições de trabalho estáveis e decentes, incluindo a igualdade de remuneração.
• Sempre relate riscos de segurança, violência, assédio ou ameaças às autoridades e promova e implemente práticas de segurança inovadoras dentro de sua organização.
A Organização Mundial de Saúde desenvolveu uma Carta de Segurança do Profissional de Saúde como um passo “para garantir que os trabalhadores de saúde tenham condições de trabalho seguras, o treinamento, o pagamento e o respeito que merecem”.
A Carta, lançada no marco do Dia Mundial da Segurança do Paciente, convida os governos e aqueles que administram os serviços de saúde em nível local a tomar cinco ações para proteger melhor os profissionais de saúde. Isso inclui medidas para protegê-los da violência; para melhorar sua saúde mental; para protegê-los de perigos físicos e biológicos; para promover programas nacionais de segurança do profissional de saúde e conectar as políticas de segurança do trabalhador de saúde às políticas de segurança do paciente existentes.
A pandemia também destacou até que ponto proteger os profissionais de saúde é fundamental para garantir um sistema de saúde e uma sociedade funcionais. Embora os profissionais de saúde representem menos de 3% da população na maioria dos países, cerca de 14% dos casos de COVID-19 notificados à OMS são entre trabalhadores de saúde. Em alguns países, a proporção pode chegar a 35%. Milhares de profissionais de saúde infectados com COVID-19 perderam a vida em todo o mundo.
Além dos riscos físicos, a pandemia tem causado níveis extraordinários de estresse psicológico em profissionais de saúde expostos a ambientes de alta demanda por longas horas, vivendo com medo constante da exposição à doença enquanto separados da família e enfrentando estigmatização social. Antes da COVID-19, profissionais médicos já estavam em maior risco de suicídio em todas as partes do mundo. Uma revisão recente dos dados sobre profissionais de saúde revelou que um em cada quatro relatou depressão e ansiedade e um em cada três sofreu de insônia durante a pandemia. A OMS destacou recentemente um aumento alarmante de relatos de assédio verbal, discriminação e violência física entre profissionais de saúde após a COVID-19.
As Américas respondem hoje por mais da metade dos casos e mortes no mundo por COVID-19. A pandemia resultou em uma trágica perda de vidas, afetando desproporcionalmente pessoas vulneráveis e aquelas com problemas de saúde pré-existente, e devastando vidas e meios de subsistência. Em nossa Região, todos os 54 países e territórios foram afetados. Eles responderam expandindo e reorganizando suas instalações e redes de saúde e aumentando sua capacidade, especialmente para cuidados intensivos.
“Os profissionais de saúde e prestadores de cuidados têm sido a pedra angular desta resposta. Muitos arriscaram suas próprias vidas para cuidar de seus pacientes. Depois de meses operando em modo de crise, eles correm maior risco de depressão, ansiedade e burnout (esgotamento profissional). Muitos foram estigmatizados e alguns foram submetidos a danos físicos por motivos relacionados à COVID-19 ”, afirmou Etienne.
“Felizmente, também vimos demonstrações comoventes de apreço com as comunidades e a mídia reconhecendo os profissionais de saúde como heróis na linha de frente desta pandemia”, acrescentou.