Vigilância robusta de doenças, rastreamento de contatos e priorização de atenção primária à saúde estão entre as principais medidas para reduzir a transmissão
Washington D.C., 11 de novembro de 2020 – A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) apresentou nesta quarta-feira (11) um guia das melhores práticas para ajudar os países a decidirem quais medidas implementar para controlar a pandemia de COVID-19 e por quanto tempo, baseando-se em como o vírus se propaga e nas características de seus sistemas de saúde.
“Esperamos que, com essa orientação, os países possam adaptar melhor a resposta às suas necessidades individuais, à medida que o número de casos muda com o tempo”, afirmou Jarbas Barbosa, subdiretor da OPAS, em entrevista coletiva. A orientação atualizada, desenvolvida pela OMS e pela OPAS, aborda “Considerações para implementar e ajustar medidas sociais e de saúde pública no contexto da COVID-19”.
“Enquanto aguardamos uma vacina eficaz e melhores tratamentos contra a COVID-19, os países devem esperar uma série de surtos recorrentes, portanto, sempre precisarão estar prontos para agir. A chave sempre foi garantir que nossas respostas de saúde pública sejam adaptáveis ao momento. Só então podemos garantir que alguns novos casos não evoluam para surtos completos”, disse Barbosa.
Entre as melhores práticas estão uma vigilância robusta de doenças para detectar a propagação do vírus e aprimorara a resposta, rastreamento de contatos para limitar a propagação do vírus, priorizando a atenção primária à saúde para atender as pessoas onde for necessário e tendo equipes médicas prontas para emergências. “Manter o vírus sob controle requer um compromisso constante e ajustes proativos para garantir que nossas respostas nacionais reflitam as tendências de mudança”, pontuou o subdiretor da OPAS.
Um mosaico de diferentes cenários
Observando que 22 milhões de pessoas nas Américas foram infectadas com a COVID-19 e mais de 660 mil morreram, Barbosa disse que o vírus ainda está crescendo, com 150 mil casos notificados diariamente. Na América do Norte, estados nos EUA, Canadá e México estão enfrentando picos de casos, mas alguns países do Caribe, América Central e América do Sul estão se saindo melhor do que outros.
O subdiretor da OPAS alertou que a situação na Europa “deve servir de alerta para as Américas. Isso prova que, mesmo depois de controlar as infecções por COVID-19, os países ainda são vulneráveis ao ressurgimento do vírus”.
Mudar de bloqueios totais para suspender todas as medidas restritivas é “insustentável e ineficaz no controle deste vírus”, e cada país, cidade e comunidade precisa ajustar sua resposta de saúde pública de acordo com os cenários locais, disse Barbosa.
Melhores práticas nas Américas
“Sistemas eficazes de vigilância epidemiológica permitiram que o Chile se recuperasse após picos sem precedentes no início deste ano, adaptando suas medidas de saúde pública, localidade por localidade”, observou o subdiretor da OPAS, e os países do Caribe, usando fortes sistemas de vigilância laboratorial, “foram disciplinados quanto à imposição de restrições e endurecimento de medidas de saúde pública quando houver novas infecções, ao mesmo tempo que mantém o turismo funcionando”.
O rastreamento de contatos, ajustado aos padrões de transmissão, está sendo bem feito na Argentina, Costa Rica e Jamaica, afirmou Barbosa. Canadá e Brasil priorizaram a atenção primária à saúde e ajustaram sua força de trabalho em saúde para atender à crescente demanda, enquanto Cuba e Costa Rica garantiram atenção às pessoas por meio de seus fortes sistemas de cobertura universal de saúde, acrescentou.
Barbosa disse que a maioria dos países das Américas formou equipes médicas de emergência para fornecer capacidade de emergência quando necessário. “Vimos isso no Uruguai e no Peru, onde equipes internas foram implantadas em pontos críticos do vírus para cuidar de pacientes e aliviar a carga das clínicas e hospitais locais. Nas Américas, mais de 165 equipes médicas de emergência foram implantadas internamente pelos países, permitindo que os serviços de saúde se expandissem para quase 17 mil leitos de internação e 1,5 mil leitos de cuidados intensivos, que têm sido cruciais para salvar vidas em áreas remotas”, explicou.