Apenas 3% da população da América Latina e Caribe está totalmente vacinada contra a COVID-19. Menos de 4% dos produtos médicos usados durante a pandemia saíram da região. A produção de vacinas e suprimentos médicos deve ser ampliada para reduzir a dependência excessiva das importações e aumentar o acesso às vacinas, disse a diretora
Washington, DC, 19 de maio de 2021 (OPAS) – A diretora da OPAS, Carissa F. Etienne, pediu nesta quarta-feira (19) o preenchimento das “lacunas gritantes” no acesso às vacinas contra a COVID-19 na América Latina e no Caribe, de forma que a região dependa menos das importações e mais da ampliação da produção regional de produtos médicos, incluindo vacinas.
Ressaltando que apenas 3% das pessoas na América Latina e no Caribe foram totalmente vacinadas contra a COVID-19, Etienne afirmou que a escassez de vacinas é um “sintoma da dependência excessiva de nossa região das importações de suprimentos médicos essenciais. Menos de 4% dos produtos médicos em uso durante a resposta à COVID-19 vieram da região.”
“Expandir nossa capacidade regional para fabricar suprimentos médicos estratégicos - especialmente vacinas - é uma obrigação, tanto para nosso povo quanto por uma questão de segurança sanitária”, disse a diretora da OPAS a jornalistas em coletiva de imprensa.
Etienne chamou a atenção para os “blocos de construção” da região para ampliar a produção - fortes instituições acadêmicas e de pesquisa, capacidade de fabricação, sistemas regulatórios e um mecanismo de aquisição eficaz. Argentina, Brasil, Cuba e México têm instalações de fabricação de vacinas bem estabelecidas, algumas das quais já estão sendo atualizadas para produzir as vacinas contra COVID-19.
“Devemos aumentar a produção de toda a cadeia de valor da vacina - dos ingredientes utilizados nas vacinas aos frascos e seringas que nos ajudam a administrá-las - sem comprometer a qualidade”, disse a diretora da OPAS.
Etienne acrescentou que a região deve “abraçar a promessa das tecnologias de mRNA”, que são a base das vacinas Moderna e Pfizer altamente eficazes, mas que também podem ser usadas para outras vacinas. “A OPAS está trabalhando em estreita colaboração com a Organização Mundial da Saúde em seu centro de transferência de tecnologia de vacina de mRNA contra a COVID-19”.
A OPAS também está discutindo com parceiros regionais como o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), a Organização dos Estados Americanos (OEA) e seus Estados Membros para garantir que os países interessados em expandir a fabricação tenham recursos e apoio, pontuou a diretora da OPAS. Argentina, Chile e Peru estão entre os que já demonstraram interesse.
“Para que isso funcione, precisamos de escala, o compromisso de comprar produtos feitos regionalmente e a garantia de que os produtos fluirão livremente e sem proibições de exportação - mesmo durante emergências. Nosso Fundo Rotatório está pronto para ajudar a comprar e entregar esses produtos em toda a nossa região - como temos feito nos últimos 40 anos”, ressalta Etienne.
“Uma rede de fabricação regional que se baseia em nossos pontos fortes nacionais e que é apoiada por compromissos financeiros sustentados está muito atrasada,” continuou a diretora da OPAS. “Também é nossa maior esperança para uma solução de longo prazo - porque a COVID-19 não será o último vírus que testa nossos sistemas de saúde.”
A OPAS distribuiu mais de 12 milhões de doses de vacinas adquiridas pelo mecanismo COVAX a países da América Latina e do Caribe. A iniciativa é a aliança global para distribuição equitativa de vacinas contra a COVID-19. Outras 770 mil doses estão a caminho dos países da América Central e do Caribe, disse Etienne.
A diretora da OPAS também abordou o grande número de vítimas da pandemia, observando que houve mais de 1,2 milhão de novos casos de COVID-19 nas Américas na semana passada e cerca de 31 mil mortes.
Embora as infecções por COVID-19 tenham diminuído em geral no último mês na região, novos casos e mortes ainda estão aumentando em muitos países. Muitos países do Caribe - incluindo Bahamas, Haiti e Trinidad e Tobago - viram as mortes dobrarem na semana passada. Costa Rica, Panamá e partes de Honduras estão notificando aumentos dramáticos nas novas infecções.
As infecções estão aumentando na Bolívia e na Guiana Francesa, enquanto as “tendências decrescentes” no Brasil nas semanas anteriores foram pausadas. “Apesar das reduções gerais na maioria dos países da América do Sul, alguns pontos críticos na Argentina e no Uruguai viram uma duplicação de casos e mortes na última semana”, disse Etienne.
As condições pandêmicas mudaram profundamente nos Estados Unidos, “onde a ampla cobertura (da vacina) levou a uma redução acentuada nas infecções, mortes e hospitalizações por COVID-19”, disse. “O progresso que estamos vendo nos EUA é uma prova do poder das vacinas contra a COVID-19 seguras e eficazes, mas ressalta a grande importância de acelerar o acesso às vacinas em nossa região para que outros países possam imunizar totalmente suas populações.”
“Precisamos urgentemente de mais vacinas para a América Latina e o Caribe, região que está sendo testada por esta pandemia”, enfatizou a diretora da OPAS.