12 de agosto de 2019 – Surtos de sarampo continuam a se espalhar rapidamente pelo mundo, de acordo com os últimos relatórios preliminares fornecidos à Organização Mundial da Saúde (OMS), com milhões de pessoas em risco de contrair a doença. Os casos de sarampo notificados nos primeiros seis meses de 2019 são os mais elevados desde 2006, com surtos sobrecarregando sistemas de saúde e levando a doenças graves, incapacidades e mortes em muitas partes do mundo. A quantidade é quase três vezes maior do que a registrada no mesmo período do ano passado.
Essa situação ocorre após sucessivos aumentos anuais desde 2016, indicando um crescimento preocupante e contínuo da carga global do sarampo no mundo.
Neste ano, a República Democrática do Congo, Madagascar e Ucrânia foram os países que notificaram o maior número de casos. No entanto, o número caiu significativamente em Madagascar nos últimos meses como resultado de campanhas nacionais de vacinação de emergência contra o sarampo, destacando a eficácia da vacinação para acabar com os surtos e proteger a saúde.
Grandes surtos estão em curso em Angola, Camarões, Chade, Cazaquistão, Nigéria, Filipinas, Sudão do Sul, Sudão e Tailândia.
Os maiores surtos estão em países que têm atualmente ou tiveram no passado baixa cobertura vacinal contra o sarampo, deixando muitas pessoas vulneráveis à doença. Ao mesmo tempo, surtos prolongados estão ocorrendo mesmo em países com altas taxas nacionais de vacinação. Isso resulta de desigualdades na cobertura de vacinas e de lacunas e disparidades entre comunidades, áreas geográficas e entre faixas etárias. A doença pode se espalhar rapidamente.
Os Estados Unidos têm notificado sua maior contagem de casos de sarampo em 25 anos. Na Região Europeia da OMS, foram registrados cerca de 90 mil casos nos primeiros seis meses de 2019, superando a quantidade identificada em todo o ano de 2018 (84.462) – tornando-se já a maior desta década.
As razões para as pessoas não serem vacinadas variam significativamente entre comunidades e países, incluindo falta de acesso a serviços de saúde ou vacinação de qualidade; conflito e deslocamento; desinformação sobre vacinas ou pouca conscientização sobre a necessidade de vacinar. Em vários países, o sarampo está se espalhando entre crianças mais velhas, jovens e adultos que não se vacinaram no passado.
Com governos e parceiros como a Iniciativa contra o Sarampo e Rubéola, a Gavi, the Vaccine Alliance e outros, a OMS está ajudando os países a interromper surtos, fortalecer os serviços de saúde e aumentar a cobertura essencial de vacinação.
O sarampo é quase totalmente evitável com duas doses da vacina contra essa doença, que é segura e altamente eficaz. Altas taxas de cobertura vacinal – ou seja, 95% a nível nacional e dentro das comunidades – são necessárias para garantir que o sarampo não seja capaz de se espalhar.
De acordo com dados de cobertura da OMS e do UNICEF divulgados em julho de 2019, 86% das crianças receberam a primeira dose da vacina contra o sarampo e 69% receberam a segunda. Isso significa que cerca de 20 milhões de crianças em 2018 não foram vacinadas contra o sarampo por meio dos programas de vacinação de rotina dos seus países. Além disso, 23 países ainda precisam introduzir a segunda dose de vacina contra o sarampo em seus calendários nacionais de imunização.
A OMS está pedindo que todas as pessoas garantam que suas vacinas contra o sarampo estão em dia – com as duas doses necessárias para proteger contra a doença – e que verifiquem o próprio status de vacinação antes da viagem.
De acordo com as últimas recomendações de viagem da Organização Mundial da Saúde, todos os menores de 6 meses devem ser protegidos contra o sarampo antes de viajar para uma área onde o vírus está circulando. Aquelas pessoas que não tiverem certeza do seu estado de vacinação devem buscar um serviço de saúde. A OMS recomenda que os viajantes sejam vacinados contra o sarampo pelo menos 15 dias antes da viagem.
Notas
Embora forneçam uma forte indicação de tendências gerais, os dados mensais de vigilância são provisórios e incompletos, uma vez que muitos países – particularmente aqueles que experimentam grandes surtos – ainda estão notificando dados e realizando testes laboratoriais. Devido a atrasos nos relatórios, pode haver discrepâncias entre o que é apresentado nesses relatórios e o que é divulgado diretamente pelos países.
Os números reais de casos – capturados em estimativas globais divulgadas anualmente – são consideravelmente mais altos do que aqueles reportados por sistemas de vigilância devido à incompletude dos relatórios. A OMS estima que, no mundo, menos de 1 em 10 casos sejam notificados; a abrangência dos relatórios varia substancialmente de acordo com o país. O ano mais recente para o qual as estimativas globais da OMS de casos e mortes por sarampo estão disponíveis é 2017. Naquele ano, havia 6,7 milhões de casos estimados de sarampo e 110.000 mortes estimadas relacionadas ao sarampo, com base em 173.330 casos notificados. Em 2018, foram notificados 353.236 casos de sarampo à OMS. As estimativas globais de casos e mortes para 2018 serão divulgadas pela Organização Mundial da Saúde em novembro de 2019.
Com as ressalvas descritas acima, para o período de 1º de janeiro a 31 de julho de 2019, 182 países notificaram 364.808 casos de sarampo à OMS. Para o mesmo período do ano passado, 129.239 casos de sarampo foram registrados em 181 países. Para o atual período de 2019, a Região Africana da OMS registou um aumento de 900% (10 vezes mais); a Região Europeia, um crescimento de 120% (mais que o dobro); a Região do Mediterrâneo Oriental, de 50% (1,5 vez mais); a Região do Pacífico Ocidental, de 230% (três vezes mais); já a Região do Sudeste Asiático e a Região das Américas tiveram uma redução de 15% nos casos notificados.
A transmissão do sarampo é tipicamente sazonal, com pico na primavera em climas temperados e, nos trópicos, após a estação chuvosa.
Américas
Embora os dados preliminares globais da OMS tenham apontado redução de 15% nos casos notificados nas Américas quando se compara janeiro a julho de 2019 com o mesmo período do ano passado, isso não significa que essa Região esteja em situação confortável – tendo em vista que a doença havia sido eliminada de todos os países das Américas em 2016.
A mais recente atualização epidemiológica da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), publicada no dia 7 de agosto, mostra que a doença foi identificada em 14 países das Américas, de 1 janeiro a 27 de julho de 2019, sendo a maior proporção registrada nos Estados Unidos (1.172), Brasil (1.045) e Venezuela (417).
Os demais casos foram reportados por: Argentina (5), Bahamas (1), Canadá (82), Chile (4), Colômbia (175), Costa Rica (10), Cuba (1), Curaçao (1), México (3), Peru (2) e Uruguai (9). A incidência atual do sarampo é 70% maior do que a registrado em 18 de junho, data em que a atualização epidemiológica anterior foi publicada.
Para controlar a propagação dessa doença, a OPAS recomenda aos países das Américas: manter a cobertura vacinal da população-alvo em ao menos 95% (com duas doses da vacina, segundo calendário vacinal de cada país), manter ações de vigilância epidemiológica, prestação dos serviços de saúde, e comunicação efetiva no setor saúde, na comunidade e em outros setores, a fim de aumentar a imunidade da população e detectar/responder rapidamente a casos suspeitos de sarampo, entre outras ações.
Brasil
No Brasil, o esquema vacinal funciona da seguinte forma: crianças de 12 meses a menores de cinco anos de idade recebem uma dose da vacina aos 12 meses (tríplice viral) e outra aos 15 meses de idade (tetra viral) – em casos de surtos, recomenda-se a aplicação de uma dose em crianças de 6 até 11 meses. Já pessoas de cinco anos a 29 anos de idade que perderam a oportunidade de serem vacinadas anteriormente recebem duas doses da vacina tríplice viral. Adultos de 30 a 49 anos recebem uma dose da vacina tríplice viral. Para mais informações sobre as recomendações no país: http://www.blog.saude.gov.br/index.php/geral/53944-ja-vacinou-contra-o-sarampo-saiba-quem-deve-ser-vacinar.