Ministros da Saúde das Américas fazem acordo para fortalecer ações de prevenção às doenças transmitidas por vetores

mosquitos

25 de setembro de 2018 – Autoridades de saúde da região das Américas concordaram nesta segunda-feira (24) em implementar uma série de ações nos próximos cinco anos para controlar de forma mais efetiva os vetores que transmitem doenças como malária, dengue, zika e Chagas. O objetivo do plano é prevenir a ocorrência e reduzir a propagação desse tipo de enfermidades transmissíveis.

O plano de ação sobre entomologia e controle de vetores, apresentado ao 56º Conselho Diretor da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), que se reúne nesta semana em Washington (EUA), concentra-se na prevenção, vigilância e controle integrado dos vetores transmissores de arbovírus, malária e certas doenças infecciosas negligenciadas, por meio de intervenções eficazes, sustentáveis, de baixo custo e baseadas em evidências.

“As populações mais afetadas por doenças transmitidas por vetores são aquelas que vivem em condições de vulnerabilidade e distantes dos serviços de saúde. São essas populações que mais frequentemente sofrem consequências e danos para a saúde pela falta de medidas sanitárias e de controle de vetores”, disse a diretora da OPAS, Carissa F. Etienne. “Essas são as populações onde a OPAS concentra seus esforços e onde é necessário que os governos e as comunidades tenham um papel ativo na prevenção e controle de vetores, para que juntos, possamos reduzir a carga dessas doenças infecciosas.”

As doenças infecciosas têm um impacto significativo na saúde pública na região das Américas e em todo o mundo. A Organização Mundial da Saúde (OMS) indicou que doenças transmitidas por vetores, como a dengue, febre amarela, malária, esquistossomose, leishmaniose, doença de Chagas e peste, representam mais de 17% das doenças infecciosas no mundo, causando mais de 700 mil mortes por ano.

Desde 2010, alguns surtos importantes de dengue, chikungunya, febre amarela e vírus zika – bem como surtos locais de malária, leishmaniose, doença de Chagas, leptospirose e peste – tiraram vidas e prejudicaram os sistemas de saúde da região.

O Plano de Ação sobre Entomologia e Controle de Vetores (tradução livre de Plan of Action on Entomology and Vector Control) inclui cinco linhas de ação para os países, entre elas:

  • Fortalecer o trabalho multissetorial em vários programas e setores, a fim de aumentar os esforços colaborativos de prevenção e controle de vetores;
  • Engajar e mobilizar governos e comunidades locais, incluindo serviços de saúde;
  • Melhorar a vigilância dos vetores e a avaliação das medidas de controle, incluindo monitoramento e manejo da resistência aos inseticidas;
  • Avaliar e incorporar abordagens comprovadas ou inovadoras para o controle de vetores e ampliá-las quando possível;
  • Fornecer capacitação contínua sobre entomologia e controle de vetores não apenas para especialistas, mas também para agentes de saúde pública.

A exposição das pessoas aos vetores e às doenças que eles transmitem ocorre em nível local e é frequentemente associada a fatores como faixa etária, sexo, etnia e profissão ou ocupação e desigualdade, entre outros. Nesse sentido, o plano de ação enfatiza a necessidade de que as autoridades nacionais de saúde e controle de vetores planejem e façam parcerias com organizações comunitárias locais para trabalhar de forma mais efetiva com as populações afetadas.

Em termos de ferramentas para o controle de vetores, o plano enfatiza que abordagens inovadoras, como mosquitos infectados por bactérias, geneticamente modificados ou novos inseticidas devem ser submetidos a uma avaliação cuidadosa em estudos-piloto antes de serem incorporados ao arsenal de manejo de vetores.

As doenças transmitidas por vetores são enfermidades infecciosas propagadas por organismos intermediários, que podem ser mosquitos, carrapatos ou roedores, que por sua vez as transmitem aos humanos. Eles são responsáveis por uma alta carga de doenças e mortalidade na região das Américas, especialmente em países e áreas onde fatores de risco sociais, econômicos e ecológicos foram documentados e onde a população vive em condições de vulnerabilidade. Contribuem para o absenteísmo escolar, aumento da pobreza, custos elevados de saúde e sistemas de saúde sobrecarregados, ao mesmo tempo em que reduz a produtividade econômica geral.

Dados sobre doenças transmitidas por vetores nas Américas:

  • Estima-se que, atualmente, 145 milhões de pessoas em 21 países da região vivem em áreas de risco para a malária. Somente em 2017, cerca de 680 mil casos foram registrados. Ao menos oito países das Américas estão trabalhando para eliminar essa doença.
  • As epidemias de dengue ocorreram em ciclos de três a cinco anos nas Américas. Os casos aumentaram desde 2000; somente em 2017, mais de 483 mil casos e 253 mortes foram notificados.
  • Em 2017, houve mais de 180 mil casos de chikungunya, uma doença viral transmitida por mosquitos que atingiu a região no final de 2013.
  • O número cumulativo de casos suspeitos e confirmados de zika no período de 2015 a 4 de janeiro de 2018 foi de 583 mil e 223.477, respectivamente, com 20 mortes confirmadas e 3.720 casos de síndrome congênita do zika confirmados.
  • Quase seis milhões de pessoas na região das Américas ainda sofrem os efeitos crônicos da doença de Chagas; isto é especialmente prevalente entre famílias cujas habitações estão desprotegidas e em más condições, e dentro de algumas comunidades indígenas.
  • leishmaniose está aumentando, com cerca de 60 mil casos cutâneos e mucocutâneos e 4 mil casos viscerais da doença relatados anualmente.
  • Atualmente, a oncocercose é transmitida apenas na área habitada pelos povos Yanomami e ao longo da extensão do Brasil-Venezuela.
  • filariose linfática foi praticamente eliminada no Brasil e se limita a poucos focos na Guiana, no Haiti e na República Dominicana.
  • A transmissão ativa da esquistossomose é limitada a poucos focos no Brasil, Suriname e Venezuela.

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O Conselho Diretor da Organização Pan-Americana da Saúde reúne ministros da Saúde e delegados de alto nível dos países membros da OPAS/OMS em Washington, Estados Unidos, para debater e analisar políticas de saúde regionais e fixar prioridades de cooperação técnica e de colaboração entre países.

A OPAS trabalha com os países das Américas para melhorar a saúde e a qualidade de vida de sua população. Fundada em 1902, é a organização internacional de saúde pública mais antiga do mundo. Atua como oficina regional para as Américas da OMS e é a agência especializada em saúde do sistema interamericano.