À medida que o COVAX entrega 2,2 milhões de doses de vacina e aumenta o número de casos, particularmente na América do Sul, diretora descreve a propagação como "uma emergência ativa de saúde pública"
Washington D.C., 23 de março de 2021 (OPAS) – A diretora da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), Carissa F. Etienne, comemorou a chegada de mais de 2,2 milhões de doses de vacinas contra a COVID-19 adquiridas por meio do COVAX nas Américas, mas advertiu que o vírus está crescendo perigosamente em muitos países da região.
O COVAX, a aliança global para garantir o acesso equitativo às vacinas contra a COVID-19, ajudou a entregar essas doses vacinas para a região até o momento, incluindo mais de 1 milhão que chegaram ao Brasil no domingo (21). Espera-se que mais doses cheguem esta semana ao Suriname e Belize e mais 1,2 milhão foram adquiridas por meio do COVAX.
Mas “o vírus da COVID-19 não está retrocedendo, nem a pandemia começando a desaparecer”, advertiu Etienne na coletiva de imprensa semanal da OPAS. “As vacinas estão chegando, mas ainda faltam vários meses para a maioria das pessoas em nossa região”, afirmou, pedindo às pessoas que continuem respeitando as medidas de saúde pública – uso de máscaras, lavagem das mãos e distanciamento social - especialmente durante os próximos feriados. “As pessoas não podem baixar a guarda mantendo contato próximo com outras pessoas.”
Embora a ampliação tenha começado, sabemos que não é o suficiente. Ainda não temos as vacinas das quais precisamos para proteger a todos. É o que acontece quando o mundo inteiro depende de poucos fabricantes. Devemos também encontrar maneiras de compartilhar vacinas de forma mais equitativa entre os países.”
Como reconhecido mecanismo de compras de vacinas na América Latina e no Caribe, o Fundo Rotatório da OPAS negocia, compra e lida com a logística de remessas em nome dos 36 países participantes do COVAX.
Na semana passada, mais de 1,2 milhão de pessoas foram infectadas com COVID-19 nas Américas, mais do que na semana anterior; 31.272 pessoas morreram em decorrência do vírus, informou Etienne.
A pandemia é particularmente terrível na América do Sul, onde a infecção está aumentando no Chile, Paraguai e Uruguai. “No Paraguai, a maioria dos leitos de UTI está ocupada e o sistema de saúde está sofrendo com a pressão”, disse a diretora da OPAS.
“O vírus continua a aumentar perigosamente em todo o Brasil. Os casos e mortes estão aumentando e a ocupação de leitos na UTI é muito alta em muitos estados”, disse Etienne. Na vizinha Venezuela, as infecções estão crescendo, principalmente nos estados fronteiriços de Bolívar e Amazonas. A Bolívia registrou um aumento de casos no departamento de Pando, enquanto “a ocupação de leitos de UTI permanece muito alta em Loreto, Peru.”
A pandemia está acelerando em outras partes das Américas, incluindo a Guatemala, onde o aumento de casos e hospitalizações estão “sobrecarregando a capacidade de leitos hospitalares devido ao fluxo de pacientes”, argumentou a diretora da OPAS.
No Caribe, os casos estão aumentando em Cuba, Aruba, Curaçao e Antígua e Barbuda. Na Jamaica, os casos crescerem continuamente por várias semanas. No Canadá, o estado de Ontário relatou aumento de casos nas últimas duas semanas, enquanto os estados de Minnesota e West Virginia relataram aumento de mortes.
“O que acabei de descrever é uma emergência ativa de saúde pública”, disse Etienne. “À medida que o vírus aumenta e as hospitalizações aumentam, precisamos urgentemente aumentar a vacinação entre nossas populações mais vulneráveis.”
Mais de 155,8 milhões de doses de vacinas, incluindo as entregas do COVAX, foram direcionadas às Américas e, no Caribe e na América Latina, campanhas de imunização estão em andamento em 33 dos 35 países membros da OPAS. A Organização está ajudando Haiti e Cuba, os dois países que ainda não iniciaram a imunização.
“As doses que foram entregues estão nos ajudando a começar a proteger os profissionais de saúde e outras comunidades vulneráveis e esperamos que mais cheguem a cada semana”, disse Etienne, ressaltando que a aceitação das vacinas tem sido alta. “Essas vacinas aprovadas pela OMS são seguras e funcionam. Quando for sua vez, não hesite. Vacine-se.”
Apontando a longa e bem-sucedida história de vacinação das Américas contra poliomielite, sarampo, gripe e febre amarela, a diretora disse que, "uma vez que nosso suprimento aumentar, não haverá outra região no mundo melhor preparada para fornecer vacinas com rapidez e segurança". “Nossos profissionais de saúde têm experiência especial na condução de campanhas de vacinação em grande escala que cobrem diversas geografias”, complementou.
“A OPAS tem fornecido treinamento e apoio técnico aos países para que tenham maior capacidade de rastrear eventos adversos, o que será crítico à medida que novas vacinas são desenvolvidas e introduzidas na região”, destacou a diretora da OPAS. “Esta é uma conquista notável e um crédito aos países por fazerem da vacinação uma prioridade e aos profissionais de saúde por seu compromisso em manter nossa região segura.”
Etienne também lembrou os países do próximo dia 24 de março, Dia Mundial da Tuberculose, um marco global para aumentar a conscientização sobre o impacto devastador da doença e abraçar a meta da OMS de eliminar a TB até 2050.
“Precisamos cumprir nossos compromissos de reduzir a carga da tuberculose em nossa região e em todo o mundo”, alertou Etienne. “Se há algo que espero tirarmos desta pandemia é uma apreciação pelo poder da saúde - e como uma boa saúde é fundamental para o bem-estar das sociedades. Acesso igual a boa saúde: esse deve ser nosso foco. É assim que acabaremos com a tuberculose. É assim que vencemos a COVID-19”.