19 de janeiro de 2017 – Uma equipe da Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS) está em Minas Gerais acompanhando as investigações sobre o surto de febre amarela no estado. O organismo internacional também está atualizando os alertas epidemiológicos sobre a doença para a Região das Américas. A febre amarela é uma enfermidade hemorrágica viral aguda transmitida por mosquitos infectados. Pode ser prevenida por uma vacina eficaz, segura e acessível.
A atualização de alerta epidemiológico mais recente, publicada na noite desta quarta-feira (18), informa os dados dos países do continente que, nos últimos anos, reportaram casos confirmados de febre amarela: Brasil, Colômbia e Peru.
No Brasil, em 2015, foram confirmados nove casos de febre amarela em três estados: Goiás (6), Pará (2) e Mato Grosso do Sul (1). Em 2016, foram confirmados seis casos nos estados de Goiás (3), São Paulo (2) e Amazonas (1).
Do dia 1 a 18 de janeiro de 2017, foram relatados no estado brasileiro de Minas Gerais 206 casos suspeitos de febre amarela em humanos, incluindo 53 óbitos. Casos em humanos foram relatados em 29 municípios, 22 dos quais também relataram a ocorrência de epizootias em primatas não humanos (morte ou adoecimento de macacos). Além disso, no estado vizinho do Espírito Santo, considerado fora da área de risco para febre amarela, quatro casos suspeitos da enfermidade foram relatados. Da mesma forma, a ocorrência de epizootias em primatas não humanos tem sido relatada em 14 municípios desse estado. Atualmente, o Brasil tem registros apenas de febre amarela silvestre.
Na Colômbia, não foram relatados casos suspeitos ou confirmados de febre amarela em 2017. Mas em 2016 o país registrou 12 casos de febre amarela selvagem, sendo 7 confirmados em laboratório. A maioria ocorreu nos departamentos (equivalentes a “estados”) de Vichada (3), Meta (2) e Vaupés (2).
No Peru, os dados mais recentes disponíveis, de 2016 (semana epidemiológica 52), apontaram 79 casos de febre amarela selvagem, dos quais 62 confirmados, incluindo 24 mortes. O departamento de Junín registrou o maior número (51 casos), seguido de Ayacucho (7) e San Martin (5).
Entre os profissionais da OPAS/OMS enviados a Minas Gerais, está um que atuou na resposta ao surto de febre amarela urbana e silvestre ocorrida em 2008 no Paraguai.
Recomendações
A OPAS/OMS avalia que a melhor estratégia para prevenir a febre amarela é a vacinação. Tendo em vista o aumento no número de casos confirmados da doença em países das Américas, assim como o crescimento de epizootias em primatas não humanos, a OPAS/OMS recomenda que os Estados Membros continuem seus esforços para detectar, confirmar e manejar casos de febre amarela em um contexto de circulação de diversas arboviroses (como zika, dengue e chikungunya).
Para isso, é importante que os profissionais de saúde estejam atualizados e treinados para detectar e tratar casos especialmente em áreas de circulação do vírus. A OPAS/OMS insta os Estados Membros a implementar as ações necessárias para informar e vacinar viajantes que se dirigem para áreas onde a certificação da vacina contra a febre amarela é obrigatória.
A Organização não recomenda qualquer restrição de viagem ou comércio com países em que houver surtos de febre amarela.
Transmissão
O vírus da febre amarela é um arbovírus do gênero flavivírus, transmitido por mosquitos pertencentes às espécies Aedes e Haemagogus. Ambas vivem em diferentes habitats – algumas em volta das casas (domésticas), outras na floresta (silvestres) e algumas nos dois locais (semi-domésticas). Quarenta e sete países, sendo 34 na África e 13 nas Américas Central e do Sul, possuem regiões endêmicas de febre amarela.
Efeitos secundários
No mundo, são raros os relatos de efeitos secundários graves da vacina contra febre amarela. O risco é maior para pessoas com idade acima de 60 anos e qualquer pessoa com imunodeficiência grave devido aos sintomas do HIV/aids e outras causas, como disfunções na glândula timo. Pessoas com mais de 60 anos devem receber a vacina após avaliação cuidadosa de risco-benefício.
A vacina contra a febre amarela não deve ser administrada em:
- Pessoas com doença febril aguda, cujo estado de saúde geral está comprometido
- Pessoas com histórico de hipersensibilidade a ovos de galinha e/ou seus derivados
- Mulheres grávidas, exceto em uma emergência epidemiológica e situações em que há recomendação expressa de autoridades de saúde
- Pessoas severamente inmunodeprimidas por doenças (por exemplo, câncer, leucemia, aids etc.) ou medicamentos
- Crianças com menos de 6 meses de idade (consulte a bula do laboratório da vacina)
- Pessoas de qualquer idade com uma doença relacionada ao timo
Principais fatos
A febre amarela é uma doença hemorrágica viral aguda transmitida por mosquitos infectados. O termo “amarela” se refere à icterícia que acomete alguns pacientes.
- Os sintomas de febre amarela são febre, dor de cabeça, icterícia, dores musculares, náusea, vômitos e fadiga.
- Uma pequena proporção de pacientes que contraem o vírus desenvolve sintomas graves e aproximadamente metade deles morre entre 7 e 10 dias.
- O vírus é endêmico em áreas tropicais da África, América Central e América do Sul.
- Desde o lançamento da "Yellow Fever Initiative" (ação liderada pela OMS) em 2006, foram feitos progressos significativos no combate à doença na África Ocidental e mais de 105 milhões de pessoas foram vacinadas em campanhas de massa. Não foram notificados focos de febre amarela na África Ocidental durante 2015.
- Grandes epidemias de febre amarela ocorrem quando pessoas infectadas introduzem o vírus em áreas densamente povoadas, com alta densidade de mosquitos e onde a maioria das pessoas tem pouca ou nenhuma imunidade devido à falta de vacinação. Nessas condições, mosquitos infectados transmitem o vírus de pessoa para pessoa.
- A febre amarela pode ser prevenida por uma vacina eficaz, segura e acessível. Apenas uma dose da vacina é suficiente para garantir imunidade e proteção ao longo da vida contra a febre amarela. A vacina confere imunidade eficaz dentro de 30 dias para 99% das pessoas imunizadas.
- Tratamentos de apoio de qualidade em hospitais melhoram as taxas de sobrevivência. Não há, atualmente, nenhum medicamento antiviral específico para febre amarela.