
Brasília, 19 de março de 2025 – O Ministério da Saúde do Brasil liderou nesta terça-feira (18/03), em parceria com a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), uma reunião para o planejamento das ações de saúde voltadas à 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30), evento climático global que será sediado em Belém, no estado brasileiro do Pará, em novembro deste ano. O encontro, que vai até esta quarta-feira (19/03) e conta com apoio da Fundação Rockefeller, agrega especialistas e atores estratégicos, nacionais e internacionais, para contribuir com evidências e recomendações que subsidiem a formulação e futura implementação de um Plano de Ação sobre Clima e Saúde para a COP 30.
A Conferência reunirá milhares de participantes, incluindo chefes de Estado, delegações internacionais e especialistas em meio ambiente. Para o representante da OPAS e da Organização Mundial da Saúde (OMS) no Brasil, Cristian Morales, a integração da saúde ao debate sobre mudanças climáticas e equidade é central. “Os eventos climáticos extremos agravam enfermidades relacionadas ao calor, doenças crônicas, impactos na saúde materno-infantil, doenças infecciosas, trazendo-as para áreas que antes não eram afetadas, como, por exemplo, a dengue e outras arboviroses”.
O representante da OPAS e da OMS no Brasil complementou que por trás desses eventos estão muitas vidas e “os mais afetados pelas mudanças climáticas são aqueles que menos contribuíram para essa crise – comunidades vulnerabilizadas, sem recursos para se proteger”.
A reunião marca o primeiro passo na discussão do Plano de Ação sobre Clima e Saúde a ser considerado no âmbito da COP 30, que está sendo elaborado com foco na proposição de medidas concretas de adaptação às mudanças climáticas para o setor de saúde. Com a equidade como princípio central, o plano buscará garantir a resiliência dos serviços de saúde durante emergências climáticas e, ao mesmo tempo, reforçar a capacidade dos sistemas de saúde para mitigar a morbidade e mortalidade relacionadas ao clima.
A diretora do Departamento de Vigilância em Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério, Agnes Soares da Silva reforçou a urgência da adaptação do setor de saúde às mudanças climáticas. “O setor da saúde está na linha de frente. À medida que nos preparamos para a COP 30, devemos garantir que esta seja uma COP voltada para as pessoas, onde ações coletivas impulsionem nossos esforços”.
O chefe da Assessoria Especial de Assuntos Internacionais do Ministério da Saúde, embaixador Alexandre Pena Ghisleni, destacou a importância de um Plano de Ação sólido, com apoio da maior coalizão possível para que sejam obtidos resultados que façam a diferença. “Estamos convidando a comunidade internacional a unir esforços para avançar, tomando as ações que serão valiosas para o futuro do nosso planeta”.
Impactos das mudanças climáticas
A OMS estima que, entre 2030 e 2050, as mudanças do clima causarão mais de 250 mil mortes por ano. Além disso, os impactos econômicos serão significativos, aprofundando desigualdades. O Banco Mundial projeta que aproximadamente 130 milhões de pessoas estarão na linha da pobreza até 2030 e até um bilhão de pessoas poderão ser deslocadas devido às mudanças climáticas até 2050.
A Região das Américas é uma das mais vulneráveis às mudanças climáticas, com enormes desigualdades e 106 milhões de pessoas sem acesso adequado a saneamento, resultando em 30 mil mortes evitáveis a cada ano.
A reunião realizou uma avaliação preliminar das lacunas atuais de evidências em políticas de adaptação para redução e prevenção dos impactos das mudanças climáticas na saúde, incluindo lacunas de financiamento e propostas para o avanço dessa área.