A OPAS recomenda medidas para proteger as crianças dos efeitos indiretos e diretos da pandemia, já que mais de 1,9 milhão de crianças e adolescentes relataram infecção pela COVID-19 em 2021
Washington, D.C., 15 de setembro de 2021 (OPAS) – A diretora da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), Carissa F. Etienne, afirmou nesta quarta-feira (15) que a COVID-19 tem um impacto severo na saúde mental e física de crianças e adolescentes nas Américas. Etienne pediu aos países que tomem várias medidas específicas para protegê-los, incluindo a reabertura segura de escolas.
Etienne disse que mais de 1,5 milhão de casos foram notificados na região no ano passado; mais de 1,9 milhão já foram registrados nos primeiros nove meses deste ano. Embora crianças e jovens geralmente apresentem sintomas leves ou nenhum sintoma, eles também podem desenvolver doença grave.
“À medida que mais adultos recebem suas vacinas contra a COVID-19, as crianças - que ainda não são elegíveis para vacinação na maioria dos países - representam uma porcentagem maior de hospitalizações e até mortes por COVID-19”, ressaltou a diretora da OPAS em coletiva de imprensa. “Então, sejamos claros: crianças e jovens também enfrentam um risco significativo de adoecer com a COVID-19.”
Além disso, uma série de impactos secundários estão afetando as crianças e adolescentes de maneira particularmente crítica. “O vírus indiretamente tem consequências e está atrapalhando seu crescimento e desenvolvimento e colocando em risco suas chances de um futuro brilhante”, alertou Etienne.
A diretora da OPAS enfatizou o impacto negativo de não frequentar a escola. “A cada dia em que as crianças ficam sem estudar presencialmente, maior é a probabilidade de desistirem e nunca mais voltarem à escola”, disse. “Para algumas das crianças mais vulneráveis - especialmente nossas meninas - isso pode ter consequências duradouras.”
“Os especialistas concordam que a pandemia desencadeou a pior crise educacional que já vimos na região”, continuou Etienne, que pediu que os países se concentrem na restauração da saúde, educação e serviços sociais para as populações em idade escolar.
Crianças e adolescentes também estão perdendo check-ups anuais e vacinações de rotina devido a interrupções generalizadas nos sistemas de saúde. “Metade dos jovens experimentou aumento do estresse ou ansiedade durante a pandemia, mas os serviços de saúde mental e apoio continuam fora do alcance de muitos”, afirmou Etienne.
Os serviços de saúde sexual e reprodutiva também foram interrompidos em mais da metade dos países da região e lockdowns e disrupções econômicas aumentaram o risco de violência doméstica, o que pode tornar o lar inseguro para crianças e adolescentes.
Para reduzir os impactos negativos sobre os jovens, os países devem fazer “tudo o que puderem para reabrir as escolas com segurança”, aconselhou Etienne. Observando que “não existe um cenário de risco zero”, ela disse que as autoridades nacionais e locais devem decidir quando abrir ou fechar escolas, dependendo das condições epidemiológicas locais e da capacidade de resposta. A OPAS desenvolveu diretrizes detalhadas para a reabertura segura, incluindo a garantia de ventilação adequada e condições sanitárias.
As crianças e adolescentes devem praticar as comprovadas medidas de saúde pública: distanciamento físico, lavar as mãos com frequência, usar máscara em público e evitar locais lotados. E devem fazer o teste se desenvolverem sintomas ou suspeitarem que estão doentes.
Os países devem desenvolver campanhas de comunicação direcionadas para crianças e adolescentes para garantir que entendam seu risco de infecção e capacidade de transmitir a COVID-19. “Muitas crianças e jovens ainda não acham que estão em risco”, disse Etienne.
A diretora da OPAS relatou que as infecções aumentaram 20% nas Américas na semana passada, mesmo enquanto estão diminuindo ou estagnando em muitas outras partes do mundo. Os casos aumentaram um terço na América do Norte devido aos aumentos nos Estados Unidos e Canadá. Os EUA estão notificando mais de 100 mil novas infecções diárias pela primeira vez desde janeiro.
As infecções estão aumentando na Costa Rica, Guatemala e Belize, e muitos hospitais estão "completamente saturados" com pacientes infectados com COVID-19, disse Etienne.
Em geral, as infecções diminuíram no Caribe. No entanto, Granada, Barbados e Bermuda estão notificando aumentos acentuados, e a Jamaica teve suas infecções semanais mais altas desde o início da pandemia. Enquanto isso, a maioria dos países sul-americanos continua registrando declínios em infecções e mortes.
No total, 1,4 milhão de casos e 23,3 mil mortes relacionadas à COVID-19 foram notificados nas Américas na semana passada.