Genebra, 13 de dezembro de 2023 - Entre 2010 e 2021 as mortes no trânsito diminuíram ligeiramente para 1,19 milhão por ano, de acordo com o último relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS). No entanto, com mais de duas mortes ocorrendo por minuto e mais de 3.200 por dia, os sinistros de trânsito continuam sendo a principal causa de morte de crianças e jovens de 5 a 29 anos.
O Relatório Mundial sobre a Situação da Segurança Viária da OMS, publicado em 2023, mostra que, desde 2010, as mortes no trânsito diminuíram 5%, chegando a 1,19 milhão por ano este ano.* No entanto, esses sinistros continuam sendo uma crise de saúde global, colocando em risco a vida de pedestres, ciclistas e outros usuários vulneráveis das vias.
O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, disse: "É uma boa notícia o fato de que as mortes causadas pelos sinistros diminuíram, mas a redução precisa ser muito maior. Podemos evitar a tragédia das mortes no trânsito. É por isso que pedimos a todos os países que coloquem as pessoas, e não os carros, em primeiro lugar em seus sistemas de transporte, e que garantam a segurança de pedestres, ciclistas e outros usuários vulneráveis das vias.
Cento e oito Estados Membros da ONU relataram um declínio nas mortes no trânsito entre 2010 e 2021, sendo que dez deles (Belarus, Brunei Darussalam, Dinamarca, Japão, Lituânia, Noruega, Rússia, Trinidade e Tobago, Emirados Árabes Unidos e Venezuela) alcançaram uma redução de mais de 50%. Além disso, outros 35 países fizeram um progresso significativo, com uma redução na mortalidade entre 30 e 50%.
Carga mundial e usuários vulneráveis
O relatório revela, em termos absolutos, que 28% das mortes no trânsito ocorreram na região da OMS do Sudeste Asiático; a Região do Pacífico Ocidental, 25%; a Região Africana, 19%; a Região do Mediterrâneo Oriental 11%; e Região Europeia, 5%. A Região das Américas respondeu por 12% dos óbitos por sinistro de trânsito no mundo – praticamente o mesmo percentual identificado no relatório de 2018.
Nove em cada 10 mortes ocorrem em países de baixa e média renda. As mortes nestes países também são muito mais elevadas quando comparadas com o número de vias e de veículos em circulação. O risco de morte por habitantes, por exemplo, é três vezes maior nos países de baixo renda do que nos de alta, sendo que os países de baixa renda detém apenas 1% da frota motorizada global.
Cinquenta e três por cento de todas as mortes no trânsito são de usuários vulneráveis das vias, incluindo: pedestres (23%); condutores de veículos motorizados de duas e três rodas, como motocicletas (21%); ciclistas (6%); e usuários de dispositivos de micromobilidade, como e-scooters (3%). As mortes entre ocupantes de carros e outros veículos leves de quatro rodas caíram ligeiramente para 30% das fatalidades globais.
De acordo com o relatório, as mortes de pedestres aumentaram 3%, chegando a 274 mil entre 2010 e 2021 (representando 23% do total global), e as mortes de ciclistas aumentaram quase 20%, chegando a 71 mil (6% do total). Estudos mostram que 80% das vias não atendem aos padrões de segurança para pedestres e apenas 0,2% têm ciclovias. Considerando que 9 em cada 10 pessoas pesquisadas se consideram pedestres como prioridade, é preocupante que apenas um quarto dos países tenha políticas para incentivar a caminhada, o ciclismo e o transporte público.
Apelo por melhores normas e políticas
O relatório revela uma alarmante falta de progresso no avanço das leis e das nomas de segurança. Apenas seis países possuem leis que atendem às melhores práticas da OMS para todos os fatores de risco (excesso de velocidade, condução sob o efeito do álcool e uso de capacetes para motociclistas, cintos de segurança e sistemas de retenção para crianças), enquanto 140 países (dois terços dos Estados-membros da ONU) possuem tais leis para pelo menos um desses fatores de risco. Vale destacar que, 23 destes países modificaram as suas leis para cumprir as melhores práticas da OMS desde o relatório global sobre a situação da segurança viária de 2018.
A frota global de veículos motorizados deverá duplicar até 2030. No entanto, apenas 35 países – menos de um quinto dos Estados-Membros da ONU – legislam sobre todos os principais recursos de segurança dos veículos (por exemplo, sistemas avançados de frenagem e proteção contra impactos frontais e laterais, entre outros). O relatório também revela grandes lacunas na garantia de infraestruturas rodoviárias seguras, com apenas 51 países – um quarto dos Estados-Membros da ONU – a terem leis que exigem inspeções de segurança que abrangem todos os usuários das vias.
Nota aos editores
O Relatório Mundial sobre a Situação da Segurança Viária da OMS sobre segurança no trânsito 2023 é o quinto de uma série que mede o progresso na redução de mortes no trânsito. Este relatório abrange o progresso entre 2010 e 2021 e estabelece uma linha de base para os esforços de cumprimento da meta da Década de Ação das Nações Unidas 2021-2030 de reduzir pela metade as mortes no trânsito até 2030.
Este relatório foi produzido com o apoio da Bloomberg Philanthropies. Desde 2007, a Bloomberg Philanthropies destinou US$ 500 milhões para apoiar intervenções de segurança viária em países e cidades de baixa e média renda em todo o mundo.
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* Esse número se traduz em uma redução de 16% quando se leva em conta o aumento da população mundial.