9 de março de 2018 – No marco do Dia Internacional da Mulher, a Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS) e o Centro Latino-Americano para Perinatologia – Saúde das Mulheres e Reprodutiva (CLAP/SMR) participaram do evento “Saúde da Mulher no Tocantins: apresentação de experiências exitosas”, realizado em Palmas (TO). Os organismos internacionais e a Secretaria de Estado de Saúde do Tocantins trabalham juntos para fortalecer a assistência em toda a linha de cuidado das mulheres por meio da estratégia Zero Morte Materna por Hemorragia (0MMxH).
A representante adjunta da OPAS/OMS no Brasil, María Dolores Perez-Rosales, ressaltou que a estratégia 0MMxH, realizada em parceria entre a Organização e o CLAP/SMR, tem o objetivo de mobilizar governos, sociedade civil e comunidades em locais em que a hemorragia obstétrica é uma das principais causas de morte materna. “Nós temos o compromisso de contribuir com o Brasil na garantia do direito à saúde, com um olhar especial para a saúde da mulher. Compreendemos que a atenção e o cuidado com a saúde das mulheres repercutem positivamente na saúde de todos os que estão em seu entorno”, disse.
“O Tocantins foi o primeiro estado brasileiro a implementar em suas maternidades a estratégia Zero Morte Materna por Hemorragia, capacitando cerca de 150 profissionais de todos os pontos de atenção ao parto e nascimento”, ressaltou María Dolores. A representante adjunta destacou também que o estado foi pioneiro na utilização do traje antichoque não pneumático (TAN), “importante tecnologia que pode evitar a morte de mulheres no pós-parto”. Esse equipamento de compressão corporal permite controlar o sangramento temporariamente, o que ajuda a aumentar a sobrevida das mulheres enquanto aguardam procedimentos ou transferência para uma unidade de saúde de referência.
Suzanne Serruya, diretora do CLAP/SMR, lembrou que “nas últimas décadas, a morte materna diminuiu significativamente devido à melhor assistência por profissionais qualificados, instalações e recursos de saúde, como transfusões e atenção às emergências”. No entanto, enfatizou que a morte materna é uma grave injustiça social e que para evitá-la, é necessário fazer intervenções baseadas em evidências e realizar tratamentos respeitosos e culturalmente apropriados.
Cenário nas Américas
Mais de uma em cada cinco mortes maternas acontecem devido à hemorragia (sangramento). Mulheres grávidas enfrentam riscos significativos para a saúde que, muitas vezes, podem ser fatais também para seus bebês. Todos os dias, 16 mulheres morrem nas Américas devido às complicações na gestação ou no parto. A maioria desses óbitos ocorre durante as primeiras 24 horas após o parto.
Mais de 8% das hemorragias obstétricas na América Latina requerem transfusão de sangue no período pós-parto – o que representa 64% das necessidades totais de transfusão, segundo análise realizada com 712 mil casos clínicos perinatais, disponíveis na base regional do Sistema Informático Perinatal da OPAS/OMS, que apresenta dados de 2009 a 2012.
Os números citados acima sugerem que, para deter a mortalidade e a morbimortalidade materna, é preciso concentrar esforços nas hemorragias do terceiro trimestre, em especial as relacionadas ao parto e pós-parto. Essas são as mais graves e requerem um maior cuidado.
Entre os fatores que levam à morte materna estão a falta de transporte de emergência e de equipes devidamente capacitadas, sangue para transfusões, tratamento aquém dos padrões minimamente requeridos em instituições de saúde e também fatores relacionados à comunidade e à paciente.