Genebra, 7 de fevereiro de 2022 (OMS) – Dois anos após o início da pandemia, os sistemas de saúde ainda enfrentam desafios significativos na prestação de serviços essenciais de saúde. Interrupções contínuas foram relatadas em mais de 90% dos países pesquisados na terceira rodada da pesquisa de pulso global da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre continuidade de serviços vitais de saúde durante a COVID-19.
Os países registraram interrupções nos serviços para todas as principais áreas de saúde, incluindo saúde sexual, reprodutiva, materna, neonatal, infantil e adolescente, imunização, nutrição, tratamento do câncer, transtornos mentais, neurológicos e de uso de substâncias, HIV, hepatite, tuberculose, malária, doenças tropicais negligenciadas e cuidado de pessoas idosas. Além disso, mesmo com o aumento da vacinação contra a COVID-19, foram relatadas maiores interrupções nos serviços de imunização de rotina.
Os resultados desta última pesquisa, realizada no final de 2021, sugerem que os sistemas de saúde em todas as regiões e em países de todos os níveis de renda continuam sendo severamente impactados, com pouca ou nenhuma melhoria desde o início de 2021, quando a pesquisa anterior foi realizada.
Interrupção continua em todos os ambientes de saúde
Os países informaram interrupções em todos os ambientes de saúde. Em mais da metade dos países pesquisados, muitas pessoas ainda não têm acesso aos cuidados nos níveis de atenção primária e cuidados comunitários. Interrupções significativas também foram relatadas nos atendimentos de emergência, principalmente devido ao impacto nas pessoas com necessidades urgentes de saúde. Trinta e seis por cento dos países registraram interrupções nos serviços de ambulância; 32% nos serviços de emergência 24 horas; e 23% nas cirurgias de emergência.
As cirurgias eletivas também foram interrompidas em 59% dos países, o que pode ter consequências cumulativas na saúde e no bem-estar à medida que a pandemia continua. As interrupções nos cuidados de reabilitação e nos cuidados paliativos também foram relatadas em cerca de metade dos países pesquisados.
As principais barreiras à recuperação dos serviços de saúde incluem problemas pré-existentes nos sistemas de saúde que foram exacerbados pela pandemia, bem como a diminuição da demanda por atendimento.
Gargalos para expandir ferramentas para COVID-19
Embora os países continuem enfrentando desafios para manter os serviços essenciais de saúde, 92% deles também relataram gargalos críticos para ampliar o acesso a ferramentas essenciais para COVID-19, incluindo diagnósticos, terapias, vacinas e equipamentos de proteção individual (EPI).
A pesquisa destacou os problemas da força de trabalho de saúde como as maiores barreiras ao acesso às ferramentas para COVID-19, provavelmente causadas por profissionais de saúde que enfrentam exaustão, são infectados com COVID-19 ou deixam a força de trabalho. Os desafios da força de trabalho em saúde foram relatados por 56% dos países para diagnósticos e testes; 64% para terapias e tratamentos para COVID-19; e 36% para distribuição e uso de EPI. Os desafios do lado da demanda, como a falta de aceitação, acesso e acessibilidade da comunidade, são os gargalos mais frequentemente relatados para a vacinação contra a doença.
Entre outros obstáculos estão a falta de financiamento; escassez de suprimentos e equipamentos; e falta de dados, informações, estratégias e orientações.
Planos de recuperação em andamento
Todos os países pesquisados estão, no entanto, adotando estratégias para superar interrupções e recuperar serviços. Isso inclui fortalecer o treinamento e as capacidades da força de trabalho de saúde, fornecer serviços domiciliares ou de telessaúde, adquirir medicamentos essenciais e produtos de saúde, implementar estratégias de comunicação de risco e envolvimento da comunidade e implementar estratégias de financiamento da saúde. Esses países também estão buscando a resiliência dos serviços de saúde a longo prazo, com metade dos países pesquisados desenvolvendo um plano de recuperação dos serviços de saúde para se preparar para futuras emergências e 70% dos países alocando fundos governamentais adicionais para esforços de recuperação em torno do fortalecimento da capacidade da força de trabalho de saúde; acesso a medicamentos e outros produtos de saúde; saúde digital; infraestrutura de instalações e gerenciamento de informações e desinformação.
Mesmo interrupções moderadas nos serviços essenciais de saúde levam a consequências negativas na saúde e no bem-estar. Os resultados desta pesquisa destacam a importância de ações urgentes para enfrentar os principais desafios do sistema de saúde, recuperar serviços e mitigar o impacto da pandemia de COVID-19. A OMS continuará apoiando os países para atender às necessidades prioritárias do sistema de saúde e fazer a transição para a recuperação, encerrar a fase aguda da pandemia de COVID-19 e se preparar para futuras emergências de saúde.
Acesse aqui o relatório completo.
Nota aos editores
As descobertas são baseadas em resultados preliminares de 129 países, territórios e áreas que responderam à rodada da pesquisa global de pulso da OMS realizada de novembro a dezembro de 2021 sobre a continuidade dos serviços essenciais de saúde durante a pandemia de COVID-19. As respostas dos países referem-se à situação durante os seis meses anteriores à conclusão da pesquisa. O estudo analisa 66 serviços básicos de saúde em várias plataformas de entrega e áreas de saúde.
O objetivo da pesquisa é obter informações rápidas sobre o impacto da pandemia de COVID-19 nos serviços essenciais de saúde, os principais desafios para ampliar o acesso a ferramentas essenciais para lidar com a COVID-19 e como os países estão adaptando estratégias para manter a prestação de serviços e responder aos desafios do sistema de saúde. Esta rodada de pesquisa segue as pesquisas de pulso anteriores da OMS sobre a continuidade dos serviços essenciais de saúde distribuídas durante 2020-2021, incluindo: Rodada 1 e Rodada 2 da pesquisa de pulso sobre a continuidade dos serviços essenciais de saúde durante a pandemia de COVID-19; Avaliação rápida do impacto da pandemia de COVID-19 nos recursos e serviços de doenças não transmissíveis; Avaliação rápida do impacto da COVID-19 nos serviços mentais, neurológicos e de uso de substâncias; e pesquisas de pulso da Rodada 1 e da Rodada 2 sobre imunização.
Embora as pesquisas de pulso tenham limitações, como viés e representatividade de relatórios, a força desse esforço mostra que são abrangentes e fornecem informações rapidamente.