6 de dezembro de 2018 – A contribuição da evidência e do conhecimento científico para o cumprimento da agenda 2030 foi o tema orientador do 10º Congresso Regional de Informação em Ciências da Saúde (CRICS10), que teve fim nesta quinta-feira (6), em São Paulo. Um dos destaques do último dia do evento foi a mesa redonda “Registrando experiências para o intercâmbio de conhecimentos”, conduzida por Diego González, diretor do Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde (BIREME) – braço da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS).
“Temos um grande compromisso não só com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), mas com a agenda de Saúde Sustentável para as Américas 2018-2030 (ASSA2030). A informação, a evidência e o conhecimento cruzam transversalmente essas duas agendas”, disse González. O diretor da BIREME também afirmou que os países da região têm ricas experiências, mas muitas vezes não publicam suas pesquisas e resultados. “Com o registro, damos visibilidade às experiências. As redes podem aumentar a intersetorialidade das boas práticas e mostrar os impactos que elas tiveram, além de possibilitar sua reprodução e aplicação em outros contextos”. Citou como exemplos exitosos o LILACS e a rede de Bibliotecas Virtuais em Saúde (BVS).
O representante da OPAS/OMS em Honduras, Rodolfo José Peña, explicou como a pesquisa pode ser utilizada como ferramenta para a construção de políticas públicas em saúde no marco dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). “Políticas, estratégias e decisões informadas” foram os temas da mesa redonda liderada por Ludovic Reveiz, consultor da área de evidência e inteligência para ação em saúde da OPAS/OMS.
Na quarta-feira (5), segundo dia do CRICS10, os participantes acompanharam uma mesa redonda sobre gestão do conhecimento, encabeçada por Ian Roberts, coordenador da Biblioteca e Redes de Informação para o Conhecimento da Organização Mundial da Saúde. “Para a OMS, o trabalho feito pela BIREME, de impulsionar informações e conhecimento sobre saúde pública, é uma inspiração. É muito importante e vai além das fronteiras dessa região. Estamos falando sobre tecnologias, técnicas e metodologias, mas no fim, estamos ajudando as pessoas a terem uma vida melhor”, argumentou.
Em seguida, Tomas Allen, também da Biblioteca e Redes de Informação para o Conhecimento da OMS, teceu uma análise sobre a busca de informações científicas para os ODS e frisou que, “se conduzida apropriadamente, a revisão sistemática (desses trabalhos) pode reduzir o risco de viéses e aprimorar a confiabilidade e a exatidão da conclusão baseada em evidência”. Ele indicou ainda alguns dos próximos passos da gestão do conhecimento rumo ao futuro. Entre os exemplos, estão o uso e o reuso de filtros de busca, inteligência artificial para buscar textos completos e a visualização de evidência.
Outros temas foram abordados e discutidos durante o Congresso, entre eles inovação e saúde digital, ciência aberta, novas formas de produção de conhecimento e comunicação científica. No evento, também foi escrita e aprovada pelos participantes a “Declaração de São Paulo em prol da democratização do conhecimento científico para o alcance dos ODS”. Em breve, o texto estará disponível na internet para novos aportes e contribuições.
Mais informações sobre o CRICS
O lema desta edição foi “Rumo ao alcance da agenda 2030: contribuições da evidência e do conhecimento”. Neste ano, o evento reuniu especialistas em informação de saúde das Américas e contou com a exposição de profissionais da Argentina, Brasil, Canadá, Chile, Colômbia, Honduras, Espanha, Estados Unidos, Peru, Portugal e Suíça. Esses expertos buscaram contribuir com informações sobre distintos contextos mundiais, além de criar um espaço de aprendizagem, intercâmbio e socialização entre profissionais, estudantes e pesquisadores interessados na área de informação de saúde.
A primeira edição do CRICS ocorreu em 1992. Desde então, o encontro já foi realizado no Brasil (São Paulo e Rio de Janeiro), Estados Unidos (Washington D.C.), Costa Rica (San José), Cuba (La Havana) e México (Puebla).