5 de julho de 2018 – Serviços de saúde de baixa qualidade estão atrasando o progresso na melhoria da saúde em países de todos os níveis de renda, de acordo com um novo relatório lançado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), Organização Mundial da Saúde (OMS) e Banco Mundial.
Diagnósticos imprecisos, erros de medicação, tratamento inadequado ou desnecessário, instalações e práticas clínicas inadequadas ou inseguras e profissionais de saúde sem treinamento e experiência adequados prevalecem em todos os países.
A situação é pior em países de baixa e média renda, onde 10% dos pacientes hospitalizados têm probabilidade de adquirir uma infecção durante sua permanência – em comparação com 7% em países de alta renda. Isso ocorre mesmo quando as infecções hospitalares podem ser facilmente evitadas por meio de uma melhor higiene, melhores práticas de controle de infecções e uso apropriado de antimicrobianos. Ao mesmo tempo, um em cada 10 pacientes é prejudicado durante o tratamento médico em países de alta renda.
Estes são apenas alguns dos destaques do novo relatório, Delivering Quality Health Services – a Global Imperative for Universal Health Coverage. O documento também revela que doenças associadas aos cuidados de saúde de má qualidade impõem despesas adicionais às famílias e aos sistemas de saúde.
Houve algum progresso na melhoria da qualidade, por exemplo, nas taxas de sobrevivência para câncer e doenças cardiovasculares. Mesmo assim, estima-se que os custos econômicos e sociais mais amplos do atendimento de baixa qualidade, incluindo incapacidade de longo prazo, prejuízo e produtividade perdida, cheguem a trilhões de dólares a cada ano.
"Na OMS, estamos comprometidos em garantir que as pessoas, em todos os lugares, possam obter serviços de saúde quando e onde precisarem", disse o diretor-geral da Organização, Tedros Adhanom Ghebreyesus. “Estamos igualmente comprometidos em garantir que esses serviços sejam de boa qualidade. Sinceramente, não pode haver cobertura universal de saúde sem atendimento de qualidade.”
“Sem serviços de saúde de qualidade, a cobertura universal de saúde continuará sendo uma promessa vazia”, afirmou o secretário-geral da OCDE, Ángel Gurría. “Os benefícios econômicos e sociais são claros e precisamos ter um foco muito mais forte em investir e melhorar a qualidade para criar confiança nos serviços de saúde e dar a todos o acesso aos serviços de saúde de alta qualidade centrados nas pessoas.”
"A boa saúde é a base do capital humano de um país e nenhum deles pode pagar por cuidados de saúde insalubres ou de baixa qualidade", alegou o presidente do Grupo Banco Mundial, Jim Yong Kim. “Cuidados de baixa qualidade afetam desproporcionalmente os pobres, o que não é apenas moralmente repreensível, é economicamente insustentável para famílias e países inteiros.”
Outras descobertas importantes no relatório mostram um panorama dos problemas de qualidade nos cuidados de saúde em todo o mundo:
- Trabalhadores de saúde em sete países africanos de baixa e média renda só conseguiram fazer diagnósticos precisos de um terço a três quartos do tempo; as diretrizes clínicas para condições comuns foram seguidas em média menos de 45% do tempo.
- Pesquisas realizadas em oito países de alta mortalidade no Caribe e na África constataram que serviços de saúde materno-infantil eficazes e de qualidade são muito menos prevalentes do que o sugerido apenas considerando para o acesso aos serviços. Por exemplo: apenas 28% dos cuidados pré-natais, 26% dos serviços de planejamento familiar e 21% dos cuidados com crianças doentes nesses países se qualificaram como "eficazes".
- Cerca de 15% dos gastos hospitalares em países de alta renda se referem a erros no atendimento ou a pacientes infectados enquanto estão em hospitais.
As três organizações traçam as etapas que os governos, os serviços de saúde e seus trabalhadores, juntamente com os cidadãos e pacientes, precisam implementar urgentemente para melhorar a qualidade dos serviços de saúde. Os governos devem liderar o caminho com fortes políticas e estratégias nacionais de qualidade em saúde. Os sistemas de saúde devem se concentrar em um atendimento competente e experiência do usuário para garantir a confiança no sistema. Os cidadãos devem ser capacitados e informados para se envolver ativamente nas decisões de cuidados de saúde e na concepção de novos modelos de atendimento para atender às necessidades de suas comunidades locais. Os profissionais de saúde devem enxergar os pacientes como parceiros e se comprometer a fornecer e utilizar dados para demonstrar a eficácia e a segurança dos cuidados de saúde.