Genebra, 5 de outubro de 2021 (OMS) – Em todo o mundo, estima-se que apenas uma em cada 10 pessoas que precisam de cuidados paliativos estão recebendo o serviço e que a demanda global por cuidados para pessoas com doenças terminais continuará crescendo à medida que a população envelhece e a carga de doenças crônicas não transmissíveis aumenta. Em 2060, a necessidade de cuidados paliativos deverá quase dobrar.
O mundo, portanto, precisa de ação urgente e concertada para aumentar o acesso a serviços de cuidados paliativos de qualidade. Para atender a essa necessidade, a OMS está divulgando dois novos recursos para apoiar os países na avaliação do desenvolvimento dos cuidados paliativos e na melhoria da qualidade desses serviços.
Os dois recursos estão sendo divulgados antes do Dia Mundial de Cuidados Paliativos, celebrado em 9 de outubro de 2021.
Entre os recursos estão um relatório técnico da OMS que fornece um conjunto robusto e aplicável globalmente de indicadores de cuidados paliativos para os países. Esses indicadores podem ser usados para avaliar e monitorar a oferta de serviços de cuidados paliativos em países em todo o mundo. O relatório visa criar um consenso global sobre indicadores para medir o desenvolvimento dos cuidados paliativos e seu uso fornecerá dados confiáveis para apoiar a tomada de decisões, informando as prioridades de saúde e a alocação de recursos.
O segundo recurso é um resumo técnico sobre serviços de saúde de qualidade e cuidados paliativos, examinando abordagens práticas e recursos para apoiar políticas, estratégias e práticas. Ele irá orientar a ação nacional, distrital/estadual e local de atendimento para melhorar a qualidade dos serviços de cuidados paliativos.
Até o momento, o monitoramento da existência e maturidade dos serviços de cuidados paliativos tem sido feito na maioria das vezes por meio da avaliação do consumo de analgésicos opioides. Embora os opioides sejam vitais para o alívio da dor, eles são apenas um componente necessário para o desenvolvimento de serviços ideais de cuidados paliativos.
Em nível global, a harmonização de dados entre países fornece uma imagem mais clara das necessidades e desafios globais em cuidados paliativos, como a desigualdade. A medição também é um ponto de partida para identificar histórias de sucesso e aprender com os países para projetar estratégias de melhoria eficazes para aplicação em outros ambientes. Os indicadores ajudarão todos aqueles que trabalham com cuidados paliativos a identificar etapas tangíveis que podem ser consideradas pelos países para expandir o acesso a cuidados paliativos de qualidade para aqueles que deles precisam.
A prestação de cuidados paliativos na maioria dos países está muito aquém da necessidade desses serviços essenciais. A cada ano, estima-se que mais de 56,8 milhões de pessoas, incluindo 25,7 milhões no último ano de vida, necessitem de cuidados paliativos, das quais 78% vivem em países de baixa e média renda.
A COVID-19 destacou a necessidade de cuidados paliativos em todos os lugares e ambientes para aliviar o sofrimento ao fim da vida, como o sofrimento físico causado pela falta de ar ou o sofrimento psíquico resultante da separação de entes queridos. A pandemia também nos lembra a necessidade de que todos os profissionais de saúde tenham alguma formação em abordagem de cuidados paliativos: a demanda por serviços paliativos supera o que pode ser prestado apenas por equipes especializadas.
Os cuidados paliativos melhoram a vida dos pacientes e de suas famílias que enfrentam os desafios associados a doenças com risco de vida e graves sofrimentos relacionados à saúde, incluindo, mas não se limitando a, cuidados no final da vida. Os cuidados paliativos ideais nos países requerem: um ambiente político de apoio, comunidades empoderadas, pesquisa em cuidados paliativos, acesso a medicamentos essenciais para cuidados paliativos, sistemas sólidos de educação e treinamento para trabalhadores e profissionais de cuidados paliativos e atenção à qualidade dos serviços de cuidados paliativos. Os cuidados paliativos são um direito humano e um imperativo moral de todos os sistemas de saúde.