Washington D.C., 31 de outubro de 2024 – A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) emitiu um alerta epidemiológico devido à recente identificação de conglomerados e casos de sarampo na região das Américas, chamando os países a intensificarem os esforços de vacinação e vigilância.
No alerta publicado nesta segunda-feira, a OPAS informou que, em 2024, até 5 de outubro, foram registrados mais de 14 mil casos suspeitos de sarampo, com 376 confirmações em oito países das Américas, principalmente nos Estados Unidos (267 casos), Canadá (82) e Argentina (11). A maioria desses casos é importada ou está relacionada à importação. A região das Américas foi certificada como livre da rubéola em 2015 e livre de sarampo endêmico em 2016.
O sarampo é uma doença viral muito contagiosa e afeta principalmente crianças, podendo causar complicações graves, incluindo diarreia intensa, infecções auditivas, cegueira, pneumonia e encefalite (inflamação do cérebro). Algumas destas complicações podem ser fatais.
Os grupos de idade mais afetados são crianças de um a nove anos e jovens adultos de 20 a 29 anos. Em 57% dos casos confirmados, as pessoas não estavam vacinadas. Em 28% dos casos, o status de vacinação era desconhecido, destacando a necessidade urgente de abordar as lacunas na cobertura de vacinação. Embora tenha havido um aumento nos casos desde meados de fevereiro deste ano, a tendência geral mostra uma diminuição nas semanas posteriores a partir do fim de março; no entanto, casos continuaram sendo confirmados nos meses seguintes.
Ao longo do ano (em janeiro e junho), a OPAS alertou sobre a diminuição das coberturas de vacinação contra sarampo, rubéola e caxumba (vacina conhecida como tríplice viral). Em 2023, a cobertura regional para a primeira dose foi de 87%; e para a segunda dose, de 76%, abaixo do limite ideal dos 95% recomendados para prevenir surtos.
Em resposta à situação, a OPAS pede aos Estados Membros que implementem estratégias de busca ativa para detectar casos, bem como realizem atividades complementares de vacinação para suprir as lacunas de imunidade existentes e fortalecer a comunicação com as comunidades para fomentar a aceitação da vacinação. Também é recomendado aos viajantes que se vacinem antes de visitar áreas onde a transmissão de sarampo foi documentada.
A OPAS pede aos países que continuem fortalecendo os sistemas de vigilância, a resposta rápida a qualquer caso importado de sarampo e alcançando coberturas adequadas de vacinação. É crucial abordar fatores de risco que podem favorecer a disseminação do vírus, como a baixa cobertura vacinal, as lacunas na vigilância, a circulação ativa do vírus em outras regiões do mundo e o aumento do movimento de pessoas na região, além dos surtos de dengue que podem mascarar alguns casos de sarampo, sinaliza a Organização no alerta epidemiológico.
Em nível mundial, o sarampo ainda é uma das principais causas de morte em crianças pequenas, apesar da existência de uma vacina segura e eficaz para prevenir a doença. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), até 15 de outubro de 2024 foram notificados mais de 502 mil casos suspeitos de sarampo em 182 Estados Membros das seis regiões da OMS, dos quais mais de 283 mil (56%) foram confirmados.
A OPAS se compromete a apoiar os países na implementação de medidas efetivas para controlar a propagação do vírus e proteger as populações mais vulneráveis. A Organização também enfatiza a importância da colaboração interinstitucional para garantir uma resposta coordenada frente a esta ameaça de saúde pública.
Enquanto o sarampo continua sendo um problema de saúde global, a OPAS reitera que a vacinação com duas doses é a ferramenta mais eficaz para prevenir surtos e proteger as comunidades. É necessário manter sistemas de vigilância para a detecção precoce de casos importados, bem como uma resposta rápida aos surtos para limitar a propagação do vírus.