É muito provável que a Região experimente ondas epidêmicas recorrentes e surtos de COVID-19, intercalados com períodos de transmissão de baixo nível nos próximos 24 meses, enquanto se espera por uma vacina segura
Washington, D.C., 30 de setembro de 2020 – Ministros da Saúde das Américas se comprometeram nesta terça-feira (29) a manter e ampliar ações sustentadas para combater a COVID-19 e solicitaram à Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) que continue a apoiar os países em sua luta para controlar a pandemia.
A OPAS “presume que a Região experimentará ondas epidêmicas recorrentes e surtos intercalados com períodos de transmissão de baixo nível nos próximos 24 meses, enquanto se espera pelo desenvolvimento de uma vacina contra a COVID-19 que seja segura, eficaz, equitativamente acessível e alcance a cobertura populacional apropriada”, ressalta um relatório apresentado ao 58º Conselho Diretor.
Em uma resolução aprovada durante sessão virtual, os países solicitaram à diretora da OPAS, Carissa F. Etienne, que “continue fornecendo cooperação técnica baseada em evidências aos Estados Membros, promovendo inovação e compartilhamento de experiências, para retomar e manter operações e intervenções ininterruptas do sistema de saúde em todos os aspectos relevantes necessários para responder à pandemia de COVID-19”.
Os ministros destacaram especificamente o papel do Fundo Rotatório da OPAS para Acesso a Vacinas e o Fundo Rotatório Regional para suprimentos estratégicos de saúde pública com o intuito de “melhorar o acesso equitativo e o uso apropriado de vacinas, terapêuticas, diagnósticos, equipamentos biomédicos acessíveis, seguros, eficazes e de qualidade bem como equipamento de proteção individual que pode melhorar os resultados de saúde e reduzir o impacto da pandemia”.
As autoridades de saúde também pediram à OPAS que mantenha a rede regional de vigilância da influenza e outros vírus respiratórios e ampliá-la por meio da criação de uma Rede Regional de Vigilância Genômica e que apoie os países no engajamento em iniciativas globais, como o acelerador de acesso a ferramentas contra a COVID-19 e outras iniciativas para o desenvolvimento e acesso às tecnologias essenciais em saúde para a COVID-19.
Além disso, os países pediram que todos cumpram os dispositivos do Regulamento Sanitário Internacional (RSI), em particular os relacionados com a apresentação oportuna de informações.
Durante a sessão virtual, a OPAS forneceu uma atualização sobre a pandemia de COVID-19 e a resposta da organização e apresentou um relatório com sugestões “sobre como fortalecer e apoiar sistemas de saúde responsivos e adaptativos em face dos riscos desta pandemia para que a saúde e o bem-estar das sociedades, bem como o desenvolvimento social e econômico da Região, podem ser sustentados”.
Jarbas Barbosa, subdiretor da OPAS, destacou o impacto que a pandemia teve nos serviços essenciais de saúde, incluindo a imunização, com uma redução de 24% no número de vacinações MMR aplicadas (tríplice viral). Impactos negativos na saúde mental também foram relatados por muitos países, junto com interrupções nos serviços para doenças crônicas não transmissíveis, embora os países tenham aumentado os serviços de telemedicina para ajudar a superar essas interrupções, disse.
Os países devem aprender com a pandemia, garantindo o acesso aos serviços de saúde, fortalecendo os sistemas de informação e avançando na transformação digital da saúde para melhorar os sistemas de proteção social e reduzir a dependência de produtos importados, o que causou a escassez de suprimentos médicos, acrescentou Barbosa.
Ciro Ugarte, que chefia o programa de Emergências em Saúde da OPAS, afirmou que a transmissão de COVID-19 na Região das Américas continua muito ativa, mas houve melhorias na resposta, incluindo um aumento de 99% nos leitos de terapia intensiva em oito países importantes. A implantação de 151 equipes médicas de emergência e a criação de 184 centros médicos alternativos também ajudaram a reduzir a sobrecarga sobre os sistemas de saúde.
Os principais desafios à frente incluem melhorar a vigilância, resposta rápida e capacidade de expansão para investigações de casos, juntamente com um número limitado de testes disponíveis para laboratórios nacionais e suprimentos limitados de equipamento de proteção individual. Ugarte também destacou a necessidade de ter pessoal suficiente para manter os serviços essenciais de saúde, garantindo condições de trabalho seguras e decentes, com boa prevenção e controle de infecções.
No geral, medidas como bloqueios e restrições funcionaram para nivelar a curva da epidemia e atrasar seu pico, mas "as pessoas estão tendo uma falsa sensação de segurança e corremos o risco de perder as vantagens que ganhamos", ressaltou Ugarte. Ajustar as medidas restritivas é um desafio para os países, exigindo liderança e colaboração junto com boa inteligência epidêmica, disse. O chefe de Emergências em Saúde da OPAS também enfatizou que a reabertura de portos para turismo e comércio será um desafio e o setor de saúde tem pouca participação nessas decisões, o que pode afetar o curso da pandemia.
Uma atualização fornecida separadamente pela OPAS sobre a pandemia de COVID-19 observou que agora há mais de 16,4 milhões de casos notificados nas Américas, com mais de 550 mil mortes.
O Conselho Diretor da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) reúne ministros da Saúde e delegados de alto nível dos países membros para discutir e analisar políticas regionais de saúde e definir prioridades para cooperação técnica e colaboração entre países.