30 de maio de 2018 – O consumo de tabaco diminuiu significativamente desde 2000, revela um novo relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS). No entanto, essa redução ainda é insuficiente para atingir as metas acordadas globalmente para proteger as pessoas da morte e do sofrimento causado pelas doenças cardiovasculares e outras doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs).
Para o Dia Mundial sem Tabaco deste ano, celebrado nesta quinta-feira (31), a OMS se uniu à Federação Mundial do Coração para destacar a relação entre o consumo de tabaco e as doenças cardiovasculares – que são as principais causas de morte no mundo, responsáveis por 44% de todas as mortes por DCNTs – ou seja, 17,9 milhões de mortes a cada ano.
O consumo do tabaco e a exposição à sua fumaça (fumo passivo) são as principais causas de doenças cardiovasculares, que incluem ataques cardíacos e acidentes vasculares cerebrais e contribuem para cerca de três milhões de mortes por ano. No entanto, as evidências revelam uma grave falta de conhecimento dos múltiplos riscos à saúde associados ao tabaco.
"A maioria das pessoas sabe que o consumo de tabaco causa câncer e doenças pulmonares, mas muitas delas não sabem que o tabaco também causa doenças cardiovasculares e acidentes vasculares cerebrais – os principais assassinos do mundo", afirma Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS. "Neste Dia Mundial sem Tabaco, a OMS chama a atenção para o fato de que o tabaco não causa apenas câncer, ele literalmente destrói corações."
Embora muitas pessoas estejam cientes de que o consumo de tabaco aumenta o risco de câncer, existem lacunas alarmantes no conhecimento dos riscos cardiovasculares provenientes de seu uso. Em muitos países, esse baixo nível de conscientização é substancial. Na China, por exemplo, mais de 60% da população não sabe que fumar pode causar ataques cardíacos, de acordo com a pesquisa Global Adult Tobacco Survey. Na Índia e na Indonésia, mais da metade dos adultos não sabem que fumar pode causar acidentes vasculares cerebrais.
"Os governos têm em suas mãos o poder de proteger seus cidadãos do sofrimento desnecessário causado pelas doenças cardiovasculares", diz Douglas Bettcher, diretor da OMS para a prevenção de DCNTs. "Entre as medidas que reduzem os riscos para a saúde do coração representados pelo e tabaco, estão: tornar todos os espaços públicos e locais fechados totalmente livres do fumo e promover o uso de advertências sobre embalagens de tabaco que demonstrem os riscos que ele traz à saúde."
Mundo fora do caminho para atingir meta de redução do consumo de tabaco
O tabaco mata mais de sete milhões de pessoas a cada ano, apesar da redução constante de seu consumo no mundo, como mostra o novo relatório da OMS, Global Report on Trends in Prevalence of Tobacco Smoking 2000-2025. O documento mostra que, em todo o mundo, 27% das pessoas fumaram tabaco em 2000. Já em 2016, esse número baixou para 20%.
No entanto, o ritmo de ação na redução da demanda por tabaco e o número de mortes e doenças relacionadas ao seu consumo está lento em relação aos compromissos globais e nacionais para reduzir seu uso em 30% até 2025 entre pessoas com 15 anos ou mais. Se essa tendência continuar, o mundo só alcançará uma redução de 22% até 2025.
Entre as principais conclusões do novo relatório, estão:
- Mudança no tabagismo: há 1,1 bilhão de fumantes adultos no mundo e pelo menos 367 milhões de usuários de derivados do tabaco que “não produzem fumaça”. O número de fumantes no mundo praticamente não mudou neste século: também foi de 1,1 bilhão em 2000. Isso se deve ao crescimento populacional, mesmo quando as taxas de prevalência caem.
- Por sexo: entre homens com 15 anos ou mais, 43% fumaram tabaco em 2000, em comparação aos 34% em 2015. Já em relação às mulheres, 11% fumaram em 2000, em comparação aos 6% em 2015.
- Tabaco ‘sem fumaça’: cerca de 6,5% da população mundial com 15 anos ou mais usa derivados do tabaco que não produzem fumaça (8,4% dos homens e 4,6% das mulheres).
- Resposta dos países: mais da metade de todos os Estados Membros da OMS reduziram a demanda por tabaco e quase um em oito provavelmente atingirá a meta de redução de 30% até 2025. Mas os países devem fazer mais para monitorar o consumo do tabaco em todas as suas formas – não apenas em relação aos cigarros. Atualmente, um em cada quatro países possui dados insuficientes para monitorar essa epidemia.
- Juventude: em todo o mundo, cerca de 7%, ou pouco mais de 24 milhões de crianças entre 13 e 15 anos, fumam cigarros (17 milhões de meninos e sete milhões de meninas). Cerca de 4% das crianças entre 13 e 15 anos (13 milhões) usam produtos de tabaco ‘sem fumaça’.
- Países em desenvolvimento: Mais de 80% das pessoas que fumam tabaco vive em países de baixa e média renda. A prevalência do tabagismo está diminuindo mais lentamente nos países de baixa renda do que nos países de alta renda. Além disso, o número de fumantes está aumentando em países de baixa renda.
Svetlana Axelrod, diretora geral adjunta para DCNTs e saúde mental da OMS, pontua: “Sabemos quais políticas e ações podem aumentar as taxas de abandono do tabaco, como impedir que as pessoas comecem a usar tabaco e reduzir a demanda. Devemos superar os obstáculos à implementação de medidas como tributação, proibições de comercialização e implementação de embalagens simples. Nossa melhor chance de sucesso é por meio da união global e forte ação multissetorial contra a indústria do tabaco”.
Doenças cardiovasculares e consumo de tabaco nas Américas
Na região das Américas, o tabaco é responsável por mais de 900 mil mortes por ano, incluindo 72 mil mortes prematuras causadas pela exposição ao fumo e estão associadas a 11% das mortes causadas por doenças cardiovasculares.
A Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco da OMS, que entrou em vigor em 2005, insta suas partes a adotar uma série de medidas para reduzir a demanda e o suprimento de produtos derivados do tabaco. Essas intervenções incluem proteger as pessoas da exposição à fumaça do tabaco; proibir sua publicidade, promoção e patrocínio; proibir vendas para menores de idade; exigir advertências de saúde nas embalagens de produtos; incentivar as pessoas a pararem de fumar e aumentos os impostos.
“Há provas contundentes dos países que implementaram as medidas de redução do tabagismo de que os resultados podem ser vistos rapidamente”, indicou Adriana Blanco, chefe da Unidade de Fatores de Risco e Nutrição do Departamento de Doenças Crônicas Não Transmissíveis e Saúde Mental da OPAS. “Não precisamos esperar 10 anos para ver o impacto na saúde da população, especialmente em relação às doenças cardiovasculares. Por isso é tão importante que os países acelerem a implementação da Convenção-Quatro”.
Nota aos editores
Os países se comprometeram a reduzir as mortes prematuras por DCNTs em um terço até 2030, como parte dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, bem como implementar a Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco da OMS. Essa iniciativa entrou em vigor em fevereiro de 2005 e hoje possui 181 partes que cobrem mais de 90% da população mundial.
Saiba mais sobre tabagismo: https://www.paho.org/bra/index.php?option=com_content&view=article&id=5641:folha-informativa-tabaco&Itemid=0.
Benefícios à saúde após cessação do tabagismo: https://www.paho.org/bra/index.php?option=com_content&view=article&id=5685:folha-informativa-parar-de-fumar-e-seus-beneficios-a-saude&Itemid=839.