Por isso, acesso equitativo às vacinas nas Américas “deve ser uma prioridade global”, declarou Carissa F. Etienne
Washington D.C., 3 de março de 2021 – A diretora da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), Carissa F. Etienne, chamou a atenção para um aumento dos casos de COVID-19 no norte da bacia amazônica “que exige uma resposta rápida”. “No estado amazônico de Loreto, no Peru, cada leito de UTI é ocupado por um paciente com COVID-19”, revelou. O estado do Amazonas na Colômbia também está notificando as taxas de COVID-19 mais altas do país.
Etienne observou que, “no Brasil, o estado do Acre enfrenta uma emergência devido a uma combinação mortal de infecções por COVID-19, uma epidemia de dengue e inundações em várias cidades. Quase 94% das UTIs estão ocupadas e o sistema de saúde corre o risco de entrar em colapso à medida que mais e mais pacientes precisam ser hospitalizados. Outros estados brasileiros também estão registrando altas taxas de ocupação de UTIs, colocando o país em alerta”.
Segundo a diretora da OPAS, embora as Américas continuem sendo o “epicentro” da pandemia, a vacinação está atrasada porque a maioria dos países não pode acessar as doses das quais precisam por meio de acordos bilaterais com os fabricantes.
“A expansão do acesso equitativo às vacinas contra a COVID-19 nas Américas deve ser uma prioridade global”, ressaltou Etienne.
“Os países ricos estão implantando vacinas enquanto muitos países ainda não receberam uma única dose”, acrescentou. “Essa disparidade fere nossos princípios de solidariedade. Mas mais do que isso, é uma estratégia autodestrutiva. Enquanto a COVID-19 permanecer em uma parte do mundo, o resto do mundo nunca estará seguro.”
Etienne destacou que, na semana passada, “as Américas foram responsáveis por 55% das mortes notificadas em todo o mundo”. Ao todo, 34 mil pessoas morreram devido à COVID-19 na região semana passada e 1,1 milhões foram infectadas. Desde o início da pandemia, 51 milhões de pessoas foram infectadas no continente.
Outros pontos críticos da COVID-19 estão em El Salvador, na província indígena de Guna Yala, no Panamá, e nos municípios do norte da Guatemala.
“A diversidade de cenários nas Américas nos lembra que a complacência pode ser mortal”, disse a diretora da OPAS. “Sem medidas de controle eficazes, em apenas algumas semanas, as taxas de infecção e hospitalização podem aumentar drasticamente. Devemos continuar monitorando as taxas de infecção de perto e confiar em medidas comprovadas de saúde pública quando o vírus aumentar.”
Etienne também deu boas notícias: em outras partes da América do Sul as infecções continuam diminuindo. Os Estados Unidos, México e Canadá registraram declínio contínuo, enquanto todos os países da América Central observam uma queda nos casos. No Caribe, Santa Lúcia, São Vicente e Granadinas e Turcas e Caicos estão notificando quedas tanto em casos de COVID-19 quanto em mortes após a aplicação de medidas de saúde pública mais rígidas.
Em um desenvolvimento bem-vindo, a Colômbia se tornou na segunda-feira (1) o primeiro país da região a receber vacinas por meio do COVAX, o único mecanismo global que trabalha para garantir o acesso equitativo às vacinas, independentemente da renda dos países. Na remessa da “Primeira Onda” do COVAX, 117 mil doses da vacina Pfizer/BioNTech chegaram ao Aeroporto Internacional El Dorado, em Bogotá.
A chegada das vacinas pelo COVAX em nossa região é um marco histórico e o resultado de meses de negociações e um compromisso global com a solidariedade. Essas primeiras doses marcam o início de uma nova fase de nossa resposta à COVID-19.”
Carissa F. Etienne, diretora da OPAS
Nas Américas, 36 países participam do COVAX. Dez são países com Compromisso Antecipado de Mercado (AMC), ou seja, estes receberão as vacinas contra a COVID-19 gratuitamente. O restante dos países é autofinanciável.
Etienne disse que o COVAX afirmou aos países participantes que um total de 28,7 milhões de doses de vacinas serão entregues em maio de 2021. Disse ainda que alguns países já fizeram os preparativos necessários e a OPAS está fazendo pedidos e preparando as entregas do COVAX, com as remessas provavelmente chegando em meados de março. Mas alguns países ainda precisam aprovar os contratos com o mecanismo, garantir que tenham a regulamentação adequada em vigor e fazer os pagamentos.
“Chamamos nossos Estados Membros a fazerem disso uma prioridade para que possam receber as tão esperadas doses”, disse a diretora da OPAS. “À medida que mais doses são produzidas, veremos várias ondas de remessas chegando à região todos os meses. Em curto prazo, as doses permanecerão limitadas. E devemos usá-las com sabedoria, priorizando aqueles que estão em maior risco, como nossos profissionais de saúde, idosos e pessoas que vivem com doenças pré-existentes.”