25 de junho de 2019 – As taxas de transtornos causados pelo consumo de álcool entre mulheres são mais altas nas Américas que em qualquer outra região do mundo. Um curso virtual da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) proporciona aos profissionais de saúde as habilidades técnicas necessárias para identificar e abordar o consumo de álcool entre mulheres grávidas e em idade reprodutiva.
O curso “Uso de Álcool e Saúde da Mulher e Gestante”, agora também disponível em espanhol, oferece aos profissionais de saúde as informações baseadas em evidências mais recentes sobre estratégias de promoção da saúde durante a gravidez; detecção precoce do consumo de álcool na gestação; e formas de apoiar as mulheres na redução do consumo de álcool.
"O consumo de álcool durante a gravidez representa um grave risco à mulher grávidas e ao feto, levando a uma série de resultados negativos, como aborto espontâneo, baixo peso ao nascer e parto prematuro. Além disso, pode causar diferentes transtornos fetais irreversíveis", afirmou Maristela Monteiro, assessora em consumo de álcool e substâncias psicoativas da OPAS. "É vital que os profissionais de saúde tenham acesso às pesquisas mais recentes para implementar intervenções apropriadas antes que as mulheres engravidem, pois isso garantirá os melhores resultados para a mãe e a criança", acrescentou.
Embora os homens sejam historicamente os maiores consumidores de álcool, sofrendo mais consequências derivadas de seu consumo, as mulheres estão cada vez mais consumindo grandes quantidades e com maior frequência. A maioria das mulheres não sabe que está grávida nos primeiros meses de gestação e pode continuar consumindo bebidas alcoólicas, colocando em risco inadvertidamente o bebê que está por nascer.
Isso é particularmente significativo nas Américas, onde se estima que 3,2% das mulheres com mais de 15 anos têm transtornos por consumo de álcool, número duas vezes e meia maior que a média global de 1,3%. Isso as expõe a um risco aumentado de desenvolver uma série de outros problemas de saúde, entre eles câncer de mama, doenças cardiovasculares e acidente vascular cerebral. É mais difícil reduzir ou suspender o consumo quando já existe um transtorno e ainda mais difícil durante a gravidez.
Álcool e gravidez
O consumo de álcool é um fator de risco determinante de resultados adversos na gravidez, incluindo morte fetal, aborto espontâneo, parto prematuro, comprometimento do crescimento intrauterino e baixo peso ao nascer.
Globalmente, a prevalência de consumo de álcool durante a gravidez entre a população em geral é de 9,8%. Nas Américas, esse número é de 11,2%.
O consumo de álcool durante a gravidez, mesmo em pequenas quantidades, pode causar transtornos fetais ao bebê que está por nascer, entre eles transtornos mentais (como dificuldade de aprendizagem, deficiência intelectual e atrasos na fala e na linguagem) e transtornos físicos (incluindo características faciais anormais, problemas de visão e audição e condições cardíacas, renais ou ósseas), que afetam as pessoas durante toda sua vida. O diagnóstico de transtornos fetais causados pelo consumo de álcool é pouco frequente na maioria dos países da região. Por isso, profissionais de saúde precisam estar mais conscientes dessas condições, para que sua detecção precoce resulte na disponibilização dos serviços necessários de saúde, educação e assistência social às pessoas afetadas.
Curso virtual
O curso virtual tem carga de oito horas e foi desenhado para profissionais de saúde – enfermeiros(as), psicólogos(as), médicos(as) e agentes comunitários de saúde – e outros trabalhadores(as) da atenção primária à saúde, saúde materna e saúde mental.
A aprendizagem se dá em sete módulos, sendo eles: consumo de álcool e saúde da gestante; implicações do consumo de álcool durante a gravidez para o feto e recém-nascido; relações familiares; detecção do consumo de álcool durante a gestação; breves intervenções e tratamento; e implementação e promoção da saúde.