Genebra, 25 de maio de 2022 (OPAS) – Alcançar a saúde universal requer mais investimentos na atenção primária à saúde, contar com mecanismos financeiros que garantam o acesso à atenção, reduzir os gastos diretos com saúde (do próprio bolso) a quase zero e investir em uma força de trabalho qualificada, afirmou a diretora da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), Carissa F. Etienne.
Em uma mesa redonda realizada paralelamente à 75ª Assembleia Mundial da Saúde, Etienne pontuou que "a atenção primária à saúde é a base para alcançar o acesso e a cobertura universal de saúde, os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e o desenvolvimento humano". “A menos que invistamos mais na atenção primária, não chegaremos lá”, ressaltou a diretora da OPAS no evento dedicado à reorientação radical dos sistemas de saúde a partir da atenção primária como base da cobertura universal.
Estima-se que cerca de um terço da população das Américas não tenha acesso à atenção primária e que o investimento médio em saúde seja de 4,2% do Produto Interno Bruto (PIB) do país, abaixo dos 6% estipulados na Estratégia da OPAS para Acesso Universal à Saúde e Cobertura Universal de Saúde de 2014. "Deve haver um aumento do investimento em saúde", reiterou Etienne, afirmando que 30% desse investimento deve ser dedicado à atenção primária.
A diretora da OPAS também disse que "foram feitos investimentos significativos no desenvolvimento e capacitação de profissionais de saúde de nível terciário e secundário, mas não muito na atenção primária". Pediu aos países que trabalhem com instituições acadêmicas para ter médicos, enfermeiros e outros profissionais de saúde na atenção primária à saúde.
Etienne também pediu mais investimentos em sistemas de referência, transformação digital e em equipamentos e suprimentos para garantir atendimento de qualidade. "A menos que aumentemos a capacidade do nível primário de fornecer serviços de qualidade, nossas populações continuarão ignorando a atenção primária e indo para os hospitais, onde o custo é muito maior", acrescentou.
A diretora da OPAS pediu aos delegados dos países que levem essas mensagens aos chefes de Estado. "Muito antes da pandemia, os sistemas de saúde estavam em crise e frágeis. A COVID-19 deixou claro que não os desenvolvemos suficientemente." Os chefes de estado “devem também assumir a liderança na transformação radical de nossos serviços de saúde com base na atenção primária”, finalizou.