Ao todo, 2,7 milhões de crianças nas Américas não receberam em 2020 as vacinas necessárias para mantê-las saudáveis , enquanto cerca de 230 milhões de pessoas ainda não receberam nenhuma dose da vacina contra a COVID-19 na região
Roseau, Dominica, 25 de abril de 2022 (OPAS) – Em 2020, 2,7 milhões de crianças não receberam as vacinas necessárias para se manter saudáveis na Região das Américas devido às interrupções nos serviços de saúde causadas pela pandemia, alertou a diretora da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), Carissa F. Etienne, pedindo o preenchimento de todas as lacunas na cobertura vacinal, incluindo contra a COVID-19.
“Enquanto trabalhávamos arduamente para proteger nossas populações da COVID-19, nossos programas de imunização de rotina foram severamente afetados”, afirmou Etienne durante o lançamento da 20ª Semana de Vacinação nas Américas em Roseau, Dominica. “Mas mesmo antes de a COVID-19 paralisar o mundo, a cobertura de vacinação de rotina caiu abaixo dos níveis ideais”, disse.
Segundo a diretora da OPAS, os últimos dois anos retrocederam quase três décadas de progresso na vacinação contra a poliomielite e o sarampo, criando um risco real para sua reintrodução. "Hoje estamos de volta aos mesmos níveis de cobertura vacinal de 1994, quando essas doenças ainda representavam uma séria ameaça para nossas crianças, famílias e comunidades", enfatizou.
Etienne alertou que, "se esta situação continuar, pagaremos um preço muito alto em perda de vidas, aumento da incapacidade e enormes custos financeiros".
Desde a introdução das vacinas contra a COVID-19 na região, há 15 meses, mais de 66% dos habitantes da América Latina e do Caribe foram totalmente vacinados. No entanto, esta conquista fundamental ainda não é suficiente. “Há um longo caminho a percorrer para garantir que todas as populações em risco recebam as doses de que necessitam para se proteger”, ressaltou a diretora da OPAS.
“O acesso desigual às vacinas contra a COVID-19 e a hesitação generalizada às vacinas revelaram lacunas preocupantes em nosso cenário regional”, afirmou Etienne, acrescentando que “este é um dilema que precisa ser resolvido o quanto antes”. Além disso, afirmou que a Semana de Vacinação nas Américas “é uma oportunidade para tirar dúvidas e divulgar os benefícios da vacinação”.
As Américas lideraram a erradicação da varíola, a eliminação da poliomielite, do sarampo e da rubéola e a introdução oportuna de novas vacinas, como a pneumocócica, contra o papilomavírus humano (HPV) e o rotavírus, entre outras. Neste ano, os países e territórios da região planejam imunizar cerca de 140 milhões de pessoas no âmbito da Semana de Vacinação, que completa 20 anos em 2022.
Falas de presidentes, ministros e parceiros da região durante o evento de lançamento
Reginald Austrie, primeiro-ministro interino da Dominica
“O apoio da OPAS nos últimos dois anos foi inestimável. Dominica conseguiu combater a COVID-19, limitar as mortes e reduzir o impacto do vírus. Dominica vacinou mais de 41% de sua população contra a COVID-19, precisamos garantir que as vacinas estejam disponíveis para todos. Fomos um dos primeiros países a receber doses doadas na região e do Mecanismo COVAX. As vacinas estiveram disponíveis muito cedo. O acesso às vacinas não foi um problema durante a pandemia e, mesmo assim, queremos continuar aumentando a cobertura vacinal.”
Gabriel Boric, presidente do Chile
“Não há dúvida de que as vacinas tiveram uma tremenda importância em nossa história recente e, em particular, nos últimos anos em relação à pandemia. E diante de movimentos que às vezes questionam a eficácia ou o significado desses processos de vacinação em massa, só podemos defender o que a ciência alcançou, que, por meio da colaboração entre cientistas de todo o mundo, vem desenvolvendo mecanismos para combater situações tão terríveis quanto a pandemia. No entanto, também estamos em desvantagem, porque as taxas de vacinação nos diferentes países da América Latina continuam muito diferentes. E aqui estamos em uma situação em que ou nos salvamos juntos ou afundamos separadamente.”
Guillermo Lasso, presidente do Equador
“Depois de enfrentar a pandemia de COVID-19, o mundo entendeu a importância das vacinas. Não só salvaram vidas, como foram decisivas no regresso à vida normal. A vacinação é a melhor aliada para prevenir e nos proteger de doenças. É o que estamos comprovando com a diminuição drástica da COVID-19, com hospitais descongestionados e leitos de UTI vazios. Isso foi possível devido à nossa cobertura vacinal contra a COVID-19, que imunizou quase 9 em cada 10 equatorianos.”
Xiomara Castro, presidente de Honduras
“Durante a crise da pandemia, a cobertura regular de vacinação diminuiu, razão pela qual faço um forte apelo para fortalecer os programas nacionais de imunização e investir com responsabilidade o que for necessário para garantir saúde de qualidade, gratuita e universal em nossos territórios, especialmente aos setores em condições de maior vulnerabilidade. Junto-me ao apelo da OPAS e da OMS, comprometendo-nos a articular todos os esforços possíveis para levar a vacinação a todos os cantos do país, sem ignorar ou discriminar ninguém”.
Irving McIntyre, ministro da Saúde, Bem-Estar e Novos Investimentos em Saúde de Dominica
“O Programa Ampliado de Imunização de Dominica oferece vacinação gratuita, a nível primário de saúde, ao longo da vida contra doenças como difteria, sarampo, tétano, coqueluche, caxumba, rubéola, poliomielite e hepatites. Em 2019, também introduzimos a vacina contra o HPV. Temos uma das maiores taxas de cobertura, com quase 92% entre adolescentes. Mais recentemente, introduzimos as vacinas contra a COVID-19, com mais de 43% de toda a população totalmente vacinada. Para aproveitar as vacinas contra a COVID-19 e acelerar a vacinação, tivemos que adotar ações não tradicionais nesses tempos sem precedentes, como ativar equipes móveis de vacinação e criar um certificado virtual de vacinação.”
Rochelle Walensky, diretora dos Centros dos Estados Unidos para Controle e Prevenção de Doenças (CDC)
“As décadas de esforço dedicados à criação de programas de imunização em todo o mundo, feitos em colaboração com os programas de saúde pública dos países, ajudaram a estabelecer as bases para nossa capacidade de vacinar o mundo contra a COVID-19. Aproveitar o trabalho feito para aumentar rapidamente o apoio à vacinação contra a COVID-19 fornecerá muitos dividendos futuros à medida que vacinamos contra outras doenças. Só atingiremos nossos objetivos se trabalharmos juntos. Vocês têm o governo dos Estados Unidos como parceiro nesse trabalho.”
Carla Barnett, secretária geral da Comunidade do Caribe (CARICOM)
“A vacinação permitiu que o Caribe eliminasse o sarampo, a varíola, a poliomielite, a rubéola e a síndrome da rubéola congênita. Infelizmente, de acordo com a OPAS, há uma aceitação abaixo da média das vacinas contra a COVID-19, bem como uma mudança observável na trajetória das imunizações infantis. A fim de abordar o problema da resistência à vacina, a secretaria da CARICOM está colaborando com a CARPHA, OPAS, sociedade civil e outros para redobrar e acelerar os esforços de informação pública e educação para combater a desinformação, mitos e outros fatores que impulsionam dúvidas sobre as vacinas."