Projeto coordenado pela OPAS busca melhorar saúde de mulheres e crianças indígenas no Chaco Sul-Americano

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25 de março de 2019 – Serviços de saúde no Chaco Sul-Americano têm sido fortalecidos para melhorar a atenção a mães e crianças e para responder de forma oportuna e adequada às emergências obstétricas. Essas realizações foram viabilizadas por meio de um projeto que existe há dois anos, com apoio do Brasil e coordenação da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS).

A iniciativa “Hacia la Salud Universal de la Población del Gran Chaco Suramericano” (“Rumo à saúde universal da população do Grande Chaco Sul-Americano”, em tradução livre para o português) foi implementada em 2017 e prioriza 19 municípios de sete províncias da Argentina, Bolívia e Paraguai. Cerca de 400 mil pessoas vivem nesta área; aproximadamente 30% delas fazem parte de comunidades indígenas.

A meta do projeto é reduzir as mortes maternas, neonatais e infantis (crianças com menos de cinco anos). Um dos principais elementos da iniciativa é desenhar e fortalecer serviços de saúde culturalmente apropriados para as populações indígenas e rurais que habitam a região e derrubar as barreiras de acesso à atenção.

“A OPAS está comprometida com este projeto, uma semente que continuará a crescer com o compromisso de todos os atores, nacionais e locais, para que ninguém fique para trás”, disse a diretora da OPAS, Carissa F. Etienne.

Durante sua última visita oficial ao país, em 15 de março, Etienne visitou o município de Nanawa, no Chaco paraguaio, juntamente ao ministro da Saúde do Paraguai, Julio Mazzoleni e o prefeito municipal Javier Núñez, entre outras autoridades locais.

“Este projeto é como um sonho que se tornou realidade graças ao trabalho da OPAS e dos países envolvidos e se reflete em avanços já apresentados”, disse a diretora da OPAS.

Primeiros resultados do Projeto Chaco

A OPAS apresentou recentemente um relatório sobre os avanços do projeto e destacou que a iniciativa priorizou a melhora no acesso aos serviços de atenção materna e infantil, a integração em rede dos serviços de atenção nas zonas fronteiriças e a atenção com enfoque intercultural, além de intervenções multissetoriais para garantir o acesso à água potável, à saúde nutricional e à resposta a emergências como secas e inundações, entre outras.

No marco do projeto, realizaram-se até 2018 capacitações de profissionais de saúde; fortalecimento do trabalho intercultural com parteiras indígenas diante de emergências obstétricas; intercâmbio de experiências entre os países participantes; e o fornecimento de tecnologias perinatais, trajes anti-choque, kits de emergência para parteiras tradicionais e tecnologias de ultrassom. A atenção às crianças também foi aprimorada, particularmente em casos de diarreia e pneumonia.

Uma série de reuniões para compartilhamento de saberes médico-científicos e ancestrais entre parteiras tradicionais e profissionais de saúde foram promovidos para validade uma ferramenta de parto culturalmente seguro com mulheres indígenas.

Para melhorar a capacidade de resposta dos serviços de saúde, foram fornecidos equipamentos de emergência obstétrica e de comunicação, ambulâncias básicas e de suporte avançado, bem como barcos para ampliar a atenção a zonas de difícil acesso.

Além disso, sistemas de água segura para consumo humano foram instalados em dois hospitais, 17 comunidades rurais e 18 comunidades indígenas, atingindo mais de 1.240 famílias indígenas e cerca de 1.500 famílias rurais. Planos de contingência para inundações e secas também foram desenvolvidos.

No Paraguai, um programa de saúde nutricional foi implementado, com capacitação sobre preparação de alimentos nutritivos. Na Argentina, programas para garantir a promoção da saúde nas escolas também foram desenvolvidos.

Em nível de políticas, o projeto conseguiu posicionar o território do Chaco nas agendas dos Ministérios da Saúde em todos os países envolvidos e facilitou a coleta de dados e informações sobre saúde.

No entanto, alguns desafios persistem, entre eles como trabalhar em um plano de desenvolvimento territorial para a saúde do Chaco Sul-Americano que permita seguir avançando rumo à saúde universal. O relatório insta a priorizar o trabalho em saúde, nas zonas rurais distantes, fronteiras, com populações indígenas e para o acesso a água segura e saneamento, assim como a incorporar novos territórios e mobilizar recursos de maneira conjunta entre os ministérios da saúde e a OPAS.