Washington, 17 de julho de 2024 (OPAS) - Um estudo publicado na revista The Lancet Regional Health - Americas revela que a implementação de políticas para restringir o acesso a pesticidas altamente perigosos e armas de fogo poderia evitar mais de 120 mil mortes por suicídio na região das Américas em um período de dez anos.
A pesquisa, conduzida em colaboração com especialistas da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e do Centro de Dependência e Saúde Mental (CAMH) do Canadá, sugere que, se restrições ao acesso a armas de fogo ou pesticidas fossem implementadas em países onde eles são responsáveis por 40% ou mais dos suicídios, a taxa de mortalidade poderia ser reduzida em mais de 20% entre os homens e 11% entre as mulheres até 2030.
Cerca de 100 mil vidas são perdidas por suicídio anualmente nas Américas e, ao contrário de outras regiões da Organização Mundial da Saúde (OMS), a taxa de mortalidade por suicídio aumentou nos últimos anos. A restrição de meios é uma intervenção eficaz baseada em evidências na prevenção do suicídio e uma estratégia fundamental recomendada pela OMS em sua abordagem "LIVE LIFE" para reduzir a mortalidade por suicídio.
"O suicídio pode ser evitado e cada vida perdida é algo devastador", disse o diretor do departamento de Doenças Não Transmissíveis e Saúde Mental da OPAS, Anselm Hennis, e coautor do estudo. "Essa pesquisa mostra que políticas eficazes que limitam o acesso a dois dos métodos mais comuns de suicídio podem ter um impacto na redução da mortalidade na região", acrescentou.
Usando dados de 2020 a 2030, o estudo estima um impacto significativo em vários países. Por exemplo, em El Salvador, Guiana, Nicarágua e Suriname, onde a ingestão de pesticidas altamente perigosos causou 40% ou mais dos suicídios em cada país em 2019, as medidas de restrição poderiam reduzir substancialmente as taxas de suicídio até 2030. Da mesma forma, nos Estados Unidos, onde as armas de fogo foram responsáveis por mais de 40% das mortes por suicídio no mesmo ano, espera-se que as restrições direcionadas levem a uma redução acentuada nas taxas na próxima década.
Reduções mais notáveis poderiam ser observadas na sub-região do Caribe não latino. Se uma restrição específica a pesticidas altamente perigosos tivesse sido implementada na Guiana, no Suriname e em Trinidad e Tobago, em 2020, a taxa de mortalidade por suicídio poderia ter sido reduzida em até 31% entre os homens e 34% entre as mulheres.
"A implementação de medidas de restrição é mais eficaz quando os métodos são predominantes e representam uma proporção significativa das mortes por suicídio", disse o chefe da Unidade de Saúde Mental e Uso de Substâncias da OPAS e coautor do estudo, Renato Oliveira e Souza . "No entanto, também é crucial considerar o contexto sociocultural".
Os pesquisadores por trás do estudo pedem uma colaboração multissetorial para implementar essas intervenções baseadas em evidências a fim de atingir a meta da OMS de reduzir a taxa de mortalidade por suicídio em um terço até 2030.