23 de março de 2018 – Os avanços para reduzir os casos de tuberculose na região das Américas têm sido significativos. No entanto, de acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS), é necessária a mobilização de líderes de todos os setores para pôr fim a essa doença até 2030.
No Dia Mundial contra a Tuberculose, celebrado a cada 24 de março, a OPAS/OMS convoca todos os setores e níveis, desde governos até comunidades e sociedade civil, para somar esforços e liderar ações para alcançar a meta de eliminação da doença.
Na região das Américas, estima-se que em 2016 foram registradas 23.226 mortes por tuberculose. No mesmo ano, foram notificados 222.750 novos casos, mas o cálculo é de que cerca de 50 mil pessoas a cada ano não são diagnosticadas e, portanto, não recebem um tratamento oportuno, podendo contagiar outros e, assim, perpetuar essa doença. Além disso, segundo dados de 2016, estima-se que mais de 30 mil pessoas com HIV desenvolveram tuberculose na região.
“É possível acabar com a tuberculose na região das Américas. Devemos abordar os fatores que levam a essa doença: desde as condições de vida às dificuldades de acesso aos serviços de saúde”, afirmou Marcos Espinal, diretor do Departamento de Doenças Transmissíveis e Determinantes Ambientais de Saúde da OPAS/OMS. “Precisamos de líderes em cada um dos setores da sociedade que se comprometam e implementem ações para alcançar essa meta.”
Nas Américas, desde 2000, a taxa de incidência (novos casos) de tuberculose tem diminuído em 1,7% por ano, em grande parte devido às medidas adotadas pelos países da região, alinhadas à Estratégia Mundial para o fim da TB da OMS e ao Plano de Ação de Prevenção e Controle da Tuberculose da OPAS.
Contudo, essa taxa deveria ser reduzida para 5,3% a cada ano para chegar à meta de acabar com a epidemia de tuberculose até 2030, como indicam os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas. Atualmente, estimam-se 27 novos casos da doença por cada 100 mil habitantes nas Américas.
Desafios
As populações em maior risco de contrair a doença nas Américas são pessoas com HIV, em situação de rua, em privação de liberdade, habitantes de bairros em cidades com baixa renda, pessoas com problemas de abuso de drogas e álcool e populações que geralmente têm acesso limitado à atenção em saúde, entre outras. Oitenta por cento da população afetada vive em centros urbanos e o crescimento acelerado das cidades pode facilitar a transmissão da tuberculose.
Embora seja uma doença curável e prevenível, estima-se que mais de 23 mil pessoas morreram por tuberculose nas Américas em 2016. Pessoas imunodeprimidas as que possuem o HIV, por exemplo, desnutrição ou diabetes, bem como as que consomem tabaco, entre outras, correm um maior risco de contrair a doença.
A resistência aos atuais medicamentos contra a tuberculose, utilizados há décadas, é outro desafio que surgiu nos últimos anos. Em 2016, avaliou-se que, apenas nas Américas, houve 8,1 mil casos de tuberculose multidroga resistente (TB- MDR). Apenas 46% deles foram diagnosticados.
Existem outros desafios, como a introdução de novas tecnologias de diagnóstico rápido e de novos medicamentos, como os dispersíveis pediátricos ou de tratamentos encurtados para TB- MDR, assim como a expansão das iniciativas destinadas às populações vulneráveis, como a de controle da doença nas grandes cidades.
“Líderes para um mundo livre de tuberculose”
Para enfrentar esses desafios, a campanha do Dia Mundial contra a Tuberculose deste ano convoca “líderes para um mundo livre de tuberculose”. O foco é na construção de um compromisso para acabar com a doença não só em nível político, com os chefes de Estado, mas em todos os níveis: de prefeitos, governadores, parlamentares e líderes comunitários a pessoas afetadas pela doença, membros da sociedade civil, trabalhadores de saúde, médicos ou enfermeiros, entre outros responsáveis pela resposta.
Este ponto é fundamental para construir os compromissos necessários para a Reunião de Alto Nível sobre Tuberculose das Nações Unidas em setembro deste ano, na qual os chefes de Estado discutirão as ações necessárias para acelerar a implementação da estratégia Fim da Tuberculose e pôr fim à doença até 2030. O encontro acontece após a conferência mundial de ministros da saúde sobre o assunto, realizada em novembro de 2017 na Rússia. Na Declaração de Moscou, autoridades de saúde de 120 países se comprometeram a acelerar os avanços para pôr fim à tuberculose.