20 de dezembro de 2018 – A relação entre trânsito e saúde é o principal tema da nova publicação da Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS) no Brasil, lançada nesta quarta-feira (19). Segundo o documento, apesar de os acidentes de trânsito ainda estarem entre as principais causas de morte em todo o mundo – a primeira entre pessoas com idade entre 15 e 29 anos –, foi a partir dos anos 2000 que essa pauta começou a ser abordada de forma mais enfática na área da saúde. "A importância e o espaço institucional da saúde, somados a sua capacidade de influenciar outros setores, agrega à segurança no trânsito uma força há muito reclamada por outras áreas", revela a publicação.
Acesse aqui a publicação "Trânsito: um olhar da saúde para o tema".
A relação entre trânsito e saúde é estabelecida a partir da necessidade de uma reposta com foco na atenção às lesões decorrentes dos acidentes nas vias públicas. Segundo a publicação, “a saúde aporta à abordagem do trânsito os rigores e a riqueza do olhar epidemiológico para qualificação da informação. Ela se soma também aos esforços da segurança pública e da gestão do setor dos transportes com o olhar proativo da promoção da saúde, com sua a atenção aos determinantes sociais, e uma capacidade singular de amealhar outras áreas envolvidas, contribuindo com a evolução do conceito de prevenção da morbimortalidade no trânsito para uma visão ampla, de mobilidade sustentável”.
O documento também ressalta os esforços empenhados pela OPAS/OMS em relação ao tema. Em todo o mundo, estima-se que 1,3 milhão de pessoas morrem a cada ano em consequência de acidentes de trânsito. Além disso, o total de feridos, muitos deles com sequelas permanentes, pode chegar a 50 milhões, com implicações para suas famílias, comunidades e sociedade em geral. A região das Américas carrega o fardo de 11% dessas mortes e o Brasil é o quarto país com mais óbitos por esse motivo.
Apesar de o tema estar na entre as preocupações da organização desde a década de 1960, foi no início do século XXI que a OPAS/OMS começou a destacar enfaticamente a segurança no trânsito como um importante tema de saúde pública, reforçando assim suas atividades na região das Américas. Além de atuar junto aos governos de seus Estados Membros, a Organização conta com uma série de parceiros regionais e locais, como a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e organizações da sociedade civil, entre outros.
Um outro componente abordado na publicação é a visão de promoção da saúde como um campo fértil para intervenções efetivas no âmbito da segurança viária. “Reduzir a incidência dos traumas passa a não ser o único objetivo, quando a qualidade da vida – e não apenas sua preservação – é trazida à pauta. E é a partir desta agenda que o incentivo ao transporte saudável e a atenção aos fatores de risco para as cardiopatias, doenças pulmonares, diabetes, depressões entre outras enfermidades crônicas, ganham espaço no tema trânsito”.
Cenário global
Neste mês, a OMS divulgou um novo relatório indicando que as mortes no trânsito continuam aumentando. O documento destaca que as lesões causadas no trânsito são hoje a principal causa de óbito de crianças e jovens entre cinco e 29 anos. Apesar do crescimento no número de óbitos, as taxas de mortalidade proporcionais ao tamanho da população mundial se estabilizaram nos últimos anos. Isso sugere que os esforços de segurança viária feitos por alguns países de renda média e alta permitiram mitigar a situação.
“Essas mortes são um preço inaceitável a pagar pela mobilidade”, disse o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, ao lançar o documento. “Não há desculpa para a inação. Este é um problema com soluções comprovadas. O relatório é um apelo aos governos e parceiros para que tomem ações muito maiores para implementar essas medidas”.