Em congresso de nutrição, OPAS/OMS e OPSAN organizam oficina sobre alimentação baseada em afeto, tradições e direito

18 de abril de 2018 – A Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS) e o Observatório de Políticas de Segurança Alimentar e Nutrição da Universidade de Brasília (OPSAN) organizaram nesta quarta-feira (18), como parte do XXV Congresso Brasileiro de Nutrição (Conbran), a oficina “Por uma comida que é nossa!”.  A atividade, que aconteceu no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília, tem o objetivo de gerar reflexões e incentivar a mobilização para promover a cidadania alimentar com base no afeto, nas tradições e no direito.

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“Estamos vivendo um momento fundamental em que a alimentação e a nutrição despontam com metas audaciosas no âmbito da Década de Ação das Nações Unidas sobre Nutrição e dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)”, afirmou Alice Medeiros, consultora de Nutrição e Alimentação da OPAS/OMS no Brasil. No entanto, ela lembrou da importância das políticas públicas “que devem ser construídas coletivamente na luta por sistemas alimentares mais justos, equitativos e saudáveis para todas as pessoas”.

Medeiros alegou que ainda existem muitos obstáculos e desafios a serem superados para que o direito humano à alimentação adequada e saudável e o direito à saúde se tornem uma realidade para a população brasileira. “Juntos, vamos ressignificar a comida e perceber que comer é um ato político.”

A oficina, que foi realizada dividida em três momentos, contou com a participação de mulheres quilombolas, de religiões de matriz africana e terreiros, indígenas e agricultoras, que representaram a diversidade da alimentação nos mais diversos cantos e culturas do país. Os participantes se reuniram em grupos para discutir aspectos relacionados à alimentação: afeto, tradição e direito. “A comida é poderosa. É mais do que nutrientes; é carinho. É mais que os ingredientes de uma receita; é afeto, e está presente em nossas vidas o tempo todo”, ressaltou Maína Castro, do OPSAN.

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A mãe de terreiro Marcele de Xangô, afirmou que, nas religiões de matriz africana e terreiros, a alimentação não é apenas fundamental para a nutrição, mas também é considerada de forma simbólica, como parte dessa cultura tradicional. “O alimento para gente é sagrado, rezado. É importante que as pessoas conheçam essa tradição. Não podemos deixar que nossa comida tradicional se perca com o tempo. Temos que resgatar as receitas de nossos avós e bisavós”, defendeu.

O direito à alimentação, garantido na Constituição brasileira de 1988, foi abordado por Rafael Arantes, do Instituto de Defesa do Consumidor (IDEC).