17 de junho de 2019 – Um novo relatório da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) revela que o número de mortes no trânsito continua aumentando nas Américas, chegando a quase 155 mil por ano, 11% do total mundial.
O relatório “Status of Road Safety in the Region of the Americas” (“Estado da Segurança no Trânsito na Região das Américas”, em português) destaca que as lesões no trânsito são a principal causa de morte de crianças entre 5 e 14 anos e a segunda maior causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos. São também a décima causa de morte entre todas as faixas etárias.
“Essas descobertas indicam a necessidade de priorizar a prevenção dessas lesões com intervenções que sabemos que funcionam”, disse Carissa F. Etienne, diretora da OPAS. “Lesões no trânsito não só tiram a vida de milhares de pessoas a cada ano, mas também deixam outras milhares com incapacidade, problemas emocionais e financeiros, além de sobrecarregarem os serviços de saúde”, adicionou.
Panorama regional
O relatório apresenta dados relatados por 30 países das Américas sobre mortalidade (2016), legislação (2017), avaliação das vias (2017) e padrões de veículos (2018). Destaca que, embora tenha havido avanços na legislação e gestão de segurança no trânsito e na atenção pós-trauma às pessoas afetadas, a meta de reduzir pela metade as mortes no trânsito até 2020 não será alcançada.
Com 15,6 mortes por cada 100 mil pessoas, as Américas têm a segunda menor taxa de mortalidade no trânsito em comparação com outras regiões da OMS. No entanto, existem variações entre sub-regiões e países. O Caribe Latino (21,1 mortes por 100 mil habitantes), a Região Andina (20,9), o Cone Sul (que conseguiu reduzir sua taxa de 20,9 em 2013 para 18,4 em 2016) e o Caribe não-latino (16,7) apresentaram as taxas de mortalidade mais altas, enquanto a Mesoamérica (14,2) e a América do Norte (11,7) relataram as taxas mais baixas.
As taxas de mortalidade no trânsito variam de país para país e são influenciadas pelos níveis de desenvolvimento. De acordo com o relatório, Barbados e Canadá têm taxas de menos da metade da média regional (5,6 e 5,8 por 100 mil habitantes, respectivamente), enquanto Santa Lúcia e República Dominicana apresentam mais que o dobro da taxa de mortalidade regional (35,4 e 34,6, respectivamente).
Motociclistas, pedestres e ciclistas são mais afetados
Quase metade das pessoas que morrem por lesões causadas no trânsito são motociclistas (23%), pedestres (22%) e ciclistas (3%), considerados usuários vulneráveis das vias por circularem com mínima proteção e não terem outra opção senão utilizar uma infraestrutura de trânsito insegura. O percentual de motociclistas vítimas de acidentes de trânsito aumentou de 20% para 23% entre 2013 e 2016, o que pode estar relacionado a um aumento de 23% no número de veículos motorizados de 2 e 3 rodas registrados no mesmo período.
Avanços limitados na legislação
O relatório analisa os avanços nas legislações nacionais sobre os cinco principais fatores de risco para prevenir mortes e lesões no trânsito, como o excesso de velocidade, condução sob efeito do álcool e falta de uso de cintos de segurança, capacetes e sistemas de retenção para crianças.
Desde 2014, dois países – República Dominicana e Uruguai – estabeleceram leis sobre a condução sob a influência do álcool, o que eleva o número total de países para oito. O Equador implementou legislação sobre o uso de capacetes (sete países no total); a República Dominicana, sobre o uso obrigatório dos cintos de segurança (19 países no total); e o Chile, sobre o uso de sistemas de retenção infantil (dois países no total).
No entanto, nenhuma nova lei foi promulgada para reduzir os limites de velocidade, medida importante que salva vidas, com apenas cinco países garantindo padrões que se alinham às melhores práticas (introduzindo limites máximos de velocidade de 50 quilômetros por hora em vias urbanas).
“A promulgação de leis e sua aplicação efetiva são essenciais para evitar mortes no trânsito. No entanto, isso continua sendo um desafio na maioria dos países”, disse Eugenia Rodrigues, assessora regional de Segurança no Trânsito da OPAS. Rodrigues também ressaltou a importância de contar com agências de segurança viária, que existem em 29 dos 30 países da região, além da coordenação e colaboração entre diversos setores.
O relatório também avalia a situação das normas de segurança dos veículos e infraestrutura viária e analisa o progresso e os desafios para melhorar a atenção pós-colisão.