Diretora da OPAS traça panorama da medicina tradicional nas Américas em evento no Rio de Janeiro

12 de março de 2018 – A diretora da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), Carissa F. Etienne, apresentou nesta segunda-feira (12) um breve panorama sobre a medicina tradicional na Região das Américas, durante a abertura do 1º Congresso Internacional de Práticas Integrativas e Saúde Pública.

“Países como a Bolívia, o Equador e o México prometeram em suas constituições respeitar e incluir essas tradições em seus sistemas nacionais de saúde. Outros, incluindo Brasil, Chile, Cuba, Guatemala, Panamá, Peru e Nicarágua promulgaram legislações, políticas nacionais ou desenvolveram modelos de cuidados que reconhecem, protegem, promovem e clamam por estudos sobre medicamentos tradicionais e outros sistemas de cura frequentemente referidos como medicina complementar, alternativa ou integrativa”, disse Etienne.

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Segundo ela, os países e territórios das Américas estão também ampliando sua compreensão sobre a força de trabalho na área de saúde. “Cuba reconheceu a medicina natural e tradicional como uma especialidade médica. Nos Estados Unidos e no Canadá, médicos agora podem ser board-certified [certificado que demonstra experiência em uma especialidade] em medicina integrativa. No Brasil, Chile, Colômbia, Bolívia, México, Nicarágua, Peru, entre outros, o papel dos profissionais de saúde treinados em medicina tradicional e complementar, ou setores emergentes dentro dessas áreas, estão sendo reconhecidos ou reconsiderados como parte das equipes de saúde”.

A diretora da OPAS lembrou ainda que a Declaração de Alma-Ata, de 1978, já reconhecia a importância da medicina tradicional para a saúde e o bem-estar das pessoas. “Nas Américas, expressamos nosso contínuo compromisso com os valores e princípios de Alma-Ata. E eu estou convencida de que a saúde universal é a expressão de Alma-Ata no século XXI”, destacou.

Após a abertura, Etienne lançou, junto ao Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde (BIREME), a Biblioteca Virtual de Saúde de Medicinas Tradicionais, Complementares e Integrais das Américas. “Essa iniciativa é um manifesto do compromisso da OPAS/OMS com os países”, disse Diego González, diretor da BIREME. A plataforma surge como uma forma de suprir a necessidade de melhorar a disponibilidade e o acesso à informação científica e relevante em relação ao tema.

O ministro da Saúde do Brasil, Ricardo Barros, anunciou a incorporação de 10 novas práticas integrativas e complementares ao Sistema Único de Saúde (SUS): apiterapia, aromaterapia, bioenergética, constelação familiar, cromoterapia, geoterapia, hipnoterapia, imposição de mãos, ozonioterapia e terapia de florais. “Hoje, temos 29 práticas integrativas e complementares à disposição dos brasileiros. Elas são milenares e têm resultados efetivos e eficácia comprovada”, afirmou.

Alma-Ata

Há quarenta anos, os países membros da Organização Mundial da Saúde (OMS), reunidos em Alma-Ata, no Cazaquistão, definiram um conjunto de princípios para proteger e promover a saúde de todas as pessoas, enunciando a atenção primária à saúde como orientadora de um sistema de saúde integral. Desde a Declaração de Alma-Ata, os países das Américas vêm testemunhando progresso, crescimento econômico e melhoria de seus sistemas de saúde. Permanecem, contudo, muitos desafios na região, entre eles a pobreza e a desigualdade, as barreiras ao acesso à saúde e modelos de atenção ineficientes.

Saúde universal

Saúde universal é o tema deste ano do Dia Mundial da Saúde (7 de abril de 2018) e significa que todas as pessoas, sobretudo as que estão em situação de vulnerabilidade – não importa onde estejam –, tenham acesso a cuidados de saúde efetivos e de qualidade e sejam protegidas de dificuldades financeiras no momento em que necessitam de assistência. Abrange toda a gama de serviços de saúde, desde a promoção até prevenção, tratamento, reabilitação e cuidados paliativos.

Crédito da foto: Erasmo Salomão