Emergências de saúde paralelas colocam a região sob pressão e destacam a importância de sistemas de saúde resilientes.
Washington, D.C., 12 de outubro de 2022 (OPAS) – A diretora da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), Carissa F. Etienne, disse que o recente surto de cólera no Haiti, os casos de varíola dos macacos, infecções em andamento por COVID-19 e as baixas taxas de vacinação contra a pólio aumentam a necessidade de preparação para emergências sanitárias na região das Américas.
"Emergências sanitárias paralelas e ambientes sociais, políticos e naturais frágeis ilustram a importância de investir e fortalecer os sistemas de saúde", disse a diretora da OPAS durante coletiva de imprensa virtual hoje.
"Não temos tempo para nos recuperarmos e nos prepararmos entre as crises", acrescentou ela. Depois de mais de três anos, o Haiti relatou na semana passada um surto de cólera justamente quando o país estava a ponto de ser declarado livre da enfermidade.
Até 9 de outubro as autoridades nacionais do Haiti haviam confirmado 32 casos e 18 mortes, assim como mais de 260 casos suspeitos em torno da capital, Porto Príncipe.
"A cólera chegou em meio a uma grave agitação social e política", disse a diretora da OPAS, acrescentando que o contexto "complica os esforços para fornecer assistência humanitária e responder ao surto".
Dra. Etienne acrescentou que é provável que os casos sejam muito maiores do que os números relatados, pois a escalada da violência nas ruas e a atividade criminosa limitam o acesso e a mobilidade nas áreas afetadas.
A OPAS está apoiando as autoridades haitianas e parceiros internacionais no estabelecimento de centros de tratamento de cólera. A Organização doou duas toneladas de suprimentos médicos e está auxiliando o Ministério da Saúde Pública e população na vigilância e gerenciamento de casos.
"Também estamos preparados para ajudar o governo a acessar rapidamente os suprimentos de vacinas", enfatizou a diretora da OPAS.
Quanto à varíola, ela disse que foram relatados mais de 45 mil casos nas Américas, representando 63% do total global. Cerca de 95% deles são homens.
E, embora a propagação do vírus pareça estar diminuindo, mais de 2.300 novos casos de varíola dos macacos foram relatados na região na semana passada, principalmente nos Estados Unidos, mas também centenas no Brasil, Colômbia e México.
A OPAS começou a distribuir vacinas contra a varíola na região, segundo Dra. Etienne, sendo o Brasil e o Chile os primeiros países a receberem um primeiro lote na semana passada.
"Nós sabemos como manter o controle desta doença. Sabemos quem está mais em risco. E sabemos como manter as pessoas a salvo de infecções", enfatizou dra. Etienne, incentivando os países a usarem esse conhecimento para reduzir os casos e acabar com a transmissão.
A diretora da OPAS disse também que a tendência de queda da COVID-19 no mundo todo, inclusive nas Américas, mostra que "podemos estar passando da fase aguda da pandemia para uma fase de controle sustentado". Mas ela advertiu que isso só será possível com a continuação dos testes e o aumento da vacinação. Somente na semana passada, as Américas registraram 178 mil novos casos de COVID-19.
Embora mais de 70% da população da América Latina e do Caribe esteja totalmente vacinada contra COVID-19, muitos países ainda estão aquém do objetivo, com dez países e territórios na região que ainda não atingiram os 40%.
A diretora da OPAS também fez um novo apelo para ação contra a pólio, aumentando a cobertura e a vigilância da vacinação. Dra. Etienne disse que quatro países da região - Brasil, República Dominicana, Haiti e Peru - estão em "risco muito alto" de sofrer um surto, e outros oito são considerados de "alto risco".
A pólio, uma doença para a qual não há cura ou tratamento, deve tornar-se uma coisa do passado, insistiu Dra. Etienne. "Com vacinas eficazes e décadas de experiência em imunização, temos o poder de mantê-la à distância", disse ela.
Nossa região está sob pressão", concluiu a diretora da OPAS, convocando os países a "trabalharem rapidamente com as ferramentas que tem à mão para controlar essas quatro emergências sanitárias que estão ocorrendo nas Américas".