Brasília, 11 de abril de 2024 – Em um evento do G20 sobre força de trabalho em saúde, a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e a Organização Mundial da Saúde (OMS), apresentaram recomendações para garantir maior equidade na distribuição de profissionais de saúde nos países e territórios, inclusive com ações para aperfeiçoamento da qualificação e das condições de trabalho.
Um dos principais problemas que demandam soluções urgentes é a migração de trabalhadores de saúde para países e territórios de mais alta renda. “Os países do Caribe precisam de atenção especial, pois a disponibilidade de serviços já foi afetada como consequência do recrutamento ativo de profissionais de enfermagem especializados fora do país”, afirmou o diretor de Sistemas e Serviços de Saúde da OPAS, James Fitzgerald.
Uma análise de 2019 indicou uma combinação de fatores principais que contribuem para a migração de profissionais de saúde do Caribe anglófono para os sistemas de saúde de outras localidades, em particular da América do Norte e da Europa. São eles: salários atraentes e melhores condições de vida e trabalho nos países de destino, juntamente com a falta de oportunidades de desenvolvimento profissional, condições de trabalho inadequadas e salários baixos nos países de origem.
No mundo, há níveis recordes de migração internacional de médicos, profissionais de enfermagem e outros trabalhadores de saúde, principalmente para dez países do G20, conforme destacado pelo diretor de Força de Trabalho em Saúde da OMS, Jim Campbell.
“O G20 tem sido muito eloquente e muito positivo nesta questão. Desde 2017, tem apoiado ativamente o trabalho conjunto da OMS, da OIT (Organização Internacional do Trabalho) e da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), que procura garantir que os países que estão mais atrasados na cobertura universal de saúde e na sua densidade de força de trabalho, sejam protegidos do avanço do recrutamento internacional ativo, que pode ser antiético”, avaliou Campbell.
Para o diretor de Sistemas e Serviços de Saúde da OPAS, essa situação precisa ser resolvida coletivamente, com uma ação coordenada de países com maior e menor renda para desenvolver planos nacionais e buscar benefício mútuo na mobilidade dos trabalhadores entre países. Ele também destacou a necessidade de se investir em planos de carreira, prática interprofissional e alfabetização digital como forma de otimizar o impacto e a eficiência dos sistemas de saúde.
“O Campus Virtual da OPAS, por exemplo, vem fortalecendo capacidades em saúde pública há mais de 20 anos. Hoje, mais de 3,2 milhões de profissionais de saúde estão participando do campus”, citou Fitzgerald, acrescentando que essa iniciativa é também uma das estratégias para alavancar a saúde digital nas Américas.
Benjamín Puertas, chefe da unidade de Capacidades Humanas para a Saúde da OPAS, apresentou a “Política sobre a força de trabalho em saúde para 2030”, aprovada pelas autoridades de saúde das Américas, em setembro do ano passado, com cinco ações prioritárias:
- Fortalecer a governança e promover políticas e planos nacionais de recursos humanos em saúde
- Desenvolver e consolidar mecanismos regulatórios relacionados aos recursos humanos em saúde
- Fortalecer a formação de equipes multiprofissionais e sua incorporação a redes integradas de serviços de saúde baseados na atenção primária à saúde
- Fomentar o desenvolvimento e fortalecer as capacidades do pessoal de saúde para abordar as prioridades de saúde das populações e apoiar a preparação e resposta a emergências de saúde pública
- Promover condições dignas de trabalho, proteção física e mental dos profissionais de saúde e dotação adequada de recursos humanos em saúde por meio de financiamento e regulamentação
“Esses elementos irão realmente apoiar o fortalecimento das capacidades humanas em saúde nos países e territórios das Américas para alcançar sistemas de saúde resilientes”, disse Benjamín Puertas.
G20
O Grupo dos Vinte (G20) é um fórum de cooperação econômica internacional composto por 19 países (África do Sul, Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, Coreia do Sul, Estados Unidos, França, Índia, Indonésia, Itália, Japão, México, Reino Unido, Rússia e Turquia) e dois órgãos regionais: a União Africana e a União Europeia. A Presidência do G20 é atualmente ocupada pelo governo brasileiro.