1 de fevereiro de 2018 – Carissa F. Etienne, diretora da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e diretora regional da Organização Mundial da Saúde (OMS) para as Américas, iniciou formalmente neste mês seu segundo mandato como líder da agência de saúde pública com 115 anos de trajetória.
"Na região das Américas, a maioria dos países alcançaram muitas das metas fixadas em saúde pública. Por isso, daqui em diante, cada passo que dermos para melhorar a saúde requererá esforços redobrados para chegarmos às pessoas mais vulneráveis e marginalizadas, que não têm acesso à atenção à saúde”, disse Etienne em seu discurso de posse.
A diretora da OPAS considerou que, para isso, “não bastará apenas aumentar os investimentos gerais em saúde” e manifestou a necessidade de foco em “intervenções específicas que causem uma diferença tangível na vida” das pessoas que não recebem a atenção da qual necessitam.
Nos próximos cinco anos, Etienne trabalhará com os países membros da OPAS para alcançar “saúde para todos”. Uma comissão de alto nível criada pela OPAS vai analisar os progressos obtidos desde a Declaração de Alma-Ata sobre atenção primária e examinará os desafios e lacunas que persistem no caminho rumo à cobertura e o acesso universal de saúde na região.
Etienne inicia seu segundo mandato no caminho já estabelecido pela Agenda de Desenvolvimento Sustentável 2030, pelo Programa Geral de Trabalho da OMS, pelo Plano Estratégico da OPAS e pela Agenda de Saúde Sustentável para as Américas – que fornecem um marco interssetorial para o desenvolvimento social e econômico em todos os países.
Na presença do secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis Almagro; do secretário-geral da Comunidade do Caribe, Irwin LaRocque; e do secretário adjunto de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos, Eric Hargan; a diretora da OPAS assinalou que seu foco será advogar para que mais fundos sejam destinados à saúde e que eles sejam bem aplicados e centrados no primeiro nível de atenção, alcançando assim as pessoas mais vulneráveis.
Etienne disse que defenderá o fortalecimento dos sistemas de informação para contar com estatísticas e dados de qualidade, que servirão para detectar inequidades e vulnerabilidades e permitirão o assessoramento na elaboração de políticas e planos. Com esse objetivo, criou o novo departamento de Evidência e Inteligência para a Ação de Saúde da OPAS.
A primeira mulher do Caribe a liderar a organização hemisférica de saúde se concentrará também em preparar os serviços de saúde da região para resistir aos efeitos das mudanças climáticas. “O fortalecimento de sistemas de saúde resilientes é fundamental para que o setor de saúde responda de maneira a adequada aos desastres naturais”, considerou. Seu país de origem, Dominica, foi um dos mais afetados pelos furacões que ocorreram em 2017.
Etienne começou seu primeiro mandato de cinco anos em fevereiro de 2013. Foi reelegida pelos Estados Membros da OPAS durante a Conferência Sanitária Pan-Americana em setembro de 2017. Além disso, foi nomeada pela segunda vez diretora regional para as Américas da OMS pelo Conselho Executivo da Organização, ao fim de janeiro deste ano, em Genebra, Suíça.
Nestes últimos cinco anos, a OPAS tem ajudado os países da região a ampliar o acesso aos serviços de saúde, fortalecer os sistemas de regulamentação dos medicamentos e outras tecnologias de saúde, melhorar a força de trabalho da saúde e melhorar o acesso aos serviços de saúde seguros e eficazes, entre outros pontos.
Sob a liderança de Etienne, a OPAS também apoiou os países membros durante uma série de epidemias, incluindo a do vírus zika, chikungunya e febre amarela. A região das Américas se tornou a primeira região da OMS a eliminar a transmissão endêmica do sarampo, rubéola e síndrome da rubéola congênita, assim como o tétano neonatal. Quatro dos seis países endêmicos de oncocercose na região já eliminaram essa doença e um país eliminou o tracoma. Outros países estão perto de conseguir o certificado de eliminação da malária. Sete países e territórios das Américas validaram a eliminação da transmissão de HIV e sífilis de mãe para filho, com Cuba sendo o primeiro no mundo a conseguir essa conquista.
Os esforços para prevenir e controlar doenças crônicas não transmissíveis também foram consideravelmente impulsionados, já que vários países legislaram sobre a rotulagem de alimentos e introduziram impostos para bebidas açucaradas em nível nacional.
Etienne entrou na OPAS em 2003 como subdiretora responsável pelas áreas técnicas da Organização, em Washington D.C., Estados Unidos. De 2008 a 2012, foi subdiretora-geral de Sistemas e Serviços de Saúde da OMS em Genebra, onde dedicou especial atenção em renovar a atenção primária de saúde e fortalecer os sistemas de saúde baseados na atenção primária.
Antes de ingressar na OPAS/OMS, Etienne foi, em seu país, coordenadora do Programa Nacional contra a Aids, coordenadora para Casos de Desastre dentro do Ministério da Saúde, presidenta do Comitê Nacional contra HIV/aids e diretora dos Serviços de Atenção Primária à Saúde.
A representante iniciou sua carreira como médica no Hospital Princess Margaret, onde se tornou, mais tarde, diretora médica. Ela obteve sua licenciatura em Medicina e Cirurgia na Universidade das Índias Ocidentais, na Jamaica, e o título de mestrado em saúde comunitária nos países em desenvolvimento na Escola de Higiene e Medicina Tropical em Londres.