7 de junho de 2019 – Para marcar o Dia Mundial da Segurança dos Alimentos no Brasil, o Centro Pan-Americano de Febre Aftosa (PANAFTOSA-OPAS/OMS) reuniu autoridades nacionais e especialistas na área, nesta sexta-feira (7), em Brasília. Na ocasião, foram sintetizadas e compartilhadas as ações de cada ente, para aperfeiçoar o desenvolvimento do trabalho conjunto em segurança dos alimentos no país.
José Guilherme Tollstadius Leal, secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, destacou que tem buscado trabalhar com a sociedade e os diferentes órgãos de governo, com apoio da OPAS, para que os alimentos possam ser produzidos e ofertados com segurança. “No Brasil, a agricultura e a área de saúde têm boas parcerias e acredito que possamos avançar em integração e ter ações mais práticas, que é o que a população espera da gente”.
Fernanda Conde, analista técnica de políticas sociais do Ministério da Saúde, ressaltou a importância que essa integração representa. “Dentro do leque de atuação da vigilância, precisamos que as informações sejam fluidas, que os dados sejam conectados. Isso é fundamental, porque a vigilância em tempo oportuno significa prevenir mortes e doenças causadas pela insegurança dos alimentos. Este evento é essencial para ajudar nessa conexão”.
Eduardo Weisberg, presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Sorvetes (ABIS), concordou com a importância do encontro. “Temos que ter troca de informação constantemente. Porque há uma série de informações que precisamos. Estamos trabalhando para colocar nutrientes no sorvete, por exemplo, e aí precisamos ver com a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) como podemos trabalhar isso, como rotular”.
Segundo Thalita Antony de Souza Lima, gerente-geral de alimentos da ANVISA, “a tecnologia que está relacionada ao insumo e ao alimento terá um papel importante desde que tenhamos uma honestidade científica, que a ciência fale sempre mais alto, impedindo que questões ideológicas ou sem ciência possam interferir (na regulação)”.
Natália Sampaio Sene, superintendente técnica adjunta da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), concordou. “A CNA também busca se pautar em questões científicas. Quando a gente deixa de se pautar na ciência, perdemos qualquer parâmetro. Não é possível se basear em percepções próprias”. Segundo ela, a Confederação trabalha para identificar questões que podem ser melhoradas, a partir das necessidades do setor produtivo.
Simone Raszl, coordenadora de Segurança dos Alimentos da PANAFTOSA-OPAS/OMS, lembrou que a inocuidade alimentar é um tema global, relacionado a várias metas dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), como promoção da saúde e bem-estar (ODS 3), eliminação da fome (ODS 2) e produção e consumo sustentáveis (ODS 12). “Esse não é um desafio só do Brasil. A gente observa nos outros países a complexidade e a importância de trabalharmos juntos pela segurança dos alimentos. Precisamos não só olhar para o alimento em si, mas para tudo o que pode afetar e o que pode vir a acontecer ainda”, afirmou Simone.
Na mesma linha, Daniela Marreco Cerqueira, adjunta de diretora da Segunda Diretoria Representante da ANVISA, afirmou que a alimentação segura e nutritiva é essencial para o desenvolvimento dos países. “Sabemos que qualquer desvio, qualquer incidente nessa cadeia pode causar problemas graves de saúde pública. Podem afetar também a economia e o comércio em uma escala mundial. Por isso, esse tema é tão relevante para ser trabalhado em todos os países”.
A questão econômica também foi mencionada por André Luis de Souza Santos, coordenador do Comitê Codex Alimentarius do Brasil e representante no evento da presidência do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (INMETRO). “Se não temos alimentos seguros, não temos comércio internacional de alimentos e, com isso, não temos desenvolvimento econômico”.
O encontro organizado pelo PANAFTOSA-OPAS/OMS contou ainda com uma palestra da professora Mariza Landgraf, do Centro de Pesquisa em Alimentos da Universidade de São Paulo. Ela explicou, entre outras coisas, a diferença de definição entre segurança alimentar e segurança dos alimentos. “Ter segurança dos alimentos é assegurar que o alimento não causará danos ao consumidor quando preparado ou ingerido de acordo com o seu uso pretendido. Segurança alimentar é a condição em que a população tem acesso físico e econômico e de maneira contínua a um alimento seguro, em quantidade e valor nutritivo adequados para satisfazer às exigências alimentares e garantir uma condição de vida saudável e segura”.
Dia Mundial da Segurança dos Alimentos
A primeira celebração do Dia Mundial da Segurança dos Alimentos das Nações Unidas, a ser marcada globalmente em todo 7 de junho, visa fortalecer os esforços para garantir que os alimentos que comemos sejam seguros e destacar que esse tema é responsabilidade de todos.
A cada ano, quase uma em cada dez pessoas no mundo (cerca de 600 milhões de pessoas) adoece e 420 mil morrem depois de ingerir alimentos contaminados por bactérias, vírus, parasitas ou substâncias químicas.
Alimentos não seguros também dificultam o desenvolvimento em muitas economias de baixa e média renda, que perdem cerca de US$ 95 bilhões em produtividade associada à doença, incapacidade e morte prematura sofrida pelas(os) trabalhadoras(es).
Nas Américas, estima-se que 77 milhões de pessoas sofram um episódio de doenças transmitidas por alimentos a cada ano, metade delas crianças com menos de 5 anos de idade.