Washington, D.C., 28 de julho de 2020 — A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS/OMS) considera que é necessário ter um diagnóstico específico das lacunas na saúde e buscar formas de facilitar o acesso a serviços de saúde e a medidas de prevenção para populações afetadas pela pandemia da COVID-19, a exemplo das comunidades indígenas, afirmou nesta segunda-feira (27) o subdiretor da OPAS, Jarbas Barbosa, em uma reunião com líderes de povos amazônicos e especialistas de várias organizações internacionais.
Barbosa indicou que a OPAS pode promover diálogos em cada país entre os Ministérios de Saúde e organizações indígenas, assim como os outros organismos que estão respondendo à pandemia, de maneira que possam desenvolver roteiros sobre a resposta. O subdiretor da OPAS afirmou que são necessários dados confiáveis sobre os casos de COVID-19 e outras doenças que afetam essas populações, assim como garantir que possam implementar as medidas de saúde pública. Ressaltou que é preciso considerar também as implicações em torno da medicina tradicional no contexto da pandemia.
Em um diálogo virtual com líderes de organizações indígenas da Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Peru e Venezuela, assim como outras organizações nacionais e internacionais, especialistas da OPAS trataram de temas de acesso à saúde e populações em situação de vulnerabilidade no contexto da atual pandemia. As organizações indígenas manifestam a necessidade de serem ouvidas pelas autoridades nacionais de cada um dos países.
O objetivo deste encontro foi dar visibilidade à situação dos povos indígenas amazônicos no contexto da COVID-19 e apresentar as ações realizadas na sub-região amazônica pela OPAS em colaboração com os países e organizações indígenas da área. Outro objetivo foi formar uma coalizão para dar o apoio necessário na resposta às populações da Amazônia.
Gregorio Mirabal, coordenador geral das Organizações Indígenas da Bacia Amazônica (COICA) fez menção à importância de assegurar a participação dos povos indígenas nos esforços dos governos para responder à pandemia.
Nesta zona, o aumento diário de casos e mortes por COVID-19 tem sido um duro golpe aos povos e nacionalidades indígenas, concordaram os especialistas. A dificuldade das populações amazônicas de acessar a saúde para acesso à saúde exige uma resposta coordenada entre Estados, organizações indígenas, agências do sistema das Nações Unidas e outros parceiros da cooperação internacional. Nesse sentido, os especialistas pontuaram que se requere impulsionar um mecanismo de atenção e ajuda a essas populações.
Uma recente declaração conjunta, assinada pela OPAS e pela Coordenação das Organizações Indígenas da Bacia Amazônica (COICA), ressalta que “as altas taxas de doenças crônicas aumentam o risco de contrair COVID-19 com sintomas graves; que a desnutrição crônica de crianças, as altas taxas de mortalidade materna, a malária e a dengue se somam à emergência causada pela COVID-19. E que as organizações indígenas da Amazônia têm protocolos elaborados e estão usando recursos da medicina ancestral para combater a pandemia”.
A COICA e a OPAS pediram pelo "fortalecimento da atenção nos serviços de saúde da Amazônia, com dotação de recursos humanos, suprimentos e dispositivos médicos, incluindo testes, tratamentos e vacinas contra a COVID-19 quando disponíveis", com especial ênfase nos povos com isolamento voluntário.
Participaram da reunião especialistas dos mecanismos sub-regionais Organismo Andino de Saúde (ORAS-CONHU), Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), Fundação Oswaldo Cruz, OCHA, Rede de Soluções para o Desenvolvimento Sustentável, BID, AECID, ECHO da União Europeia e outros parceiros internacionais.