A eliminação das hepatites B e C até 2030 ainda é uma meta alcançável, disse a diretora da OPAS, chamando os países a manter os serviços de testes, prevenção, vacinação e tratamento das hepatites, integrando-os à atenção primária à saúde
Washington, DC, 27 de julho de 2020 (OPAS) – Uma pesquisa recente conduzida pela Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS) indica que a pandemia de COVID-19 afetou o diagnóstico e o tratamento das infecções virais por hepatite B e C na América Latina e no Caribe, o que tem freado o avanço na meta de eliminar essas doenças infecciosas até 2030.
Esta pesquisa foi realizada antes do Dia Mundial de Luta Contra as Hepatites Virais, em 28 de julho, que é celebrado anualmente para aumentar a conscientização sobre as hepatites virais, um grupo de doenças infecciosas que causam inflamação do fígado e podem levar à cirrose e câncer de fígado. Nas Américas, cerca de 5,4 milhões de pessoas vivem com infecções por hepatite B, enquanto 4,8 milhões estão infectadas com hepatite C. Este ano, a campanha está focada na meta da OPAS/OMS de eliminar as hepatites B e C até 2030, com o tema “As hepatites não podem esperar”.
“A eliminação das infecções virais por hepatite B e C até 2030 é uma meta alcançável para melhorar a saúde e o bem-estar nas Américas”, afirmou a diretora da OPAS, Carissa F. Etienne. “Mas a pandemia retardou nosso progresso. Devemos redobrar esforços para manter a eliminação das hepatites no caminho certo. Pessoas que vivem com hepatites virais não podem esperar.”
A pesquisa da OPAS/OMS, conhecida como “Pesquisa nacional de pulso sobre a continuidade dos serviços essenciais durante a pandemia COVID-19”, indica que mais da metade dos 18 países latino-americanos e caribenhos pesquisados relataram algum nível de interrupção no diagnóstico e tratamento das hepatites B e C. Dezessete por cento dos países pesquisados relataram interrupções graves que afetaram principalmente novos diagnósticos e tratamentos.
Diante de tais interrupções, a OPAS/OMS renovou seu chamado aos países para manter os serviços de teste, prevenção, vacinação e tratamento das hepatites virais, integrando-os à atenção primária à saúde. A OPAS/OMS também recomenda que todos os recém-nascidos sejam vacinados contra a hepatite B e recebam ao menos duas doses adicionais de vacina dentro de um ano após o nascimento para serem protegidos por toda a vida.
As estimativas da OMS para hepatite C indicam que, a cada ano, ocorrem cerca de 67 mil novas infecções e 84 mil mortes nas Américas. Os antivirais podem curar mais de 95% das pessoas infectadas com hepatite C, mas apenas 22% das pessoas cronicamente infectadas são diagnosticadas e apenas 18% delas receberam tratamento.
Os dados da OMS também mostram que há 10 mil novas infecções virais por hepatite B e 23 mil mortes anualmente nas Américas. Apenas cerca de 18% das pessoas que vivem com hepatite B foram diagnosticadas e apenas cerca de 3% delas estão recebendo tratamento.
“As hepatites são doenças sérias, mas altamente tratáveis”, alegou Etienne. “No entanto, estamos muito longe de garantir que todas as pessoas com hepatites recebam os serviços que podem significar uma recuperação. Não podemos negligenciar as hepatites.”
“A vacinação permitiu a eliminação da transmissão da hepatite B na primeira infância nas Américas, mas as taxas de vacinação na infância também diminuíram, ameaçando essa conquista”, continuou a diretora da OPAS. “Não podemos permitir que nosso progresso seja corroído.”
O Fundo Estratégico da OPAS ajudou alguns países a terem acesso a antivirais de ação direta (DAA), que podem curar a hepatite C em três meses. No entanto, muitos países não estão ampliando o tratamento porque os preços ainda são uma barreira para muitas pessoas.
Em 2019, a OPAS lançou sua iniciativa para eliminar mais de 30 doenças infecciosas na Região até 2030, incluindo as hepatites virais. Para isso, os sistemas de saúde devem garantir o acesso a exames e tratamento para todas as pessoas com hepatites virais, além de medidas preventivas como a vacinação.