Outros líderes de saúde enfatizaram as lições da COVID-19 e solidariedade na definição do futuro da saúde na região, incluindo a preparação para futuras emergências.
Na abertura da 30ª Conferência Sanitária Pan-Americana, nesta segunda (26), a diretora da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), Carissa F. Etienne, reconheceu conquistas significativas em saúde na última década, mas estimulou os países a enfrentarem os desafios atuais, incluindo as lacunas de imunização que “recuaram quase três décadas de progresso na vacinação infantil nos últimos anos”.
“Na última década, vi países traduzirem a ideia de atenção universal à saúde em políticas práticas”, disse a diretor da OPAS, citando como os governos locais, regionais e nacionais estão trabalhando juntos para alcançar “nossa agenda compartilhada para a saúde nas Américas e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável”.
A OPAS conseguiu expandir a cooperação técnica para aumentar a resiliência do sistema de saúde e a preparação para desastres, o que "se mostrou fundamental em nossas respostas à Zika, COVID e Varíola dos macacos", disse o Dra. Etienne.
Ainda que a colaboração tenha tido um impacto real na redução da desigualdade, Dra. Etienne disse que os países devem continuar com um espírito solidário para enfrentar os desafios atuais, incluindo a queda na cobertura vacinal.
Em geral, as taxas de vacinação para doenças evitáveis pararam ou retrocederam, disse a diretora da OPAS, e a região agora vê a circulação de doenças que “já tínhamos eliminado ou estávamos prestes a superar”.
A diretora da OPAS estimulou os países a reverterem essas tendências com "grande determinação", pois "outras doenças como difteria e febre amarela estão a apenas um surto de se tornarem emergências regionais".
A diretora também apelou para uma maior cooperação para a saúde universal na região, já que durante a COVID-19 “o mundo reconheceu o quão central é a saúde para nossas sociedades e nossas economias”.
“Há 120 anos, nas Américas, contamos com a cooperação porque entendemos que nossa saúde, nossa segurança e nossa prosperidade são interdependentes”, afirmou a diretora, referindo-se à criação da OPAS, em 1902, para enfrentar uma emergência de febre amarela.
À medida que nos voltamos para a tarefa de reconstrução dessa pandemia, disse o Dra. Etienne, “devemos fazer mais para melhorar a saúde de nosso povo, trabalhando em parceria”.
Espero que daqui a 10 anos possamos olhar para nossa região como uma só”, disse Etienne, onde os países reconheçam os laços que unem a saúde das pessoas, do planeta e dos animais, e onde “as tecnologias digitais melhorem o monitoramento de doenças, a experiência do paciente e incentivem a tomada de decisões informadas em todos os nossos Estados-Membros.”
A 30ª Conferência Sanitária Pan-Americana, realizada de 26 a 30 de setembro, começou nesta segunda, reunindo autoridades de saúde de países das Américas para deliberar sobre políticas para fortalecer a saúde.
Durante a semana, os delegados discutirão as emergências de saúde em curso, incluindo COVID-19 e Varíola dos macacos, e revisarão as políticas e as estratégias para fortalecer a preparação da região para futuros surtos. Isso inclui, entre outras, ações regionais para melhorar a vigilância genômica, desenvolver forças de trabalho de saúde resilientes e aprimorar sistemas regulatórios para facilitar a fabricação de tecnologias de saúde, como vacinas. Outras questões, como a crescente carga de transtornos de saúde mental, acesso à atenção primária e combate às doenças não transmissíveis, também serão abordadas.
A Conferência Sanitária Pan-Americana é o órgão decisório máximo da Organização, reunindo-se a cada cinco anos para definir políticas para melhorar a saúde e o bem-estar da população da região.
Durante a Conferência deste ano, os Estados Membros e participantes elegerão o próximo diretor da OPAS, que assumirá o cargo em 1º de fevereiro de 2023 e liderará a Organização pelos próximos cinco anos.
Outras participações da sessão de abertura da 30ª Conferência Sanitária Pan-Americana:
Dr. Julio Borba, ministro da Saúde Pública e Bem-Estar Social do Paraguai, presidente cessante da Conferência Sanitária Pan-Americana
"Podemos afirmar que se trata de uma pandemia de desigualdades, exacerbada especialmente nas esferas sanitária, econômica e social, em que se agravaram as desigualdades entre e dentro dos países. Devemos adotar as medidas necessárias para enfrentar esse novo cenário e renovar o compromisso político que nos permitirá construir um sistema multilateral mais consolidado que priorize, acima de tudo, o fortalecimento da cooperação internacional, solidariedade, equidade e unidade entre os Estados membros desta Organização”.
Alberto Fernández, presidente da Argentina (mensagem em vídeo, em espanhol)
"Duas coisas quero enfatizar que a pandemia nos deixou: primeiro é a importância de priorizar a saúde e segundo é que, nas crises, como em qualquer emergência, ninguém pode se salvar sozinho. Nossa região é, sem dúvida, uma das mais ativas na cooperação, e particularmente ativa na cooperação em saúde. A recuperação pós-pandemia nos apresenta novas possibilidades de colaboração. Somente investindo em saúde pública, a partir de uma abordagem baseada em direitos e com uma perspectiva de gênero, poderemos reduzir nossa dependência e vulnerabilidade, e estar mais bem preparado para enfrentar os futuros desafios globais".
Charles Angelo Savarin, presidente da Comunidade da Dominica
"As ameaças existenciais à saúde e econômicas das mudanças climáticas, doenças não transmissíveis e doenças novas e emergentes com potencial para epidemias e pandemias exigem agora, mais do que nunca, que sejamos solidários no avanço de nossa agenda de saúde".
Xavier Becerra, secretário do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos
“Durante este período difícil, nos unimos como região para combater o flagelo da COVID-19 e agora estamos no caminho da recuperação e da reconstrução. Nosso caminho para a recuperação e a reconstrução só será possível se reconstruirmos nossos sistemas de saúde juntos e investirmos os recursos necessários em infraestrutura de saúde”.
Dr. Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS) (mensagem em vídeo, em inglês)
"Como tenho dito nas últimas semanas, nunca estivemos em melhor posição para acabar com a pandemia COVID-19 como uma emergência sanitária global".
"Após dois anos e meio em um longo e escuro túnel, estamos apenas começando a vislumbrar a luz no final".
“Mas ainda não chegamos ao fim, ainda estamos no túnel, e há muitos obstáculos que podem nos fazer tropeçar se não andarmos com cuidado”.