Diretora da OPAS alertou que pode levar algum tempo antes que as pessoas sejam vacinadas e disse que os países devem continuar com as medidas de saúde pública como distanciamento social, lavar as mãos e usar máscaras em público
Washington D.C., 23 de setembro de 2020 – Os países não devem esperar que uma vacina contra a COVID-19 seja desenvolvida para começar a planejar e se preparar para sua chegada, afirmou nesta quarta-feira (23) a diretora da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), Carissa F Etienne. Enquanto isso, também devem continuar com outras medidas de saúde pública recomendadas para conter o vírus.
Os profissionais de saúde da linha de frente, socorristas e aqueles que cuidam de pessoas idosas devem ser vacinados primeiro, seguidos por grupos vulneráveis, como adultos com doenças pré-existentes, especialmente aqueles com mais de 65 anos de idade. O desafio está em identificar esses grupos com antecedência e determinar a melhor forma de alcançá-los
Em coletiva de imprensa, a diretora da OPAS advertiu que, mesmo com a implantação da vacina, “este vírus continuará se espalhando e as pessoas continuarão a ficar doentes. Portanto, não podemos depositar todas as nossas esperanças nas vacinas”.
“Ainda precisaremos de diagnósticos para identificar aqueles que estão doentes e os melhores tratamentos para quem adoece. Continuaremos a contar com medidas tradicionais de saúde pública, como testes, rastreamento de contatos e quarentena para minimizar a propagação deste vírus. E continuaremos contando com as pessoas que exercem o distanciamento social, lavando as mãos com frequência e usando máscaras em público para evitar que adoeçam”, destacou a diretora da OPAS.
Quando as vacinas estiverem disponíveis, o mecanismo COVAX, convocado pela GAVI, Coalizão para Inovações de Preparação para Epidemias (CEPI) e OMS, “proporcionará aos países de nossa região a melhor oportunidade de acelerar o acesso às vacinas contra a COVID-19 e reduzir o impacto da pandemia na vida das pessoas e em nossas economias. O mecanismo oferece acesso a um portfólio de 15 possíveis vacinas”, disse Etienne.
A diretora da OPAS informou que quase 200 vacinas candidatas contra a COVID-19 estão sendo estudadas. “E esperamos que uma ou mais se mostrem eficazes, mas não há garantia. As vacinas até agora podem apenas fornecer proteção parcial ou podem não funcionar para todos. Ainda não sabemos qual vacina será considerada segura e eficaz e como funcionará. Mas sabemos que, se não nos prepararmos agora, perderemos a oportunidade de nos beneficiarmos rapidamente. A verdade é que os países não podem esperar para ter todas as respostas antes de começar a planejar e se preparar para administrar uma vacina contra a COVID-19.”
O mecanismo COVAX, incluindo o instrumento de financiamento de Compromisso de Mercado Avançado, inscreveu 64 países autofinanciados e 92 países elegíveis para apoio por meio desse instrumento, disse Etienne. Por meio do COVAX, os países participantes terão a garantia de doses iniciais para cobrir pelo menos 3% de sua população nas primeiras fases de implantação, à medida que os suprimentos alcancem a demanda global, chegando a atingir 20% da população - o suficiente para proteger aqueles em maior risco de COVID-19 grave”, explicou.
Nossa região tem um forte legado de programas de imunização que nos dão uma vantagem enquanto planejamos o futuro
A OPAS está bem preparada para oferecer cooperação técnica aos países para que possam preparar e implementar suas campanhas de vacinação - “do planejamento e previsão às comunicações, da regulamentação ao treinamento do pessoal de saúde. Outro benefício para nossos Estados Membros é que podem contar com nosso Fundo Rotatório, o maior mecanismo regional de autofinanciamento dos países para a compra e entrega de vacinas”, alegou a diretora da OPAS.
“Portanto, chamo os países ao redor do mundo a se prepararem para uma vacina contra o coronavírus, mas também a permanecerem realistas, sabendo que essas preparações não substituem todo o resto que devemos fazer para salvar vidas hoje”, concluiu Etienne.