O número de migrantes na América Latina e no Caribe mais que dobrou desde 2005 para 15 milhões em 2022, destacando a necessidade de fortalecer políticas baseadas em dados para proteger direito à saúde
Washington D.C., 16 de maio de 2022 (OPAS) – A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) lançou nesta segunda-feira (16) a Plataforma de Informação sobre Saúde e Migração nas Américas, uma nova iniciativa para ajudar os países a salvaguardarem o direito à saúde dos migrantes na região.
As Américas enfrentam atualmente uma das maiores situações de pessoas em deslocamento do mundo, com o número de migrantes na América Latina e no Caribe mais que dobrando desde 2005 para 15 milhões em 2022, segundo a Organização Internacional para as Migrações (OIM).
No entanto, as lacunas de dados sobre saúde e migração apresentam desafios quando se trata do desenvolvimento de intervenções de saúde pública informadas para migrantes.
A nova plataforma visa atender a falta de dados regionais sobre migração e saúde, oferecendo aos países um repositório digital interativo e fácil de usar de pesquisas e informações relacionadas de todas as Américas. Isso facilitará o compartilhamento de conhecimento e permitirá que os governos desenvolvam políticas e iniciativas que respondam às necessidades do crescente número de migrantes.
Nas Américas, pobreza, violência, instabilidade política, insegurança alimentar, dificuldades econômicas e eventos ambientais estão entre os principais fatores para migração. A região também é caracterizada por fluxos migratórios para o norte, tanto de dentro do próprio continente, como de partes da África e da Ásia.
Os impactos sociais, de saúde e econômicos duradouros da pandemia de COVID-19 exacerbaram muitos desses problemas.
“Hoje, milhões de migrantes na região enfrentam desafios em todas as etapas do processo migratório, sem acesso a serviços de atenção primária à saúde, medicamentos, vacinas ou serviços de saúde mental e apoio psicossocial”, afirmou Jarbas Barbosa, subdiretor da OPAS.
“Diferenças linguísticas, culturais e discriminação estão entre o número de variantes que dificultam o acesso oportuno aos cuidados para as populações migrantes”, acrescentou.
A plataforma foi desenvolvida em colaboração com a Universidade de Torcuato Di Tella, na Argentina, e a Universidad del Desarrollo, no Chile, e fornecerá aos governos informações sobre políticas e marcos legais e regulatórios sobre saúde e migração de 19 países da região, além de servir como um repositório de literatura científica sobre o tema.
A Plataforma de Informação visa impulsionar “ações para proteger a saúde dos migrantes, a saúde das populações nos países anfitriões e nos aproximar de alcançar a saúde universal”, declarou Barbosa.
Saúde e migração nas Américas
Milhões de migrantes nas Américas enfrentam uma série de barreiras à saúde, incluindo a falta de acesso à atenção primária à saúde, medicamentos, vacinas e serviços de saúde mental.
Os migrantes também podem enfrentar um maior risco de exposição à COVID-19 devido às más condições de vida e trabalho que impedem o distanciamento social, principalmente em abrigos.
Durante o processo de migração, crianças e adolescentes, bem como migrantes mais velhos e mulheres grávidas, também enfrentam riscos adicionais para sua saúde, incluindo serviços pré e pós-natais interrompidos, desidratação, hipertensão e exposição à violência e abuso de gênero.