
Washington D.C., 10 de fevereiro de 2025 (OPAS)- A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) emitiu um alerta epidemiológico sobre o aumento do risco de surtos de dengue nas Américas devido à crescente circulação do sorotipo DENV-3 em vários países da região. A OPAS recomenda que os países fortaleçam suas medidas de vigilância, diagnóstico precoce e atenção médica para enfrentar possíveis aumentos de casos de dengue.
A dengue é transmitida pelo mosquito Aedes aegypti e possui quatro sorotipos: DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4. Cada sorotipo gera imunidade duradoura apenas contra o mesmo sorotipo, o que significa que infecções subsequentes com outros sorotipos podem aumentar o risco de formas graves da doença. O surgimento ou aumento de um sorotipo que antes não era predominante em uma região pode levar ao aumento de casos devido à maior suscetibilidade da população.
Situação do sorotipo DENV-3 na região
O sorotipo DENV-3 foi identificado em vários países das Américas, incluindo Brasil, Colômbia, Costa Rica, Guatemala, México e Peru. Em 2024, a Argentina notificou sua circulação, marcando a introdução desse sorotipo no país. No mesmo ano, Brasil e Colômbia relataram um aumento nos casos associados ao DENV-3, especialmente entre crianças, e o sorotipo foi detectado em outras nações da América Central e do Caribe. O DENV-3 tem sido associado a formas graves da doença, mesmo em infecções primárias, aumentando as preocupações sobre o potencial impacto na saúde pública.
O ressurgimento do DENV-3, após uma ausência prolongada em algumas áreas da região, aumenta a vulnerabilidade de populações que não foram previamente expostas a esse sorotipo.
Situação atual e medidas recomendadas
Em 2024, as Américas registraram mais de 13 milhões de casos de dengue, dos quais 22.684 foram classificados como graves (0,17% do total) e 8.186 resultaram em mortes (taxa de letalidade de 0,063%). Nas primeiras semanas de 2025, 23 países e territórios da região notificaram um total de 238.659 casos, com a maioria concentrada no Brasil (87%), seguido pela Colômbia (5,6%), Nicarágua (2,5%), Peru (2,5%) e México (2,5%). Destes casos, 263 foram graves e 23 pessoas morreram em decorrência da doença.
A OPAS recomenda que os países reforcem as medidas de controle de vetores, fortaleçam a capacidade de diagnóstico nos sistemas de saúde e garantam atendimento precoce e adequado aos pacientes para prevenir complicações graves. Também é essencial manter campanhas de educação em saúde e mobilização das comunidades para reduzir a exposição aos mosquitos transmissores do vírus e eliminar os criadouros.
O papel da vacinação e do monitoramento
De acordo com evidências geradas pelo produtor e publicadas no estudo principal de fase 3, a vacina contra dengue TAK-003, usada em alguns países da região, demonstrou menor proteção contra o sorotipo DENV-3, especialmente em crianças sem histórico de infecção. Isso destaca a necessidade de garantir uma vacinação segura e manter vigilância constante de eventos adversos supostamente atribuíveis à vacinação.
A OPAS está monitorando de perto a evolução da circulação do DENV-3 e dos outros sorotipos e continuará fornecendo apoio aos países para implementar medidas eficazes de controle e resposta a possíveis surtos. É essencial que os sistemas de saúde estejam preparados para manejar o aumento de casos e reduzir o risco de complicações graves associadas a esta doença.