Tema Didático - Perguntas e Comentários
Dra. Suyapa Bejarano: Em relação à imunidade de rebanho, nos nossos países incluímos a vacina sem conhecer a prevalência real do HPV nas populações- que se pode esperar na nossa Região como resultado da vacina atual?
Dra. De Oliveira: Existem vários trabalhos que têm demonstrado a imunidade de rebanho e, mesmo que não existam dados da Latino América sobre a prevalência real do HPV nas populações, podemos nos basear no que existe na literatura sobre a imunidade de rebanho.
Dr. Rafael Aguirre: Quando se comenta sobre a cobertura da vacina, a quantas dose se referem?
Dra. De Oliveira: Duas doses
Dra. Ileana Quirós: Em Costa Rica está sendo conduzida a pesquisa ESCUDO, para determinar a efetividade de uma só dose.
Dr. Renato Kfouri: Vários comentários, em relação ao número de doses creio que temos que encorajar os trabalhos para comprovar a eficácia de uma única dose para poder conseguir as coberturas vacinais e também considerar aumentar o intervalo entre a primeira e segunda dose nas Américas , o terceiro comentário sobre a vacinação, existem alguns trabalhos mostrando que os países que incluem meninos na vacinação acabam incentivando a cobertura entre as meninas por não haver diferença de gênero.
Dra. De Oliveira: Aplicar somente uma dose da vacina contra o HPV seria ideal, não necessitaríamos tantas aplicações de vacinas, seria mais econômico e aumentaria a cobertura. Mesmo que estejamos perto de estabelecer apenas uma dose, SAGE ainda não recomendou porque não existe evidência suficiente até agora. SAGE têm uma recomendação de espaçamento mais longos de dose quando existem problemas de abastecimento de vacinas. O problema do espaçamento das doses é encontrar as mesmas pessoas para a segunda dose, mas existem países, como Chile, que vacina nas escolas anualmente e encontra as mesmas meninas. Sobre o tema dos meninos e das meninas, as meninas, na nossa Região não existem dados que vacinar meninos aumenta a cobertura das meninas. A recomendação do grupo técnico da OPAS e do SAGE ë priorizar vacinar meninas.
Dra. Claudia Camel: Gostaria de saber se em situação de pandemia haverá problemas como demora ou atraso na entrega de vacinas, adquiridas por meio do Fundo Rotatório de OMS-OPAS?
Dra. De Oliveira: Não está ocorrendo ainda, os países estão recebendo as vacinas razoavelmente a tempo, esta era uma preocupação a princípio. Sim, houve problemas com um aeroporto que estava fechado, e a vacina não chegava, mas está resolvido. Temos aprendido a manejar a entrega de vacinas durante a pandemia e não se apresenta nenhum problema.
Dr. Aulo Ortigoza: Para nós em Venezuela este é um programa muito novo e tenho várias perguntas: Que recomendariam para um país que vai começar um programa? Segundo: seria preferível um intervalo de idade, por exemplo, todos os meninos de 11 anos ou um intervalo entre 9 e 11 anos? Qual dos dois é preferível? Nossa ideia é usar os centros de vacinação dos pequenos povoados e de populações que são vulneráveis como os povos indígenas de fronteiras, por meio de outras das vacinações não contra o HPV, temos convocado as mulheres, as mães e as meninas de mais de 12 anos e as idosas: alguém na Latino América têm a experiência de aproveitar a vacinação contra o HPV e utilizar a citologia vaginal ou algum dos métodos novos para fazer uma triagem maior?
Dra. De Oliveira: Ficamos muito satisfeitos na OPAS ao saber que Venezuela está implementando este programa. A recomendação do SAGE e da OMS sobre a aplicação de vacinas é vacinar as meninas porque nossa meta principal é a eliminação do câncer cérvicouterino. É muito mais importante começar com uma coorte e aprender como fazê-lo bem e em seguida o estender a outras coortes, e vários países que estão participando no ECHO ELA têm esta experiência. Acho que a ideia de integrar a vacinação e os testes de triagem é excelente, não somente para prevenir o câncer cérvicouterino, mas também podem ser integrados outros serviços médicos.
Dra. Ana Goretti: Uma observação, a maior cobertura para as meninas é de 48% para as meninas e 20 e pouco % para os meninos. Para tomar a decisão de incluir os meninos na vacinação contra o HPV, tivemos uma discussão bem ampla entre especialistas e segmentos da sociedade o que nos levou à inclusão dos meninos. Estou de acordo com Renato, a incluso do menino termina por ser um fator importante para aumentar cobrir as meninas. Estamos começando um estudo relacionado a este tema, a cobertura de meninos é mais baixa porque começamos depois. A vacinação das meninas iniciou-se em 2014 e a vacinação dos meninos começou em 2018. Esta questão é de gênero e de igualdade.
Dra. De Oliveira: Os dados apresentados vêm do JRF; revisarei os dados do Brasil para garantir que estejam corretos. Penso que seria melhor enfocar-se em vacinar um só grupo, como as meninas, para aumentar a cobertura. Mas a decisão final dos países é soberana.
Dr. Itamar Bento Claro: A vacina de dose única será outra vacina ou seria a mesma vacina?
Dra. De Oliveira: As mesmas vacinas que estão agora licenciadas e, possivelmente, as futuras que estão no pipeline.
Dra. Margaret Dumitru: Como tem enfrentado a corrente antivacinas e a barreira de comunicação nas comunidades indígenas e em situação de pobreza sobre o temor de vacinar as meninas relacionando-a com infertilidade?
Dra. De Oliveira: Nós temos apoiado os países para desenvolver um plano de introdução de novas vacinas e um dos componentes essenciais deste plano é o tema de comunicação. Situações como as que menciona, e tantas outras, devem ser identificadas nos países antes da introdução da vacina para ter estratégias que são específicas para cada situação e em diferentes países. O importante é estar preparado para essas situações antes que elas ocorram e as lições aprendidas nos ensinaram que vão, de uma forma ou outra, acontecer. Algo que temos realizado a nível Regional com os países de Latino América e Caribe são oficinas de comunicação para apoiar nessas abordagens. Essas oficinas foram replicadas em muitos países. Especificamente com relação à situação que você descreve, uma boa abordagem é trabalhar com líderes das comunidades, por exemplo, antes de começar a vacinação.
Dr. César Miranda: De acordo com o mapa apresentado, o único país da Região das Américas sem programa de vacinação é a Venezuela. Esta proposta oferecerá cobertura ao país atualmente?
Dra. De Oliveira: Todos os países podem e devem participar do plano de eliminação do câncer cérvicouterino. Se ainda não estão vacinando, existem os componentes de testes de triagem e tratamento que devem ser muito fortalecidos no país. Paralelamente, trabalhar com as autoridades nacionais para advogar pela introdução da vacina.
Dra. Margaret Dumitru: E Venezuela, Nicarágua, Cuba y Haiti?
Dra. De Oliveira: Favor ver a resposta anterior.
Dr. Itamar Bento Claro / Brasil: Todos os países representados aqui já voltaram a fazer os testes de triagem para o câncer cérvicouterino?
Silvana Luciani: A maioria dos países na América Latina informam ter tido interrupção nos serviços de saúde na atenção primária, que inclui os serviços de triagem de câncer. Um resumo dos resultados, e o relatório do inquérito sobre a interrupção de serviços de DNT durante a pandemia de COVID-19, encontra-se disponível na página web da OPAS en Espanhol): https://www.paho.org/es/noticias/17-6-2020-covid-19-afecto-funcionamiento-servicios-salud-para-enfermedades-no