PROJETO ECHO LATINO AMÉRICA ELA: TERCEIRA REUNIÃO - 31 JULHO 2020

A terceira reunião mensal do Projeto ECHO Latino América ELA: Teleconferências mensais sobre programas de prevenção de câncer cérvicouterino aconteceu na sexta-feira 31 de julho de 2020.

Durante a reunião, as colaboradoras do Projeto ECHO ELA: Melissa Lopez Varon, do Centro de Câncer MD Anderson (MDACC) da Universidade do Texas e Sandra L. San Miguel, Instituto Nacional de Câncer dos Estados Unidos (NCI), e os membros da Faculdade, os Drs. Silvina Arrossi (Argentina), Maria Tereza da Costa (OPS/WDC/Brasil), Mauricio Maza (El Salvador) Jane Montealegre (BCM) y Mila Salcedo (MDACC/Brasil) deram as boas-vindas a 108 participantes, incluindo a responsáveis dos programas nacionais de câncer cérvicouterino e de imunizações dos Ministérios de Saúde de Latino América; representantes de ONGs e associações profissionais que trabalham com o tema; Pontos Focais da OPAS de cada país, representantes da OPAS de Washington, D.C., OMS de Genebra, o Centro de Câncer MD Anderson da Universidade do Texas, o Instituto Nacional do Câncer dos Estados Unidos e colaboradores relacionados com o tema.

Resumo da reunião anterior:

A Dra. Mila Salcedo apresentou o resumo da reunião anterior. Silvana Luciani apresentou o tema didático, ‘Desenvolvendo Planos Nacionais de Eliminação do Câncer Cérvicouterino’ e a Dra. Suyapa Bejarano apresentou o caso, ‘Câncer de Colo Uterino: Percepções desde uma ONG’. Durante a apresentação do caso, e como enfoque principal, se delineou a capacidade instalada e as oportunidades de adaptação às restrições pelo COVID-19. O caso apresentado por Honduras reforçou a importância do trabalho comunitário e dos modelos de educação. Honduras está implementando o teste de HPV e está identificando como introduzir o teste e lidar com os aspectos implicados desde a educação, os recursos humanos e os sistemas de informação. Também foi comentado sobre a importância dos planos nacionais de controle do câncer cervical e de poder identificar as falhas da atenção primária e identificar em qual etapa perdem-se as pacientes. Se discutiu a importância de conseguir dar tratamento oportuno durante a triagem. Foi mencionado que a única vacina para a Região, a qual é muito custo efetiva, é a tetravalente. Clínicamente, a Dra. Salcedo ressaltou que, mesmo tendo sido vacinadas, as meninas deverão ser examinadas e participar do processo de triagem regularmente.

Tema Didáctico

Foi apresentado o tema didático, "Avanços na Vacinação contra o HPV nas Américas’’ pela Dra. Lucia de Oliveira, OPAS/WDC. Também foram apresentados dois casos por parte de El Salvador e Argentina. Cabe recordar aos participantes que o Projeto ECHO® se baseia no intercâmbio multilateral de conhecimentos utilizando casos no epicentro da discussão.

 

Introducción de la vacuna contra el VPH en el PAI, Región de las Américas, 2019

 

Avances en la vacunación contra el VPH en las Américas

Tema Didático - Perguntas e Comentários

Dra. Suyapa Bejarano: Em relação à imunidade de rebanho, nos nossos países incluímos a vacina sem conhecer a prevalência real do HPV nas populações- que se pode esperar na nossa Região como resultado da vacina atual?

Dra. De Oliveira: Existem vários trabalhos que têm demonstrado a imunidade de rebanho e, mesmo que não existam dados da Latino América sobre a prevalência real do HPV nas populações, podemos nos basear no que existe na literatura sobre a imunidade de rebanho.

Dr. Rafael Aguirre: Quando se comenta sobre a cobertura da vacina, a quantas dose se referem?

Dra. De Oliveira: Duas doses

Dra. Ileana Quirós: Em Costa Rica está sendo conduzida a pesquisa ESCUDO, para determinar a efetividade de uma só dose.

Dr. Renato Kfouri: Vários comentários, em relação ao número de doses creio que temos que encorajar os trabalhos para comprovar a eficácia de uma única dose para poder conseguir as coberturas vacinais e também considerar aumentar o intervalo entre a primeira e segunda dose nas Américas , o terceiro comentário sobre a vacinação, existem alguns trabalhos mostrando que os países que incluem meninos na vacinação  acabam incentivando a cobertura entre as meninas por não haver diferença de gênero.

Dra. De Oliveira: Aplicar somente uma dose da vacina contra o HPV seria ideal, não necessitaríamos tantas aplicações de vacinas, seria mais econômico e aumentaria a cobertura. Mesmo que estejamos perto de estabelecer apenas uma dose, SAGE ainda não recomendou porque não existe evidência suficiente até agora. SAGE têm uma recomendação de espaçamento mais longos de dose quando existem problemas de abastecimento de vacinas. O problema do espaçamento das doses é encontrar as mesmas pessoas para a segunda dose, mas existem países, como Chile, que vacina nas escolas anualmente e encontra as mesmas meninas. Sobre o tema dos meninos e das meninas, as meninas, na nossa Região não existem dados que vacinar meninos aumenta a cobertura das meninas. A recomendação do grupo técnico da OPAS e do SAGE ë priorizar vacinar meninas.

Dra. Claudia Camel: Gostaria de saber se em situação de pandemia haverá problemas como demora ou atraso na entrega de vacinas, adquiridas por meio do Fundo Rotatório de OMS-OPAS?

Dra. De Oliveira: Não está ocorrendo ainda, os países estão recebendo as vacinas razoavelmente a tempo, esta era uma preocupação a princípio. Sim, houve problemas com um aeroporto que estava fechado, e a vacina não chegava, mas está resolvido. Temos aprendido a manejar a entrega de vacinas durante a pandemia e não se apresenta nenhum problema.

Dr. Aulo Ortigoza: Para nós em Venezuela este é um programa muito novo e tenho várias perguntas: Que recomendariam para um país que vai começar um programa? Segundo: seria preferível um intervalo de idade, por exemplo, todos os meninos de 11 anos ou um intervalo entre 9 e 11 anos? Qual dos dois é preferível? Nossa ideia é usar os centros de vacinação dos pequenos povoados e de populações que são vulneráveis como os povos indígenas de fronteiras, por meio de outras das vacinações não contra o HPV, temos convocado as mulheres, as mães e as meninas de mais de 12 anos e as idosas: alguém na Latino América têm a experiência de aproveitar a vacinação contra o HPV e utilizar a citologia vaginal ou algum dos métodos novos para fazer uma triagem maior?

Dra. De Oliveira: Ficamos muito satisfeitos na OPAS ao saber que Venezuela está implementando este programa. A recomendação do SAGE e da OMS sobre a aplicação de vacinas é vacinar as meninas porque nossa meta principal é a eliminação do câncer cérvicouterino. É muito mais importante começar com uma coorte e aprender como fazê-lo bem e em seguida o estender a outras coortes, e vários países que estão participando no ECHO ELA têm esta experiência. Acho que a ideia de integrar a vacinação e os testes de triagem é excelente, não somente para prevenir o câncer cérvicouterino, mas também podem ser integrados outros serviços médicos.

Dra. Ana Goretti: Uma observação, a maior cobertura para as meninas é de 48% para as meninas e 20 e pouco % para os meninos. Para tomar a decisão de incluir os meninos na vacinação contra o HPV, tivemos uma discussão bem ampla entre especialistas e segmentos da sociedade o que nos levou à inclusão dos meninos. Estou de acordo com Renato, a incluso do menino termina por ser um fator importante para aumentar cobrir as meninas. Estamos começando um estudo relacionado a este tema, a cobertura de meninos é mais baixa porque começamos depois. A vacinação das meninas iniciou-se em 2014 e a vacinação dos meninos começou em 2018. Esta questão é de gênero e de igualdade.

Dra. De Oliveira: Os dados apresentados vêm do JRF; revisarei os dados do Brasil para garantir que estejam corretos. Penso que seria melhor enfocar-se em vacinar um só grupo, como as meninas, para aumentar a cobertura. Mas a decisão final dos países é soberana.

Dr. Itamar Bento Claro: A vacina de dose única será outra vacina ou seria a mesma vacina?

Dra. De Oliveira: As mesmas vacinas que estão agora licenciadas e, possivelmente, as futuras que estão no pipeline.

Dra. Margaret Dumitru: Como tem enfrentado a corrente antivacinas e a barreira de comunicação nas comunidades indígenas e em situação de pobreza sobre o temor de vacinar as meninas relacionando-a com infertilidade?

Dra. De Oliveira: Nós temos apoiado os países para desenvolver um plano de introdução de novas vacinas e um dos componentes essenciais deste plano é o tema de comunicação. Situações como as que menciona, e tantas outras, devem ser identificadas nos países antes da introdução da vacina para ter estratégias que são específicas para cada situação e em diferentes países. O importante é estar preparado para essas situações antes que elas ocorram e as lições aprendidas nos ensinaram que vão, de uma forma ou outra, acontecer. Algo que temos realizado a nível Regional com os países de Latino América e Caribe são oficinas de comunicação para apoiar nessas abordagens. Essas oficinas foram replicadas em muitos países. Especificamente com relação à situação que você descreve, uma boa abordagem é trabalhar com líderes das comunidades, por exemplo, antes de começar a vacinação.

Dr. César Miranda: De acordo com o mapa apresentado, o único país da Região das Américas sem programa de vacinação é a Venezuela. Esta proposta oferecerá cobertura ao país atualmente?

Dra. De Oliveira: Todos os países podem e devem participar do plano de eliminação do câncer cérvicouterino. Se ainda não estão vacinando, existem os componentes de testes de triagem e tratamento que devem ser muito fortalecidos no país. Paralelamente, trabalhar com as autoridades nacionais para advogar pela introdução da vacina.

Dra. Margaret Dumitru: E Venezuela, Nicarágua, Cuba y Haiti?

Dra. De Oliveira:  Favor ver a resposta anterior.

Dr. Itamar Bento Claro / Brasil: Todos os países representados aqui já voltaram a fazer os testes de triagem para o câncer cérvicouterino?

Silvana Luciani: A maioria dos países na América Latina informam ter tido interrupção nos serviços de saúde na atenção primária, que inclui os serviços de triagem de câncer. Um resumo dos resultados, e o relatório do inquérito sobre a interrupção de serviços de DNT durante a pandemia de COVID-19, encontra-se disponível na página web da OPAS en Espanhol):    https://www.paho.org/es/noticias/17-6-2020-covid-19-afecto-funcionamiento-servicios-salud-para-enfermedades-no

 Caso de El Salvador – Dr. Mario Morales 

Dr. Mario Morales Médico Ginecologista e Mestre em Medicina Social da Unidade Prioritária de Doenças Não Transmissíveis do MINSAL apresentou o segundo caso intitulado “Vacinação contra HPV - El Salvador”.

Presentación

Primera diapositiva de la presentación de El Salvador

 

 

 

 

 

 

Perguntas e Comentários

O Dr. Morales perguntou aos especialistas e aos participantes: Como podemos priorizar a continuidade nos serviços de vacinação, triagem e tratamento considerando as metas de eliminação, mas também considerando as prioridades que estão conflituosas?

A Faculdade de ECHO teve a oportunidade de abordar esta pregunta.

A Dra. da Costa comentou que El Salvador já tem seu plano para a introdução da vacina preparado e estava previsto introduzi-la em 2020, mas com o COVID-19 não foi possível. Além disso, as escolas, aonde se as meninas iam ser vacinadas, estão fechadas. A Dra. da Costa também mencionou que a recomendação da OPAS é que os países continuem com os serviços de vacinação, o único que não recomenda é a aglomeração de muitas pessoas.

O Dr. Maza, de El Salvador, mencionou que COVID-19 apresenta muitos desafios pelo tema de contágio. O Dr. Maza também mencionou que está colaborando com o Ministério de Saúde numa pesquisa de acompanhamento de mulheres que já têm mais de 5 anos de terem sido testadas e lhes preocupa o fato de que existem mulheres que já necessitam serem testadas. Não puderam reiniciar a pesquisa e atualmente estão desenvolvendo protocolos para dar seguimento a estas mulheres.

A Dra. Arrossi mencionou que o impacto de la pandemia não é uniforme ao longo de cada país. Por exemplo, na Argentina existem certas áreas aonde o COVID-19 está muito bem controlado. É importante pensar em protocolos que se adaptem à situação de la pandemia nas diferentes zonas do país. Tem que tentar reestabelecer a testagem aonde se possa com estritos protocolos de segurança para o paciente, o qual deve ser nossa máxima prioridade. Ao mesmo tempo, temos que diferenciar entre as mulheres que devem ser testadas e as mulheres que já têm o diagnóstico de lesão, neste caso são duas situações diferentes, tentar garantir o aceso a tratamento com todos os protocolos de segurança para a mulher que já tem um diagnóstico de lesão de alto grau e ver as condições que existem para o restabelecimento dos testes de triagem, que é urgente no marco da eliminação do câncer cérvicouterino, mas faz jus a um parêntesis um poco más amplo que o diagnóstico e tratamento de uma mulher que já tem uma lesão.

A Dra. Salcedo mencionou estar de acordo com todos seus colegas. Cada país é diferente e é muito difícil ter somente um protocolo para todos os países. A vacinação e os testes de triagem devem ser realizados com protocolos de muita segurança. 

Dra. Ileana Quirós: Dr. Morales: O que quer dizer com o 13-14% positivas: HPV de alto risco ou com lesões diagnosticadas? Fazem biópsias para confirmar o tipo de lesão?

Dr. Morales: Estou me referindo às mulheres com testes de HPV com resultado positivo, que imediatamente passam a avaliação visual por médico e se atendem a critérios de elegibilidade para tratar-se com crioterapia, ela é realizada. Se não atendem aos critérios para crioterapia, elas são referenciadas a um hospital com ginecologista-colposcopista para seu tratamento. 

Dr. Aurelio Cruz: É necessário conhecer a resiliência do sistema de saúde. Em muitos países o dano causado pelo COVID-19 em termos de recursos, infraestrutura para detectar e acompanhar as mulheres positivas, é evidente.

Dr. Itamar Bento Claro: Devido à situação heterogênea da pandemia do COVID-19 no Brasil, não é possível adotar uma única recomendação a respeito. Como regra geral, recomenda-se que ao considerar a volta das ações de detecção, os gerentes de saúde considerem os indicadores locais quanto à incidência do COVID-19.

Caso de Argentina- Dra Nathalia Katz

A Dra. Nathalia Katz, infectologista e referência em vacinação contra o HPV - Área Médica da Diretoria de Controle de Doenças Imunopreventíveis do Ministério da Saúde da Argentina apresentou um case sobre "Vacinação contra o HPV - Argentina".

Presentación

Primera diapositiva de la presentación de Argentina

 

 

 

 

Dra. Montealegre (Faculdade ECHO ELA): Quanto aos programas de vacinação em escolas, estão sincronizadas para as crianças menores receberem outras vacinas?

Dra. Katz: Não, para menores de dois anos não, porque é muito complexo e devem ter vacinadores especializados, isto vai ser trabalhado em outro nível.  O assunto do Ministério de Educação é basicamente na entrada à escola e 11 anos de idade.

 

Por favor siga este link para aceder à gravação da reunião e sinta-se à vontade para compartilhar com outros colegas:

https://mediaplayer.mdanderson.org/video-full/22973114-EA13-4BD3-90E4-2FB9EF2F55CA

Webinar

A próxima reunião será realizada na sexta-feira, 28 de agosto às 12:00PM-1:30PM hora leste, Washington, D.C.

TEMA Didático: ‘ESAVI e a vacina contra o HPV’– expositora, Dra. Maria Tereza da Costa, OPAS/WDC.

O a la caso será apresentado pela Dra. Ana Goretti do Ministério de Saúde do Brasil.

 

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