Países das Américas reforçam a preparação contra o vírus Oropouche

moquitos

Washington DC, 9 de julho de 2024 (OPAS)- Os vírus transmitidos por artrópodes (arbovírus) representam uma ameaça crescente à saúde pública global, com um aumento acentuado em sua disseminação geográfica e incidência na última década. Entre os arbovírus mais conhecidos nas Américas estão o dengue, o Zika e o chikungunya, todos transmitidos principalmente pelo mosquito Aedes aegypti. No entanto, outros arbovírus, como o vírus Oropouche (OROV) e o vírus Mayaro (MAYV), estão ganhando atenção devido ao seu potencial de reemergência.

Desde sua detecção inicial em 1955 em Trinidad e Tobago, o OROV tem causado surtos esporádicos em vários países das Américas, incluindo Brasil, Equador, Guiana Francesa, Panamá, Peru e Trinidad e Tobago. No final de 2023 e durante a vigilância de um grande surto de dengue, foi observado um aumento significativo nos casos de febre de Oropouche, principalmente na região amazônica do Brasil. De acordo com o último relatório do Ministério da Saúde do Brasil, mais de 6.900 casos foram confirmados em 2024, com transmissão autóctone detectada em pelo menos nove estados fora da Amazônia. Em Cuba, por outro lado, foram detectados casos em 13 das 15 províncias, pela primeira vez no país, e em um contexto ecológico muito diferente daquele da região amazônica.

Em resposta a essa situação, a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), por meio de sua Unidade de Gestão de Ameaças Infecciosas do Departamento de Emergências (IHM/PHE) e em colaboração com o Programa de Arbovírus do Departamento de Prevenção, Controle e Eliminação de Doenças Transmissíveis (VT/CDE), realizou várias atividades e workshops para melhorar a vigilância e a resposta a esses vírus. Um destaque especial foi o Workshop Internacional de cinco dias sobre Vigilância Molecular de Arbovírus Emergentes e Reemergentes, realizado em Manaus, capital do estado do Amazonas, no Brasil. Esse evento reuniu especialistas em saúde e pesquisadores da Bolívia, Equador, Guiana, Paraguai, Peru, Suriname, Venezuela e Brasil, com o objetivo de fortalecer as capacidades regionais na coleta de material genético viral, diagnóstico molecular, vigilância entomo-virológica e análise de dados epidemiológicos. Durante o workshop, os participantes puderam analisar 42 genomas completos de OROV, ressaltando a importância dessas iniciativas no contexto do atual cenário epidemiológico da região.

Desde o aumento do número de casos na região amazônica, a OPAS tem fornecido apoio técnico aos países da região para melhorar sua capacidade de detectar e caracterizar os vírus Oropouche e Mayaro em tempo hábil, fortalecendo as defesas regionais contra essas ameaças emergentes. Os reagentes para a detecção molecular simultânea do OROV e do MAYV, um protocolo desenvolvido pelo Instituto Leônidas & Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazônia), foram distribuídos e 23 países agora têm o material necessário para a detecção precoce do vírus. Esse avanço foi crucial para os laboratórios de saúde pública no Brasil e em outros países da região. Também foram distribuídos os reagentes necessários para o sequenciamento do genoma completo do vírus Oropouche, além de ter sido fornecido suporte técnico para a análise das sequências obtidas, em colaboração com o ILMD-Fiocruz Amazônia. 

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As atividades desenvolvidas pela equipe de especialistas da Unidade de Gestão de Ameaças Infecciosas com treinamento teórico e prático proporcionaram aos países o conhecimento necessário para detectar e monitorar com eficácia os vírus emergentes e reemergentes. Além disso, as Diretrizes da OPAS para a Detecção e Vigilância de Arbovírus Emergentes no Contexto da Circulação de Outros Arbovírus, publicadas recentemente, foram compartilhadas e discutidas.

Essa iniciativa reforça o compromisso das Américas na luta contra arbovírus emergentes e reemergentes, garantindo uma resposta coordenada e eficaz a futuras ameaças à saúde pública.

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