Brasil elimina a filariose linfática como problema de saúde pública

Ato de entrega ao Brasil do certificado de eliminação da filariose como problema de saúde pública
OPAS/OMS/Karina Zambrana
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30 de setembro de 2024 – A Organização Mundial da Saúde (OMS) parabeniza o Brasil por ter eliminado a filariose linfática como um problema de saúde pública.

“A eliminação de uma doença é uma conquista importante que exige um compromisso inabalável”, disse o Dr. Tedros Adhanom Ghebreyesus, Diretor-Geral da OMS. “Parabenizo o Brasil por seus esforços para livrar seu povo do flagelo dessa doença dolorosa, deformadora, incapacitante e estigmatizante. Esse é outro exemplo do incrível progresso que temos alcançado contra as doenças tropicais negligenciadas. E dá esperança de que é possível eliminar essa doença a muitas outras nações que ainda enfrentam a filariose linfática”.

A filariose linfática, comumente conhecida como elefantíase, é uma doença parasitária debilitante transmitida por mosquitos. Durante séculos, essa doença tem afligido milhões de pessoas no mundo, causando dor, inchaço crônico e exagerado, deficiência e estigma social.

Investimentos eficazes em nível nacional

Ao longo das últimas décadas, o Brasil implementou ações integradas para eliminar a filariose linfática, incluindo o desenvolvimento de um plano nacional para combate a essa doença em 1997, a distribuição em massa de medicamentos antiparasitários, atividades de controle de vetores e forte vigilância, principalmente nas áreas mais afetadas. Com esses esforços, o país conseguiu acabar com a transmissão da doença em 2017.

Teste microfilária
Teste de diagnóstico. Foto: OPAS/OMS/Joshua E. Cogan.

A eliminação da filariose linfática também foi uma das metas incluídas no programa Brasil Saudável, uma iniciativa multissetorial que visa acabar com doenças socialmente determinadas com uma abordagem interministerial e participação da sociedade civil, incluindo o envolvimento das pessoas afetadas na implementação de esforços de controle das enfermidades. O programa foi lançado em fevereiro de 2024 pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em uma cerimônia com a participação do Dr. Tedros Adhanom Ghebreyesus, Diretor-Geral da OMS, e do Dr. Jarbas Barbosa, diretor da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e Diretor Regional da OMS para as Américas. Na fase pós-eliminação, o Brasil, a OPAS e a OMS continuarão a monitorar de perto o possível ressurgimento de infecções. 

“Esse marco é resultado de anos de dedicação, trabalho duro e colaboração entre trabalhadores de saúde, pesquisadores e autoridades no Brasil”, disse o Dr. Jarbas Barbosa, Diretor da OPAS e Diretor Regional da OMS para as Américas. “O amplo e unificado sistema de saúde do Brasil, aliado à sólida capacidade laboratorial especializada e à robusta vigilância, foi essencial para interromper a cadeia de transmissão, inspirando outros países a avançar rumo à eliminação da filariose linfática e de outras doenças tropicais negligenciadas”.

Progresso global

O Brasil se junta a outros 19 países e territórios que foram validados pela OMS por terem eliminado a filariose linfática como um problema de saúde pública. São eles: Malawi e Togo, na Região Africana; Egito e Iêmen, na Região do Mediterrâneo Oriental; Bangladesh, Maldivas, Sri Lanka e Tailândia, na Região do Sudeste Asiático; e Camboja, Ilhas Cook, Kiribati, República Democrática Popular do Laos, Ilhas Marshall, Niue, Palau, Tonga, Vanuatu, Vietnã e Wallis e Futuna, na Região do Pacífico Ocidental.

Nas Américas, três países endêmicos (República Dominicana, Guiana e Haiti) ainda precisam da administração em massa de medicamentos para interromper a transmissão e estão trabalhando para atingir a meta de eliminação.

Além de ser o 20º país certificado pela eliminação da filariose linfática como um problema de saúde pública, o Brasil também se tornou o 53º país a eliminar pelo menos uma doença tropical negligenciada em nível global.


Nota para o editor

A filariose linfática, comumente conhecida como elefantíase, é uma doença tropical negligenciada. A infecção ocorre quando os parasitas filariais são transmitidos aos seres humanos por meio de mosquitos. A infecção é geralmente adquirida na infância e causa danos ao sistema linfático.

As manifestações dolorosas e profundamente desfigurantes e visíveis da doença – linfedema, elefantíase e inchaço escrotal – ocorrem mais tarde na vida e podem levar à deficiências permanentes. Esses pacientes são desabilitados fisicamente e sofrem perdas sociais, mentais e financeiras que contribuem para o estigma e a pobreza.

lymphatic filariasis manifestation
Manifestação da fliariose linfática. Foto: OPAS/OMS/Joshua E. Cogan.

A eliminação da filariose linfática é possível ao se interromper a disseminação da infecção por meio de quimioterapia preventiva. A estratégia de quimioterapia preventiva recomendada pela OMS para a eliminação da filariose linfática consiste na administração em massa de uma dose anual de medicamentos a toda a população em risco. Os medicamentos usados têm um efeito limitado sobre os parasitas adultos, mas reduzem efetivamente a densidade de microfilárias na corrente sanguínea e impedem a transmissão dos parasitas para os mosquitos.

Em 2023, 657 milhões de pessoas em 39 países e territórios estavam vivendo em áreas que requerem quimioterapia preventiva para impedir a disseminação da infecção. Nas Américas, Costa Rica, Suriname e Trinidad e Tobago foram retirados da lista da OMS de países endêmicos para filariose linfática em 2011.

O roteiro sobre doenças tropicais negligenciadas 2021-2030 tem como meta a prevenção, o controle, a eliminação e a erradicação de 20 doenças e grupos de doenças até 2030. O progresso contra a filariose linfática e outras doenças tropicais negligenciadas alivia a carga humana e econômica que elas impõem às comunidades mais desfavorecidas do mundo.