Perguntas e respostas sobre o vírus Oropouche

Culicoides paraensis (o menor na foto) e Culex quinquefasciatus (o maior na foto)
Culicoides paraensis (menor na foto) e Culex quinquefasciatus (maior na foto) | Foto: Bruna Lais Sena do Nascimento, Laboratório de Entomologia Médica/SEARB/IEC
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Washington D.C., 24 de julho de 2024 (OPAS) – Em julho deste ano, a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) emitiu alerta epidemiológico sobre um aumento nos casos notificados do vírus Oropouche (OROV) em cinco países (Brasil, Bolívia, Peru, Cuba e Colômbia) na Região das Américas.

Confira abaixo as principais informações sobre esse tema e sobre o trabalho da OPAS para apoiar os países afetados à medida que fortalecem a vigilância epidemiológica da doença.

O que é o Oropouche?

Oropouche (OROV) é um arbovírus e membro da família Peribunyaviridae. Foi detectado pela primeira vez em 1955, perto do Rio Oropouche em Trinidad, seguido por vários surtos no Brasil no final do século passado. Em 2024, mais de 7.700 casos de OROV foram relatados em cinco países das Américas: Brasil (6.976 casos até meados de 2024), Bolívia, Peru, Cuba e Colômbia (até 23 de julho de 2024).

Como é transmitido?

Oropouche é uma doença transmitida por vetores, principalmente por meio de picadas de um inseto comumente conhecido como maruim (Culicoides paraensis). Também pode ser transmitido pelo Culex quinquefasciatus.

Quais são as manifestações clínicas do Oropouche?

Os sintomas incluem início súbito de febre, dor de cabeça, rigidez nas articulações, dores no corpo e, em alguns casos, fotofobia, diplopia (visão dupla), náusea e vômitos persistentes. Os sintomas podem durar de cinco a sete dias. Raramente, casos graves podem incluir meningite asséptica. A recuperação completa pode levar várias semanas.

As pessoas podem morrer de Oropouche?

A morte por Oropouche é extremamente rara. Em 2024, houve um relato de morte (por meningite) na Bahia e, em 2023, houve um relato de morte (por meningite) em Natal.

O Oropouche pode ser transmitido de mãe grávida para o feto?

Casos suspeitos de transmissão de mãe grávida para o feto foram relatados nas últimas semanas e estão sob investigação. Uma mulher grávida em Pernambuco, Brasil, apresentou sintomas de Oropouche durante a 30ª semana de gestação. Após a confirmação laboratorial do vírus, foi relatado óbito fetal. Um segundo caso suspeito foi relatado no mesmo estado, onde sintomas semelhantes foram observados e resultaram em um aborto espontâneo. A possível transmissão vertical e as consequências no feto ainda estão sob investigação. A OPAS emitiu um alerta em 18 de julho para informar aos países sobre essa possível transmissão e solicitar uma maior vigilância.

Esta é a primeira vez que há transmissão de mãe para filho?

Até o momento, o Brasil é o único país a relatar possíveis casos de transmissão de Oropouche de mãe para feto durante a gravidez. A única observação semelhante anterior foi durante um surto de Oropouche em Manaus entre 1980 e 1981, onde o vírus foi detectado em nove mulheres grávidas e dois abortos.

Como é diagnosticado o Oropouche?

Oropouche é confirmado por exame laboratorial. Atualmente, não existe um teste rápido.

O que devo fazer se achar que tenho Oropouche?

Se você acha que tem sintomas de Oropouche, entre em contato com um profissional de saúde para obter aconselhamento, testes e cuidados médicos.

Existe tratamento para Oropouche?

Atualmente, não existe um tratamento específico para Oropouche. A avaliação por um profissional de saúde é fundamental para o manejo adequado dos sintomas e da evolução da doença. Como Oropouche tem manifestações clínicas semelhantes às do dengue e de outros arbovírus, é importante que os profissionais de saúde considerem diagnósticos diferenciais e tratem os pacientes de acordo.

Como posso prevenir o Oropouche?

Medidas recomendadas incluem proteger as casas com redes de malha fina nas portas e janelas, bem como em camas e móveis onde as pessoas descansam; usar roupas que cubram pernas e braços; aplicar repelentes contendo DEET, IR3535 ou icaridina. Como os maruins são muito menores que os mosquitos, as redes tradicionais para mosquitos não protegem contra suas picadas.

Há risco de isso se tornar um surto maior?

Embora os surtos atuais permaneçam sob investigação, a OPAS aconselhou os países afetados a fortalecerem a vigilância e implementarem medidas de controle de vetores para ajudar a prevenir um aumento adicional nos casos.

Se eu tive Oropouche, posso pegá-lo novamente?

Quatro genótipos de Oropouche foram identificados. A infecção por qualquer genótipo gerará anticorpos para proteger contra reinfecção futura.

Quem está mais em risco de contrair a doença?

Todas as pessoas que vivem em áreas com transmissão de arbovírus, incluindo Oropouche, devem tomar precauções para prevenir picadas de mosquitos e maruins. Isso inclui pessoas com condições preexistentes, idosos, crianças pequenas e mulheres grávidas.

O que a OPAS recomenda para os países que enfrentam surtos?

A OPAS pede aos países que implementem ações de prevenção e controle de vetores, incluindo o fortalecimento da vigilância entomológica, a redução das populações de mosquitos (e outros insetos transmissores) e a educação da população sobre medidas de proteção pessoal. A OPAS também emitiu diretrizes para auxiliar os países na detecção e vigilância do vírus Oropouche em possíveis casos de infecção vertical, malformação congênita e morte.

O que a OPAS está fazendo para enfrentar os surtos atuais?

A OPAS continua fornecendo suporte técnico contínuo aos países afetados para fortalecer sua capacidade de detectar e caracterizar o vírus Oropouche. Isso inclui a distribuição de reagentes para a detecção molecular simultânea e um protocolo que está atualmente disponível em 23 países para facilitar a detecção precoce do vírus. A OPAS também organizou workshops internacionais sobre a vigilância molecular de arbovírus emergentes e reemergentes, incluindo o OROV.