Organizações pedem aos países medidas mais firmes para impedir a disseminação de informações falsas durante pandemia da COVID-19

A infodemia é um excesso de informações, tanto on-line quanto off-line, incluindo informações verdadeiras, informações falsas e desinformação

Nova York, 23 de setembro de 2020 – A Organização Mundial da Saúde (OMS), junto com a com a Organização das Nações Unidas (ONU), agências especializadas e parceiros convocam os países a desenvolver e implementar planos de ação para promover a divulgação oportuna de informações verdadeiras, de base científica, e prevenir a disseminação de informações falsas, respeitando a liberdade de expressão. 

A OMS, ONU, UNICEF, UNAIDS, Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), UNESCO, União Internacional de Telecomunicações (UIT), iniciativa Global Pulse da ONU e Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho (IFRC), juntamente com os governos da Indonésia, Tailândia e Uruguai, realizaram um webinar à margem da 75ª Assembleia Geral da ONU para chamar a atenção aos danos causados pela disseminação de informações falsas e desinformação – sendo esta última, informação deliberadamente falsa com propósito de atender a um interesse específico.
 
“Assim que o vírus se espalhou pelo mundo, mensagens imprecisas e até perigosas se espalharam descontroladamente nas redes sociais, deixando as pessoas confusas, enganadas e mal aconselhadas”, afirmou o secretário-geral da ONU, António Guterres. ”Nossa iniciativa, chamada de ‘Verificado’, está lutando contra a desinformação com a verdade. Trabalhamos com parceiros da imprensa, indivíduos, influenciadores e plataformas de mídia social para divulgar conteúdo que promova a ciência, ofereça soluções e inspire solidariedade. Isso será especialmente importante à medida que trabalhamos para construir a confiança do público na segurança e eficácia das futuras vacinas contra a COVID-19. Precisamos de uma ‘vacina popular’ que seja acessível e disponível para todos ”, comentou.

“As informações falsas e a desinformação colocam a saúde e a vida das pessoas em risco, além de minar a confiança na ciência, nas instituições e nos sistemas de saúde”, disse o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus. “Para combater a pandemia, precisamos de confiança e solidariedade e, quando há desconfiança, há muito menos solidariedade. As informações falsas estão impedindo a resposta à pandemia, portanto, devemos unir forças para combatê-la e promover a divulgação de informações de saúde baseadas na ciência. Os mesmos princípios que se aplicam à resposta à COVID-19 se aplicam ao manejo da infodemia. Precisamos prevenir, detectar e responder a isso, juntos e em solidariedade”, destacou. 

“Além do impacto imediato nas respostas à pandemia, a desinformação está minando a confiança do público nos processos e instituições democráticas e exacerbando as divisões sociais”, disse Achim Steiner, administrador do PNUD. “É um dos desafios de governança mais preocupantes de nosso tempo. O PNUD está colaborando ativamente com os Estados Membros, outras agências da ONU e outros parceiros para encontrar respostas holísticas que respeitem os direitos humanos”, disse.

“A desinformação é um dos desafios de crescimento mais rápido que as crianças enfrentam hoje”, disse Henrietta Fore, diretora executiva do UNICEF. “A desinformação aproveita as brechas de confiança nas sociedades e instituições e as aprofunda ainda mais, mina a confiança na ciência e na medicina e divide as comunidades. Em suas formas mais prejudiciais, como quando convence os pais a não vacinarem os filhos, pode até ser fatal. Como a desinformação é mais um sintoma do que uma doença, combatê-la exige mais do que apenas fornecer a verdade. Também requer confiança entre líderes, comunidades e indivíduos”, comentou.

“Nós podemos vencer a COVID-19 apenas com fatos, ciência e solidariedade comunitária”, disse a diretora executiva da UNAIDS, Winnie Byanyima. “A desinformação perpetua o estigma e a discriminação e não deve impedir que os direitos humanos sejam protegidos e que as pessoas em risco e marginalizadas tenham acesso aos serviços de saúde e proteção social”, destacou.

“Desde o início da pandemia, a UNESCO mobilizou suas redes internacionais de parceiros da imprensa, jornalistas, verificadores de fatos, rádios comunitárias e especialistas, para dar aos cidadãos os meios de lutar contra informações falsas e rumores – fenômenos que foram exacerbados pela pandemia”, comentou Audrey Azoulay, diretora geral da UNESCO. “A mobilização coletiva para promover informação de qualidade e confiável, garantindo estritamente o respeito à liberdade de expressão, é essencial. Uma imprensa livre, independente e pluralista é mais necessária do que nunca”, concluiu.

“A confiança é a base de nosso mundo digital”, disse Houlin Zhao, secretário-geral da União Internacional de Telecomunicações. “Com base na iniciativa de longa data da WHO-ITU BeHe@lthy BeMobile, a ITU tem trabalhado com ministérios nacionais de telecomunicações e saúde e operadoras de rede móvel desde o início desta crise para enviar mensagens de texto às pessoas que podem não ter acesso à internet, com conselhos de saúde sobre a COVID-19 baseados em evidências científicas diretamente em seus telefones celulares”, contou.

A OMS e seus parceiros apelam aos países a se envolverem e ouvirem suas comunidades enquanto desenvolvem seus planos de ação nacionais e a capacitar as comunidades para criar confiança e resiliência contra informações falsas. 

“Envolver as comunidades da forma como elas percebem a doença e a resposta é fundamental para construir confiança e acabar com os surtos”, disse Jagan Chapagain, Secretário Geral da FICV. “Se nossa resposta não refletir as preocupações e percepções das comunidades, não seremos vistos como relevantes ou confiáveis pelas populações afetadas, e a resposta à epidemia corre o risco de falha. Mais do que nunca, os representantes locais estão na vanguarda desta crise. Precisamos reconhecer o papel incrível que eles desempenham em compreender e agir com base no conhecimento local e na opinião da comunidade”, destacou.

Os co-anfitriões também apelaram à imprensa, plataformas de mídia social, líderes da sociedade civil e influenciadores para fortalecer suas ações na disseminação de informações verdadeiras e prevenir a disseminação de informações falsas e desinformação. O acesso a informações precisas e a livre troca de ideias on-line e off-line são fundamentais para permitir respostas de saúde pública eficazes e confiáveis.

“O UN Global Pulse foi criado há uma década dentro do Sistema das Nações Unidas para ser pioneiro no uso de percepções em tempo real e preditivas para proteger comunidades vulneráveis em tempos de crise”, comentou Robert Kirkpatrick, diretor do UN Global Pulse, iniciativa do Secretário das Nações Unidas sobre big data e inteligência artificial (IA). “Durante esta pandemia, vimos um tremendo aumento nas solicitações de análises avançadas do Sistema das Nações Unidas e dos Estados Membros. Continuaremos a trabalhar com a OMS e outros parceiros para ajudar a identificar e combater a desinformação”, concluiu.

Nota aos Editores
A OMS define a infodemia como um excesso de informações, tanto on-line quanto off-line. E isso inclui tanto informações verdadeiras como informações falsas e desinformação.

Em maio de 2020, os Estados Membros da OMS aprovaram a Resolução WHA73.1 sobre a resposta à COVID-19 na Assembleia Mundial da Saúde. A Resolução reconhece que o manejo da infodemia é uma parte fundamental do controle da pandemia de COVID-19: ela prevê que os Estados Membros forneçam conteúdo confiável sobre a COVID-19, tomem medidas para combater as informações falsas e a desinformação utilizando as tecnologias digitais em toda a resposta. A resolução também apela às organizações internacionais para que abordem o tema das informações falsas e desinformação na esfera digital, apoiem o fornecimento de dados científicos ao público e trabalhem para prevenir atividades cibernéticas que prejudiquem a resposta da saúde.