Wolbachia contra a dengue: OPAS faz acompanhamento técnico, do início ao encerramento, de projetos em Campo Grande e Petrolina

soltura dos mosquitos
WMP Brasil/Fiocruz/Flávio Carvalho
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Brasília, 18 de julho de 2024 – Quatro anos após o início dos projetos, os municípios de Campo Grande e Petrolina, no Brasil, encerraram a soltura dos mosquitos Aedes aegypti com a bactéria Wolbachia (wolbitos) para combate à dengue, chikungunya e zika. A iniciativa faz parte de um projeto iniciado em 2020, conduzido pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e o World Mosquito Program (WMP), com financiamento do Ministério da Saúde, em parceria com os governos locais, e acompanhamento técnico da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS). 

Atualmente, além de Campo Grande (MS) e Petrolina (PE), o Método Wolbachia está presente em parte do Rio de Janeiro (RJ), Niterói (RJ), e parte de Belo Horizonte (MG). Seis novos municípios estão em fase de implementação: Foz do Iguaçu (PR), Londrina (PR) e Joinville (SC), Uberlândia (MG), Presidente Prudente (SP) e Natal (RN).

A liberação de mosquitos Aedes aegypti com a bactéria Wolbachia no meio ambiente é uma técnica que tem sido implementada por diversos países para impedir que o vírus da dengue, zika e chikungunya se desenvolvam no inseto, contribuindo para a redução destas doenças. A Wolbachia é um microrganismo presente em cerca de 60% dos insetos na natureza, mas ausente no Aedes aegypti. Uma vez inserida artificialmente em ovos de Aedes aegypti, a capacidade do Aedes transmitir os vírus fica reduzida. Com a liberação de mosquitos com a Wolbachia, a tendência é que esses mosquitos se tornem predominantes, diminuindo o número de casos associados a essas doenças.

Para a implementação do método, Campo Grande e Petrolina instalaram unidades de amplificação em cada município para a distribuição desses mosquitos.


Campo Grande

Desde o início do projeto na capital do Mato Grosso do Sul, cerca de 500 agentes foram capacitados para dialogar com a população, esclarecer dúvidas e apresentar o funcionamento do método. As estimativas apontam que foram alcançadas mais de 900 mil pessoas em Campo Grande em uma área de 339 km².

Para resultados mais contundentes, a prefeitura e o governo do Mato Grosso do Sul vão monitorar o método Wolbachia pelos próximos dois anos.

Saiba mais sobre a implementação do projeto no município

Petrolina

A liberação de Aedes aegypti com Wolbachia em Petrolina se deu por meio dos dispositivos de liberação de ovos, as chamadas Casas do Wolbito e começou nas comunidades de Antônio Cassimiro, Cosme e Damião, Dom Avelar, Jardim São Paulo, João de Deus, São Gonçalo, Novo Tempo e Pedra Linda e seus arredores.

Os mosquitos foram liberados semanalmente pela equipe municipal, acompanhada por um membro da equipe local do WMP. Um total de 217.469 pessoas participaram de atividades comunitárias organizadas pelo WMP e por equipes municipais.

Desde então, as estimativas apontam que foram alcançadas mais de 300 mil pessoas em Petrolina em uma área de 105 km².

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Niterói

O município de Niterói foi pioneiro no país no uso da Wolbachia para a prevenção de arboviroses e, em 2023, se tornou a primeira cidade brasileira com 100% do território coberto pelo método Wolbachia. Neste município o trabalho foi iniciado em 2015 com uma ação piloto em Jurujuba e em 2017 começou uma expansão com o método chegando a 33 bairros das regiões das praias da Baía e Oceânicas.

Em 2019, a OPAS fez uma avaliação externa do Método Wolbachia  em Niterói, utilizando o guia "Avaliação das estratégias inovadoras para o controle de Aedes aegypti: desafios para a introdução e avaliação do impacto dessas.  A análise apontou que a técnica contribuiu para uma redução no número de casos de chikungunya em 75%, quando comparadas as áreas do município onde foi feita a liberação de mosquitos com as que não fizeram. A equipe da OPAS também constatou que o projeto foi bem aceito pela população, gestores públicos e membros da comunidade.

Além disso, na 13ª reunião do Grupo Consultivo de Controle de Vetores (VCAG) da Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2020, foi destacado que estudos conduzidos pelo Programa Mundial de Mosquitos (WMP) demonstraram a redução da capacidade do Aedes aegypti de transmitir o vírus da dengue. Em 2021, dados revelaram a eficácia da proteção com uma redução de cerca de 70% dos casos de dengue, 60% de chikungunya e 40% de zika nas áreas onde houve a intervenção entomológica. Naquele período, 75 % do território estava coberto.

Mesmo com os desafios impostos pela pandemia da COVID-19, o trabalho seguiu com o monitoramento e a triagem dos mosquitos. Na fase de finalização, os mosquitos com a Wolbachia foram liberados em 19 bairros localizados na área da região Norte que ainda não estava coberta, na região de Pendotiba e na região Leste.

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